Capoeirista se rende ao jiu-jítsu e se torna multicampeã

Capoeirista se rende ao jiu-jítsu e se torna multicampeã
Foto: Divulgação

Tuesday, 09 February 2021

Mara Azevedo treina há cinco anos e é faixa roxa da arte marcial em que já foi campeã brasileira e sul-americana, entre as conquistas.

Capoeirista há 25 anos e natural de Juiz de Fora, Jossimara Azevedo Braga, 38, é formada em Educação Física e se apaixonou pelo jiu-jítsu. Moradora do Bairro de Lourdes, Zona Sudeste da cidade, a atleta Mara Azevedo (Change Idiomas/SSoccer), como é popularmente chamada, conheceu a arte marcial em 2016 e desde então coleciona medalhas pelas competições em que participou.

Atualmente faixa roxa, Mara não se simpatizava com o jiu-jítsu e começou através do convite de seu atual mestre, Paulo Borracha. “Minha paixão pelo jiu-jítsu surgiu quando eu competi pela primeira vez. A minha escola de capoeira foi para a academia em que meu mestre dava aula, e ele começou a me chamar para treinar”, conta. “Eu, particularmente, não gostava de jiu-jítsu. Mas resolvi tentar e quando eu competi, me apaixonei. Eu gosto muito de me desafiar, foi onde eu aprendi a superar meus medos e limites”, destaca a atleta.

Atleta da Alliance JF, Mara começou a participar das competições no mesmo ano em que começou a treinar. Em 2016, iniciou sua trajetória e disputou a Copa Budô JF – campeonato tradicional da cidade. Desde então, nunca mais se afastou dos tatames e decidiu colocar o jiu-jítsu como prioridade em sua vida. Ela, que trabalhava com seu pai no comércio, resolveu se dedicar completamente ao esporte. Segundo a lutadora, 2018 foi um de seus melhores anos. “Foi o ano em que eu mais competi, e foi quando eu vi que realmente era possível crescer dentro do esporte. Mesmo com todas as dificuldades”, relembra.

Dificuldades na carreira

Para se tornar uma atleta, é preciso se abdicar de alguns hábitos recorrentes do cotidiano. E, para Mara, essa foi uma das principais dificuldades que encontrou nesse período. “No início foi complicado entender que muitas coisas que eu vivia no momento, eu não conseguiria fazer mais, se eu quisesse realmente me tornar uma atleta”, destaca, antes de explicar melhor as mudanças. “Eu não conseguia ter uma vida social, sair para as festas e beber socialmente. Então, minha maior dificuldade no início foi entender que para a gente ter alguma coisa na vida é preciso abdicar de outras”, enfatiza.

Mara, que está na categoria pluma, de até 53,50 kg, também passou por dificuldades em relação aos patrocinadores. Mas desde 2018 a jiujitsuka está sendo amparada e patrocinada. “Realmente no Brasil é muito difícil, a gente quase não tem apoio. Mas, graças a Deus, eu encontrei pessoas boas no meu caminho. Hoje, por exemplo, eu sou patrocinada pela Change Idiomas e além deles me darem ajuda de custo para os campeonatos, eu ainda tenho bolsa integral do curso de inglês”, afirma.

Segundo Mara, um de seus objetivos é lutar no exterior e esse apoio é fundamental para sua carreira. “Já lutei jiu-jítsu no campeonato europeu em Portugal e pretendo participar de torneios nos Estados Unidos. Isso vai me preparar para estar fora do Brasil”, ressalta.

Títulos com o jiu-jítsu

A atleta participou de inúmeros eventos da maior federação do mundo, que é a Confederação Brasileira de Jiu-Jítsu (CBJJ/IBJJF). Antes da pandemia, em janeiro, Mara disputou o Campeonato Europan 2020, que é considerado o segundo maior do mundo, e foi vice-campeã em sua categoria. Mas sua última conquista foi no Rio de Janeiro, em dezembro, no Sul-Americano, quando foi ao topo do pódio.
Entre suas conquistas estão a de bicampeã Brasileira IBJJF; campeã brasileira CBJJO, ouro na etapa Guarapari UEAAF e na Internacional Master South American, além do Pan Americano da SJJSAF e de campeã brasileira no gi (disputa sem kimono).

2021: Um ano incerto

Com a pandemia de coronavírus, todas as competições se tornam imprevisíveis. De acordo com Mara, a CBJJ, todo início de ano, libera todas as datas das lutas. O calendário já informa sobre os eventos europeus e nacionais. “Meu objetivo é lutar o maior número de campeonatos que tiver da Federação, porque existe um ranking, e a medida em que você vai participando e ganhando, vai pontuando tanto para o ranking nacional quanto para o mundial”, explica.

A maioria dos atletas, inclusive, foi prejudicada com a paralisação dos eventos. Houve uma queda no ritmo dos treinos e na alimentação. “Hoje, eu não me encontro no ritmo de treino que eu tinha há um ano. Mas quando tudo melhorar a gente volta a treinar da mesma forma. Eu procuro ainda fazer o funcional, para continuar tendo um nível de atividade. Costumo manter a alimentação bem regrada, muito por conta do peso”, explica. “Mas eu nunca deixei de treinar, o que dava para fazer em casa eu fazia, me virava. A gente que é atleta, que vive uma vida esportiva, não pode deixar nosso corpo parado”, conclui.


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Redação

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