Fórmula 1 prepara temporada 2020 evitando Covid-19

Monday, 29 June 2020
Campeonato começa no próximo domingo, na Áustria, sob regulamentos bastante estritos que visam a reduzir chances de contágio do Covid-19 nos paddocks pelo mundo.
Após quase quatro meses de espera, a temporada atual da Fórmula 1 será finalmente iniciada com o GP da Áustria, no próximo domingo, dia 5 de julho. No entanto, após o cancelamento do GP da Austrália quando equipes e pilotos já estavam em Melbourne, a categoria encontra um mundo completamente diferente do que existia em março. Sob o "novo normal", foram adotadas determinações que têm objetivo de mitigar as chances de transmissão do coronavírus entre os integrantes das equipes.
Entre máscaras, higienizadores de mãos e distanciamento social, a F1 realizará as primeiras oito etapas do campeonato na Europa: Além da Áustria, as provas seguintes serão disputadas nas pistas de Hungaroring, Silverstone, Barcelona, Spa-Francorchamps e Monza. Segundo a categoria, o regulamento está sendo supervisionado tanto pela Organização Mundial da Saúde (OMS) quanto pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), e pode variar de acordo com as leis de cada país. Confira, abaixo, as medidas tomadas pela F1 para o começo seguro da temporada:
Atestado de saúde e testes frequentes
Para dar início aos protocolos, será necessário que todos os envolvidos possuam atestados que garantam bom estado de saúde. A partir daí, cada indivíduo será testado para o coronavírus pelo método PCR quatro dias antes de viajar para a Áustria. Como o circuito de Spielberg receberá duas corridas, estendendo a permanência de pilotos e equipes, os testes serão repetidos, pelo menos, a cada cinco dias.
Aplicativo e "bolha" dentro da "bolha"
A Fórmula 1 pretende criar uma espécie de "biosfera" segura, garantindo ainda que todos os envolvidos com a realização das provas estejam em isolamento antes de viajarem. Lá, a categoria pretende criar um aplicativo que possibilitará a monitoração do contato a menos de um metro entre funcionários no ambiente. Para reforçar a segurança, as escuderias ainda devem criar "bolhas internas" para que, no caso de algum resultado positivo, o contato com o indivíduo seja o menor possível. A medida, porém, não é obrigatória, e segue em análise para que não afete as operações das escuderias. As refeições também ser realizadas de forma compartilhada, porém, funcionários não poderão ter contato com equipes rivais.
Sem motorhome e cuidado nas pistas
De olho no espaço mais amplo já oferecido na estrutura dos autódromos, a F1 deve abandonar os tradicionais motorhomes das equipes, já que o ambiente não possibilitaria um controle mais adequado das medidas de distanciamento e segurança em prevenção a Covid-19. Nas garagens, alguns procedimentos podem demandar que apenas um mecânico por vez se aproxime do carro, o que, em alguns casos, pode fazer com que o piloto perca uma sessão durante o fim de semana. Por isso, será importante que os pilotos evitem colisões ou acidentes sérios que demandem mais atenção e uma equipe de trabalho maior que o permitido.
Portões fechados e convidados selecionados
Pela primeira vez em seus 70 anos, a Fórmula 1 sediará corridas sem a presença de torcedores, evitando aglomerações que possam provocar novos contágios do coronavírus. A medida é uma tendência nas modalidades esportivas que já retornaram em meio à pandemia, como a Nascar e a Fórmula Indy, nos Estados Unidos (que já começaram a receber público), e campeonatos de futebol na Alemanha, Inglaterra, Itália e Espanha. Com a realização dos eventos com portões fechados, a F1 pretende reduzir o número de convidados para cada grande prêmio, selecionando metodicamente os que poderão se juntar à biosfera.
Limite de funcionários
Além da ausência de torcedores, os autódromos também estarão mais vazios devido à restrição da quantidade de funcionários por equipe. Cada uma poderá enviar até 80 colaboradores para cada grande prêmio, dos quais no máximo 60 terão permissão para a operação dos carros. A medida afeta o quadro de funcionários envolvidos nas atividades dos centros de hospitalidade, do marketing e da comunicação, além da segurança e do transporte. Do total, apenas 40 funcionários terão permissão para as atividades no grid. O número foi definido pela Comissão Médica da Federação Internacional de Automobilismo (FIA). De igual modo, a mídia também terá contato reduzido com pilotos e equipes no circuito.
Sem festa no pódio e largada dos boxes
Os dias de abraço, cumprimentos e chuva de champanhe ficarão para trás na Fórmula 1, pelo menos em 2020. Para aderir ao distanciamento social, a categoria não vai mais realizar a tradicional comemoração no pódio após as corridas. Uma alternativa é que os pilotos alinhem os carros na pista e permaneçam ao lado dos bólidos. A apresentação dos troféus, que conta com a presença de convidados e figuras políticas locais, também não ocorrerá neste ano. O tempo de cerimônias pré e pós-corridas também deve ser encurtado, com isso, a saída dos pits fechará 20 minutos antes da largada, e uma largada direto dos boxes é considerada caso o contato no grid seja considerado de alto risco.
Comissários à distância e coletivas virtuais
As salas onde comissários das provas ficarão nos GPs devem ser espaçosas e contar com mesas que possibilitem a distância mínima de segurança. Caso seja necessário que eles se encontrem com pilotos ou representantes das equipes, todos devem estar trajando equipamentos de proteção. As coletivas oficiais, por sua vez, têm duas opções para serem promovidas de forma segura: ao ar livre, respeitando-se o distanciamento social, ou por videoconferência. Da mesma forma, comissários que enfrentem problemas logísticos devido às regras de viagem impostas nos países também poderão trabalhar remotamente.
Mascotes por vídeo e fim de desfiles dos pilotos
Outra prática dentro das corridas não fará parte do retorno da temporada da F1. Os "mascotes", pilotos mirins que integram o programa FIA Futuras Estrelas, deixarão de participar presencialmente dos eventos e farão aparições de casa, através de vídeos onde usarão os uniformes enviados pela FIA. A parada dos pilotos, que desfilam pelo circuito em caminhões cumprimentando o público, também não será realizada em 2020. A prática será substituída por entrevistas individuais em cada garagem. O hino nacional, cerimônia de pré-corrida, também não poderá ser entoado sem o distanciamento seguro.
Horas-extras
Com a redução no número de funcionários por equipe, a tendência é que o trabalho em cada box se acumule e aumente. Com o intuito de evitar prejuízo na operação para as corridas, os times poderão trabalhar por até uma hora a mais na quinta e na sexta-feira. Além disso, o tempo no qual as equipes são proibidas de mexerem nos carros ou de entrarem nas garagens será reduzido de nove para oito horas.
Tipos de pneus pré-definidos
A pandemia e a adesão às normas de segurança também afetaram fornecedoras da F1, como a Pirelli, fabricante dos pneus utilizados pelas equipes. O novo protocolo da categoria determina que as equipes não poderão mais escolher os tipos de pneus a serem levados para cada prova, recebendo, no lugar, dois jogos dos pneus duros, três dos médios, e oito dos macios. Os tipos de pneus também devem ser anunciados pela fabricante a, pelo menos, duas semanas de cada corrida. O uso dos jogos extras na segunda sessão de treinos livres passará a ser no início da prática, em vez de nos 30 minutos finais. Os pneus também devem ser ajustados aos carros cinco minutos antes das provas.