Voto útil aumenta polarização na disputa eleitoral

Voto útil aumenta polarização na disputa eleitoral
Foto: Reprodução

Tuesday, 27 September 2022

Voto útil é visto pelos especialistas não como uma preferência do eleitorado, mas sim como uma aversão a determinados candidatos.

Principal bandeira das campanhas de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de Jair Bolsonaro (PL) nestes últimos dias que antecedem as eleições, a mobilização em torno do voto útil pode polarizar ainda mais a já complexa disputa pelo Palácio do Planalto. Ao contrário do que muitos eleitores acreditam, o voto útil é visto pelos especialistas não como uma preferência do eleitorado, mas sim como uma aversão a determinados candidatos.

“O voto útil é o que chamamos de voto da aversão, muito mais do que preferência. É escolher, estrategicamente, não votar para eleger quem você gostaria e tentar derrotar quem você não quer de jeito nenhum”, afirmou à Oeste o cientista político Paulo Kramer, da Fundação da Liberdade Econômica.

Embora Lula e Bolsonaro, os dois candidatos com maior chance de vitória na disputa à Presidência, estejam fazendo uso de campanhas pelo voto útil, é com Lula que o voto útil tem obtido maior visibilidade. Nos últimos dias, tanto Lula como personalidades que apoiam o petista vieram a público para pressionar os eleitores, sobretudo de Ciro Gomes (PDT) e de Simone Tebet (MDB), a desistirem do voto em seus candidatos.

O próprio Lula tem pregado ofensiva pelo voto útil, num esforço para unir forças contra o presidente Jair Bolsonaro (PL). Para o cientista político, ao defender o voto útil, Lula não está atingindo Bolsonaro, mas sim os demais adversários.

“Nesse sentido, principalmente nessa reta final, o voto útil pode significar uma retirada importante de votos da chamada terceira via – Simone Tebet, Soraya Thronicke e Ciro Gomes – tanto para o eleitor que não quer o Lula como para o eleitor que não quer o Bolsonaro”, avalia Kramer.

Alvos diretos dos pedidos pelo voto útil, Simone Tebet quanto Ciro Gomes têm criticado fortemente as campanhas feitas pelos adversários.

“É um desrespeito à população brasileira, na eleição, talvez, a mais importante, a mais difícil. Desde a redemocratização, essa é uma eleição que pode, definitivamente, tirar o Brasil do mapa da fome, da pobreza, da miséria, a depender da escolha do eleitor. Nós queremos que o eleitor não vote pelo medo, mas pela esperança e pela certeza”, comentou a candidata do MDB.

Voto útil no Brasil virou bandeira internacional
A menos de duas semanas para a eleição, a campanha pelo voto útil ultrapassou os pedidos dos candidatos ao governo brasileiro e ganhou até mesmo apoios internacionais. Líderes internacionais passaram a pressionar o candidato do PDT a uma eventual desistência. Ciro rechaçou qualquer possibilidade de desistência.

Nesta quarta-feira, 21, nomes como os ex-presidentes do Equador Rafael Correa e Amado Boudou, ex-presidentes do Equador e ex-vice-presidente da Argentina, respectivamente, por Adolfo Pérez Esquivel, ganhador do Nobel da Paz em 1980, a senadora colombiana Piedad Córdoba, o cineasta colombiano Hernando Calvo Ospina publicaram uma carta aberta em que pedem que Ciro desista da candidatura em prol de uma eventual vitória de Lula, ainda no primeiro turno.

Já na quinta-feira, 22, o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso pediu votos “pró-democracia” e elencou algumas promessas que Lula fez, caso ganhe a disputa, com termos que compõem os discursos de campanha do petista.

“Peço aos eleitores que votem em quem tem compromisso com o combate à pobreza e à desigualdade, defende direitos iguais para todos independentemente da raça, gênero e sexo”, escreveu FHC, sem citar nomes.


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Redação

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