Lei de Incentivo no esporte gaúcho gera mudança nacional
Foto: Abelardo Mendes JrThursday, 18 January 2018
Sogipa garante suporte a cerca de 50 atletas de atletismo e judô e atrai atletas que até então preferiam treinar em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais
A judoca Érika Miranda encerrou o ano de 2016 desacreditada. A brasiliense, então com 29 anos, chegou aos Jogos Olímpicos do Rio como favorita na categoria até 52kg por ter alcançado o pódio em todos os campeonatos mundiais do ciclo. Não demorou para que a esperança virasse frustação. Érika caiu nas quartas de final, ganhou fôlego na repescagem, mas perdeu o bronze no golden score para a tricampeã mundial Misato Nakamura, do Japão. O sonho da medalha olímpica teve de ser adiado por mais quatro anos e a incerteza do futuro deixou a judoca momentaneamente sem direção.
Depois de defender diferentes clubes pelo país, Érika percebeu que era o momento de uma nova mudança. Decidiu recomeçar. Foi na direção oposta de muitos atletas de alto rendimento que saem das suas cidades para buscar evolução em centros tradicionais do país, como Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Érika preferiu trocar a capital fluminense pelo Sul do país para integrar uma das principais equipes da modalidade: o clube gaúcho Sogipa (Sociedade de Ginástica Porto Alegre).
A judoca mora e treina em Porto Alegre desde o início de 2017. Os resultados da última temporada mostraram que as mudanças fizeram bem para Érika. Aos 30 anos, ela conquistou um bronze no Campeonato Mundial de Budapeste, na Hungria, e terminou o ano no primeiro lugar no ranking internacional.
"Eu estava muito perdida no fim de 2016. Bateu aquela dúvida de qual rumo tomar na vida. Conversei com a minha família para decidir qual destino tomar, e foi quando surgiu a possibilidade de vir para a Sogipa. Nunca tinha treinado aqui, mas tinha boas amizades, companheiros de seleção e de vida. Quando cheguei, tinha me esquecido como era treinar com pessoas com o mesmo objetivo", revelou Érika, que conquistou medalha nos últimos quatro Mundiais de judô (prata em 2013, bronze em 2014, 2015, e 2017), sendo a única atleta da categoria a conseguir o feito.
"Estou feliz e com as energias totalmente recarregadas. O diferencial é que todo mundo se ajuda na Sogipa, além de ter um treino muito forte e intenso. Todo treino é uma competição, ninguém quer perder. Eu morava no Rio e era a minha própria equipe, praticamente. A mudança foi boa e refletiu nos tatames, além de reacender a chama da motivação", acrescentou a atleta beneficiária do programa Bolsa Pódio, do Ministério do Esporte.
A ida da judoca para o clube gaúcho foi viabilizada graças ao Projeto Olímpico da agremiação. Atualmente, a Sogipa conta com equipes de alto rendimento em dois esportes: judô e atletismo. São cerca de 50 atletas atendidos. Os recursos, captados por meio de projeto aprovado pela Lei de Incentivo ao Esporte, garantem aos atletas uma dedicação integral para buscar resultados nacionais e internacionais.
Segundo o gerente de Esportes da Sogipa, Alberto Molnar, o ponto de virada no esporte de alto rendimento dentro do clube veio com os projetos desenvolvidos por meio de recursos captados pelo mecanismo legal. Atualmente, o Projeto Olímpico é a prioridade da agremiação gaúcha.
"A Lei de Incentivo ao Esporte evita que os nossos atletas tenham de ir embora. Como a gente não tem uma cultura empresarial aqui, é difícil manter os atletas no Rio Grande do Sul. Era normal vê-los irem para Rio, São Paulo ou Minas, onde está o grande volume de recursos e que tem a cultura competitiva. Hoje, a gente está conseguindo manter os atletas, além de trazer grandes nomes do esporte, garantindo medalhas em mundiais e em campeonatos internacionais", explicou Molnar.
A equipe de judô da Sogipa conta com 12 atletas que fazem parte da seleção nacional 2018, incluindo a bicampeã mundial Mayra Aguiar, o medalhista olímpico Felipe Kitadai e Maria Portela. Na última temporada, a equipe conquistou 41 medalhas em competições internacionais.