Brasileiros mostram desinteresse às vésperas da Copa

Brasileiros mostram desinteresse às vésperas da Copa
Foto: Reprodução

Monday, 28 May 2018

O que já foi o evento mais esperado pelos brasileiros parece ter se tornado um coadjuvante, inclusive, em comparação a outros esportes.

A três semanas do pontapé inicial da Copa do Mundo da Rússia-2018, os torcedores brasileiros mostram um desinteresse incomum pelo maior evento do futebol mundial.

A seleção se classificou com folga nas eliminatórias e é vista como favorita para conquistar um sexto título, mas, nas ruas do país, o entusiasmo ainda não apareceu.

Os vendedores de suvenires afirmam que o negócio anda mal das pernas, enquanto os jornais se mostram obcecados pelo estado de saúde do astro Neymar e o fantasma do '7-1' ainda assombra a mente da população.

Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto Paraná, os brasileiros se dizem otimistas com a Copa, que será disputada entre 14 de junho e 15 de julho, na Rússia.

Dois terços acreditam que a seleção é favorita ao título e 35% acham que Neymar será o melhor jogador da Copa, superando os 30% que opinam que este reconhecimento será dado ao português Cristiano Ronaldo.

O problema, segundo a pesquisa, é que isso parece importar pouco aos brasileiros, já que 66% dos entrevistados afirmaram ter pouco ou nenhum interesse na Copa, enquanto 14,5% não sabem nem onde será disputada a competição.

"Não há o mesmo nível de entusiasmo de antes", admite o motorista Serafim Fernandes, enquanto faz compras no Saara, comércio popular no centro do Rio, repleto de produtos que fazem menção ao futebol.

Fernandes, 62 anos, responsabilizou a crise econômica que o país atravessa pela falta de entusiasmo da população, aliada aos escândalos de corrupção que envolvem a elite política do país.

"As pessoas estão sofrendo", lamenta.

Estraga-prazeres

Há quatro anos, quando o Brasil sediou a Copa do Mundo, a tradição das ruas e paredes pintadas de verde e amarelo tomou conta de todo o país. Hoje, a ausência de decoração das ruas com bandeiras e murais chama a atenção.

Na Tijuca, zona norte do Rio, o Alzirão, tradicional ponto de encontro da festa de rua temática da Copa do Mundo, está ameaçado. Este grande festival é preparado com bastante antecedência e convoca milhares de pessoas. Este ano, perdeu seu patrocinador, a gigante do ramo de bebidas AmBev, e não dá sinais de vida. "Estamos lutando para viabilizar o evento após a decepcionante atitude da AmBev,", justificaram os organizadores em comunicado.

Em uma das várias lojas que vendem camisas da seleção no Rio, o vendedor Paulo Santos Silva afirma que prefere ter cautela na hora de encomendar produtos relacionados à Copa.

"Antes, podia encomendar 5.000 camisas, sabendo que seriam vendidas. Agora, você corre o risco de terminar com produtos sem vender, então compro 100 e vendo, compro mais 100 e, se vencermos um jogo, compro 200", explica.

Silva, 60 anos, garante que a desaceleração econômica não é o único ponto assustador. Também pesa a "vergonhosa" eliminação da Copa de 2014, o famigerado '7-1' diante da Alemanha. "Está gravado na memória dos brasileiros", diz entristecido.


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Redação

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