Com skate e caratê pela primeira vez na lista, Bolsa Pódio contempla 127 atletas

Com skate e caratê pela primeira vez na lista, Bolsa Pódio contempla 127 atletas
Foto: Divulgação

Monday, 13 August 2018

Se em novas modalidades o Brasil tem a chance de embarcar para Tóquio com expectativas de um bom desempenho, o mesmo vale para provas em que o país tem retrospecto de resultados favoráveis.

Nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020, o Brasil terá a chance de disputar medalhas em novas modalidades que agora fazem parte do programa do megaevento. Duas delas já figuram na nova lista da Bolsa Pódio, publicada no Diário Oficial desta sexta-feira (10.08). São 11 representantes do skate e quatro do caratê beneficiados pelo recurso, na relação que contempla, ao todo, 127 atletas. O investimento anual é de cerca de R$ 14,9 milhões.

Além das duas novas modalidades olímpicas, a primeira lista deste ano contempla ainda atletas de atletismo (13 nomes), boxe (2), ciclismo (2), canoagem (10), maratona aquática (5), nado artístico (2), natação (9), ginástica artística (6), judô (17), tênis (2), tiro esportivo (3), taekwondo (8), tênis de mesa (1), vôlei de praia (18), vela (9) e wrestling (5). A lista dos atletas paralímpicos está em fase final de avaliação e será publicada em breve. Além disso, outros 64 atletas ainda recebem recursos do edital anterior.

Entre os nomes estão medalhistas olímpicos como Mayra Aguiar, Rafaela Silva e Rafael Silva, o Baby, todos do judô. Na ginástica artística o campeão olímpico Arthur Zanetti e Flávia Saraiva estão entre os contemplados. Na canoagem, os destaques brasileiros na Rio 2016 Isaquias Queiroz e Erlon de Souza. Há espaço, também, para atletas que vêm em grande fase no cenário internacional, caso de Hugo Calderano, nono do mundo no tênis de mesa.

Confira aqui a lista completa dos contemplados pela Bolsa Pódio

Para o atleta Douglas Brose, do caratê, o benefício terá relevância especial diante da entrada da modalidade no programa olímpico. "As etapas da Liga Mundial são, a maioria, na Europa e na Ásia, então isso demanda um custo alto. Temos uma média de 13 a 15 eventos por ano", contabiliza. "Esse recurso vai nos permitir participar de todas as etapas. Em 2017, pude ir a apenas três. Agora é um problema a menos, vai ser mais fácil", afirma o atleta de 32 anos, praticante da modalidade desde os sete.

Douglas é bicampeão mundial (2010 e 2014), foi prata no Mundial de 2012 e bronze em 2008. O brasileiro, morador de Florianópolis (SC), foi ainda ouro nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, em 2015, e bronze nas edições de Guadalajara, em 2011, e do Rio de Janeiro, em 2007. Nos últimos anos, tem constantemente liderado o ranking mundial da categoria -60kg (kumite).

Atualmente, Douglas figura em terceiro lugar no ranking da Federação Internacional de Caratê (WKF, na sigla em inglês). Uma lesão no pé esquerdo durante a semifinal dos Jogos Sul-Americanos de Cochabamba, na Bolívia, em maio, o deixou de fora do Pan-Americano do mês seguinte, que contaria pontos para a listagem. "Agora estou em reabilitação. Ficarei pronto para voltar a competir nas próximas semanas", avisa o atleta, que, em setembro, deve retomar as disputas de etapas da Liga Mundial, de olho em pontos para a classificação olímpica.

"É meu foco principal. Eu durmo e acordo pensando nisso. Estou fazendo de tudo para conseguir ir para lá. O recurso da Bolsa Pódio vai ser essencial não só para participar dos eventos, mas para me cercar dos melhores profissionais, para preparação física, médica, de fisioterapia, nutricional e psicológica", comenta Douglas. "Agora é continuar com as melhores expectativas para não apenas participar, mas, sim, brigar pela medalha de ouro", planeja.

O caratê estreia nos Jogos Olímpicos em 2020. Douglas Brose, atual terceiro do mundo, é uma das esperanças de pódio para o Brasil. Foto: Sergio Dutti/Exemplus/COB

Rotina e constância

Também comemorando a entrada de sua modalidade no programa olímpico, Letícia Bufoni, do skate, acredita que a Bolsa Pódio será um importante auxílio no caminho rumo a Tóquio 2020. "Saber que o país está dando suporte aos melhores atletas do Brasil é gratificante", considera. "Já estou com uma preparação focada e traçada até as Olimpíadas. É claro que atletas de alto rendimento como eu têm uma constância na rotina, pois estamos competindo o ano todo, mas eu e minha equipe estamos fazendo ajustes para que eu possa chegar em 2020 no meu mais alto nível possível", explica a atleta de 25 anos.

