Tiros e granada: advogado de Jefferson admite que situação agravou
Foto: DivulgaçãoMonday, 24 October 2022
Ex-parlamentar está no presídio de Benfica e passará por audiência de custódia às 16h, por videoconferência feita pelo STF.
Após a reação do ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) com tiros e granada à chegada dos agentes da Polícia Federal a sua casa, neste domingo, na cidade de Comendador Levy Gasparian, Luiz Gustavo Pereira da Cunha, advogado do ex-deputado federal, admitiu em entrevista ao GLOBO que a situação jurídica do ex-parlamentar se agravou. Ele, no entanto, reafirma que a prisão do cliente é ilegal e diz ainda que Roberto Jefferson reagiu daquela forma por "estar passando por um mix de emoções. Mais uma vez em prisão ilegal e com os agravantes". Na manhã de domingo, dia 23, Roberto Jefferson resistiu à determinação do ministro Alexandre de Moraes para que ele voltasse ao regime fechado. Desde janeiro, ele cumpria prisão domiciliar por condenação no inquérito do STF que investiga a atuação das milícias digitais.
Durante a ação, dois policiais federais ficaram feridos por estilhaços de duas granadas lançadas por Jefferson. Além da prisão judicial, o ex-parlamentar foi preso em flagrante sob a acusação de tentativa de homicídio.
— Ainda bem que ninguém se feriu com gravidade. Ele adora a polícia e certamente está refletindo sobre isso — afirmou Luiz Gustavo Pereira da Cunha.
O advogado informou que seu cliente prestou depoimento à Polícia Federal durante à noite de domingo, no qual ele teria dito que reagiu por conta dos"eternos e imparáveis abusos cometidos por Alexandre de Moraes". Moraes foi quem determinou a ordem de prisão após veiculação de novos vídeos com ataques ao processo eleitoral.
Luiz Gustavo Pereira da Cunha disse que sua última conversa com Roberto Jefferson ocorreu por volta das 12h de ontem, quando ele resistia ao cerco policial.
— Ele estava irredutível à ordem de prisão — conta ele.
Carro da Polícia Federal leva 20 tiros disparados por Roberto Jefferson
Em vídeos compartilhados pelo próprio Jefferson, ele filmou o circuito de câmeras que mostra um carro da Polícia Federal com marcas de pelos menos 20 perfurações, inclusive no encosto de cabeça. Na gravação, Jefferson diz que reagiu a tiros porque os policiais atiraram. A PF nega que tenha feito qualquer disparo.
— Estou dentro de casa, mas eles estão me cercando. Vai piorar, vai piorar muito, mas eu não me entrego. Chega de abrir mão da minha liberdade em favor da tirania. Não faço mais isso. Chega — afirmou antes de se entregar.
Jefferson passará por audiência de custódia às 16h desta segunda-feira, conduzida pelo Supremo Tribunal Federal, por videoconferência.
A situação de Jefferson
Desde janeiro, Roberto Jefferson está em prisão domiciliar quando deixou o regime fechado por questões de saúde. Em agosto do ano passado, ele teve a prisão decretada após propagar novas ameaças às instituições. Na decisão em que a detenção foi determinada, Moraes destacou que as publicações disseminadas tinham o "nítido objetivo de tumultuar, dificultar, frustrar ou impedir o processo eleitoral, com ataques institucionais ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ao seu ministro presidente.
No mês passado, Moraes disse que o ex-deputado retornaria à prisão em regime fechado caso voltasse a descumprir medidas cautelares impostas a ele, como a proibição de dar entrevistas, receber visitas e usar redes sociais. Neste domingo, o ministro determinou nova ordem de prisão após Jefferson gravar vídeo em que chama a ministra Cármen Lúcia de "vagabunda", entre outros xingamentos misóginos.