O que a primeira rodada mostrou sobre a Copa do Mundo na Rússia?

O que a primeira rodada mostrou sobre a Copa do Mundo na Rússia?
Foto: André Mourão

Wednesday, 20 June 2018

Mais pênaltis, mas menos gols que em 2014 e dificuldade de campeões marcam início do Mundial.

Fim da primeira rodada da fase de grupos da Copa do Mundo, é chegado o momento de reunir os números e traçar alguns paralelos. E numa rápida análise chegamos à conclusão de que, até aqui, trata-se do Mundial dos pênaltis. Nove foram marcados – e sete convertidos – nos 16 jogos realizados desde a última quinta-feira.

Já é um número próximo de toda a última Copa, em 2014, com 12 gols de pênalti em 13 cobranças – excluindo, é claro, as disputas de penalidades no mata-mata.

E, sim, o árbitro de vídeo (VAR) teve o seu papel de importância ao ser decisivo na marcação de três deles: Griezmann (França), Cueva (Peru) e Granqvist (Suécia). Veja a lista completa abaixo:

  • Griezmann (França)
  • Jedinak (Austrália)
  • Cristiano Ronaldo (Portugal)
  • Modric (Croácia)
  • Granqvist (Suécia)
  • Sassi (Tunísia)
  • Kagawa (Japão)
  • Messi (Argentina) – desperdiçado
  • Cueva (Peru) – desperdiçado

Se ampliarmos a discussão para gols de bola parada, as estatísticas são impressionantes: 21 dos 38 gols (55%) foram originados ou de pênalti, falta direta ou indireta ou escanteio.

Aqui, Cristiano Ronaldo contribuiu bastante, com um gol de pênalti e falta no empate por 3 a 3 com a Espanha. O craque português foi o único a marcar três vezes na rodada de abertura e já lidera a corrida pela Chuteira de Ouro. Cheryshev (Rússia), Lukaku (Bélgica) e Kane (Inglaterra) têm dois cada.

O que não significa que a média de gols seja excelente. Os 2,37 gols por jogo ainda estão abaixo das edições de 2014 (2,67) e 2002 (2,52), só para ficar restrito a este século. Tanto que o resultado mais comum até o momento foi o 1 a 0 – repetido cinco vezes.

Estatísticas

Outras estatísticas curiosas retiradas do perfil Opta:

Os quatro gols de falta direta (Golovin, Cristiano Ronaldo, Kolarov e Quintero) já superaram os três gols de falta marcados em toda a Copa de 2014.
Essa é a terceira Copa consecutiva que o atual campeão não vence na estreia. A Itália empatou com o Paraguai em 2010 (1 a 1), a Espanha perdeu para a Holanda em 2014 (5 a 1) e a Alemanha perdeu para o México em 2018 (1 a 0).
O mexicano Rafa Márquez igualou o recorde de Antonio Carbajal (México) e Lothar Matthäus (Alemanha) com a sua quinta aparição em Copas do Mundo. Buffon poderia ter chegado à sexta, mas não conseguiu se classificar com a Itália.
Os quatro gols contra marcados (Cionek, Etebo, Behich e Bouhaddouz) igualaram a terceira maior marca em Copas. Falta pouco para alcançar os cinco de 2014 e seis de 1998.

A Fifa também computou diversos dados da estreia de todas as seleções. Nós separamos os líderes de algumas categorias abaixo:

  • Posse de bola - Argentina: 73%
  • Faltas cometidas - Coreia do Sul: 23 / Jogador mais faltoso: Golovin (Rússia), 7
  • Faltas sofridas - Suécia: 23 / Jogador que mais sofreu faltas: Neymar (Brasil), 10
  • Dribles - Messi (Argentina): 7
  • Defesas - Ochoa (México): 9
  • Distância média percorrida - Rússia: 11,43 km / Jogador com maior distância: Golovin (Rússia), 12,7 km
  • Passes certos - Espanha: 677 / Jogador com mais passes certos: Mascherano (Argentina), 131
  • Cruzamentos - Alemanha: 32
  • Finalizações - Argentina: 26 / Jogador: Messi (Argentina), 11
  • Finalizações no alvo - Alemanha: 9
  • Finalizações para fora - Argentina, Brasil e Alemanha: 8
  • Gols - Rússia: 5 / Artilheiro: Cristiano Ronaldo (Portugal), 3
  • Assistências - Golovin (Rússia): 2
  • Cartões amarelos - Panamá: 5

Público

A presença de torcida até o momento é bastante satisfatória, com apenas Uruguai 1 x 0 Egito abaixo da casa dos 30 mil. A média é de 46.422, acima de 2002 (42.269), mas abaixo dos últimos três Mundiais – o mata-mata se encarregará de aproximar os números.

  • Rússia 5 x 0 Arábia Saudita: 78.011
  • Egito 0 x 1 Uruguai: 27.015
  • Marrocos 0 x 1 Irã: 62.548
  • Portugal 3 x 3 Espanha: 43.866
  • França 2 x 1 Austrália: 41.279
  • Argentina 1 x 1 Islândia: 44.190
  • Peru 0 x 1 Dinamarca: 40.502
  • Croácia 2 x 0 Nigéria: 31.136
  • Costa Rica 0 x 1 Sérvia: 41.432
  • Alemanha 0 x 1 México: 78.011
  • Brasil 1 x 1 Suíça: 43.109
  • Suécia 1 x 0 Coreia do Sul: 42.300
  • Bélgica 3 x 0 Panamá: 43.257
  • Tunísia 1 x 2 Inglaterra: 41.064
  • Colômbia 1 x 2 Japão: 40.842
  • Polônia 1 x 2 Senegal: 44.190

Opinião: times grandes sofrem, bolas paradas são destaque

A primeira rodada da Copa foi marcada pelo sofrimento dos times grandes. A Alemanha perdeu, Brasil e Argentina empataram, Uruguai, França e Inglaterra sofreram bastante. Sabe aquela história de que "não existe mais bobo no futebol"? Pois bem, a organização das defesas foi impressionante. A Islândia conseguiu anular Messi com linhas muito próximas. O México usou de contra-ataques muito potentes contra os atuais campeões. As defesas vêm prevalecendo ao ataque porque "entregam" a bola ao time grande e colocam até 10 jogadores próximos da área. Parece até handebol.

A dificuldade fez uma protagonista peculiar aparecer na Rússia: a bola parada. Responsável pelo empate da Suíça contra o Brasil, os gols de escanteio, pênalti e cobrança de falta estão cada vez mais frequentes. Só no jogo entre Japão e Colômbia, 3 gols saíram assim. É uma arma para furar essas retrancas fechadas e aproveitar os momentos de ataque ao máximo. Talvez o único momento da partida onde a defesa não está tão fechada.

Mas nem por isso o jogo está chato. A primeira rodada foi repleta de partidas divertidas, como a goleada na estreia, o clássico entre Portugal e Espanha e alguns resultados sofridos, conquistados no fim, cheios de emoção. Se os gols não saem com a bola rolando, todas as seleções tentam atacar e defender com organização, o que torna o jogo mais fluído, sem tantas faltas.


>> SOBRE O AUTOR

Redação

>> COMPARTILHE