Letícia começou no esporte aos nove anos. "A partir daí, fui evoluindo. Aos 14, quando fui competir em Los Angeles, surgiu a oportunidade de morar nos Estados Unidos, o que para mim era a grande chance de me profissionalizar", conta a dona de sete medalhas nos X-Games, sendo três de ouro, e campeã mundial da Street League Skateboarding (SLS).

Nesta semana, a brasileira disputa o Marisquiño, em Vigo, na Espanha, antes de seguir para os X-Games em Sydney, na Austrália, em outubro. Já em novembro, virá ao Brasil para competir no STU Open, no Rio de Janeiro.

Impulso para a tradição

Se em novas modalidades o Brasil tem a chance de embarcar para Tóquio com expectativas de um bom desempenho, o mesmo vale para provas em que o país tem retrospecto de resultados favoráveis. Na lista da Bolsa Pódio desta sexta-feira são contemplados atletas de modalidades que, a cada edição, sempre colocam representantes nacionais no pódio dos Jogos, como no judô, na vela e no vôlei de praia.

Outra tradição que o Brasil tem é na prova do salto triplo do atletismo. Ainda nos anos 1950, Adhemar Ferreira da Silva foi o primeiro bicampeão olímpico do país (ouro em Helsinque 1952 e em Melbourne 1956). Depois dele, Nelson Prudêncio (prata na Cidade do México 1968 e bronze em Munique 1972) e João do Pulo (bronze em Montreal 1976 e em Moscou 1980) conquistaram medalhas olímpicas na mesma prova.

Se depender da vontade do jovem Almir Júnior, de 24 anos, o histórico não será esquecido. "Isso me inspira e me motiva, me dá vontade de seguir e escrever meu nome ao lado deles. Eles foram meu espelho quando comecei", conta, sem sentir qualquer cobrança por resultados. "Não encaro como pressão o fato de ser apontado como chance de medalha. Chegar bem lá vai depender do meu trabalho. Tenho o objetivo de me dedicar muito até 2020, para realmente chegar bem e brigar por uma medalha", projeta.

Nesse caminho, Almir também contará com o apoio da Bolsa Pódio a partir de agora. "Esse recurso nos dá tranquilidade para trabalhar e seguir com foco nos objetivos", acredita. "Ele acaba excedendo o treinamento e ajudando na parte de fisioterapia, medicina, alimentação. É um auxílio dentro e fora da pista", destaca.

Nos Jogos Sul-Americanos de Cochabamba, na Bolívia, Almir sentiu dores na parte inferior do pé durantes os treinos e acabou de fora da competição para se poupar. Em recuperação, o atleta agora se prepara para voltar às competições do calendário do ano, como o Troféu Brasil, em São Paulo, o Ibero-Americano, no Peru, e a Copa Intercontinental, na República Tcheca. Em 2019, o foco estará no Mundial de pista aberta e nos Jogos Pan-Americanos, mas sempre com o objetivo de conseguir a classificação para o Japão.

"Desde o início deste novo ciclo olímpico, meu objetivo principal sempre tem sido Tóquio. Por isso temos trabalhado com tranquilidade. Os resultados vêm aparecendo, mas sem acelerar o processo. Queremos estar bem em 2020, e cada ano vai ser de aprendizado e evolução", planeja Almir, apoiado também pelo Projeto Olímpico da Marinha.

Almir é hoje o segundo melhor do mundo indoor pelo ranking da IAAF, tendo faturado a medalha de prata no Mundial Indoor da Inglaterra ao saltar 17,41m. Em maio, registrou 17.53, no Meeting Internacional de Guadalupe. Além disso, foi medalhista de bronze em sua primeira participação na Diamond League.

Para o técnico dele, José Haroldo, o Arataca, a conquista da Bolsa Pódio será um novo marco na carreira do jovem. "O atleta cresce a cada ano com meios e métodos de trabalho. Método é tudo aquilo que ele pode evoluir com conhecimento da área, é uma nova forma de treinar ou um exercício novo. Os meios de trabalho são um camping com treinador estrangeiro, uma condição melhor de moradia, de material de treinamento, uma competição à qual não tinha acesso ou o acompanhamento de profissionais que ele não teria se não pudesse pagar", explica Arataca. "O valor da Bolsa Pódio é um dos poucos recursos que chega pontualmente ao atleta. É um divisor de águas para o alto rendimento do Brasil", ressalta o treinador.


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Redação

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