Mas quem vai vencer no domingo?

Mas quem vai vencer no domingo?
Foto: Divulgação

Friday, 28 October 2022

Nossos palpites tradicionais e, para fechar, nossas considerações finais. Boa eleição a todos.

Esse domingo (30) acontecem as eleições. Milhões de brasileiros irão às urnas, pela segunda vez neste ano, para definir os nomes dos próximos governantes de seus respectivos estados e de toda a nação.

O momento é histórico. Pela primeira vez dois homens que já ocuparam a cadeira da Presidência concorrem. Em Santa Catarina, igualmente, pela primeira vez o Partido dos Trabalhadores (PT) chega ao segundo turno. E um governador é eliminado ainda no primeiro. O momento político é ímpar e, certamente, será ensinado nas escolas para as futuras gerações. Resta saber se haverá honestidade ao contar a história. Improvável... já não há hoje, sendo momento presente.

Mas em quem votar para governador?

Essa resposta é bastante simples e será dada em ordem alfabética para evitar privilegiar qualquer um dos candidatos: se você gosta do Lula, então deveria votar no Décio (13); mas se você gosta do Bolsonaro, então seu voto deveria ser do Jorginho (22).

Simples assim.

E para presidente? Em quem votar?

Essa é uma pergunta bem mais delicada. Sua resposta exigir ignorar medos e paixões focando só no óbvio. E é justamente o óbvio que mais desagrada as pessoas. Mas, em ordem alfabética, vamos lá novamente.

Se você tem uma personalidade mais conservadora, é evangélico, economicamente liberal e valoriza o combate às pautas ‘woke’, Bolsonaro representa você muito bem. Claro que é necessário esquecer sua péssima administração da pandemia e ignorar o fato de que ele não cumpriu a grande maioria de suas promessas em 2017 (inclusive sobre ser contra reeleição).

Agora, se você acredita que um governo deva priorizar a justiça social, valorizar os povos historicamente marginalizados, investir em programas de distribuição de renda e avançar na inclusão social, o Lula é seu candidato ideal. Claro que você vai ter que relevar a corrupção de seu governo e fingir que ele não foi preso em um processo no qual ele jamais foi absolvido de fato.

A verdade incômoda

Se você lembra do começo dos anos 2000 com carinho e sente saudade da prosperidade do país, isso não é atribuição direta do Lula. O crescimento chinês gerou uma alta sem precedente pro commodities e o Brasil, na verdade, acabou lucrando menos do que poderia.

A política econômica do governo Lula só foi positiva enquanto foi neo-liberal, mas depois decaiu e culminou na maior crise econômica da história do Brasil, no governo Dilma (PT). Lembrando, claro, que eles herdaram os cofres cheios com as privatizações do governo FHC (PSDB). Na prática o governo petista começou como a promessa de um sonho impossível e terminou de forma dantesca, com um impeachment e movimentos sociais pagos transformando o Palácio do Planalto numa espécie (bizarra) de DCE.

Mas Bolsonaro não é muito diferente. Dos pontos usados por seus apoiadores, os mais inválidos são: ele luta contra a corrupção (quando, na verdade, ele acabou com a Lava-Jato), combate a impunidade (seu filho Flávio é um grande exemplo em contrário) e é contra a perseguição religiosa (tem posturas muito negativas sobre religiões como, por exemplo, a Umbanda). Isso para citar apenas algumas e evitar tornar o texto muito longo.

‘Doutrinação’ é, provavelmente, a palavra de ordem dessa eleição, aja visto que ambos têm currais com eleitores cegos e apaixonados. O PT traz doutrinação nas escolas, sim. E isso é péssimo. Mas o Bolsonaro tem trazido doutrinação às igrejas. Ambas, coisas terríveis.

Mas quem é melhor?

Os dois são ruins.

O medo que as pessoas sentem é justificável?

Não. Absolutamente. De forma alguma. Ambos estão sabendo usar muito bem o valioso recurso do ‘medo’ em propaganda. “Se não votar em mim o outro cara vai destruir tudo que você ama”. É desonesto.

Amigo bolsonarista: lembra da Regina Duarte – na primeira campanha petista vitoriosa – comparando o Lula ao Hitler e dizendo que o Brasil se tornaria uma nova Alemanha Nazista se ele vencesse? Ele venceu. E o país está igual. Lula será minoria no Congresso e, mesmo comprando voto (como sempre comprou) vai ter um primeiro mandato enfraquecido.

Amigo lulista: lembra quando, em 2017, a Kéfera gravou um vídeo desesperado dizendo que eleger o Bolsonaro seria compactuar com o Fascismo e que negros e homossexuais seriam perseguidos e mortos? Bem, ele ganhou. Negros ganham cada vez mais seu merecido destaque na sociedade e os homossexuais estão casando com freqüência crescente. Se ganhar, Bolsonaro é odiado pelo Judiciário e por praticamente toda a mídia relevante. Se foi fraco no primeiro mandato (historicamente forte), num segundo fará muito menos.

Sem medo, está bem? Apenas vote com consciência e acredite em suas convicções.

Mas quem deve ganhar?

Nossa tradicional bolão eleitoral traz, no governo do estado, Jorginho Mello com bem mais do que a metade dos votos válidos. Décio deve ficar abaixo dos 40%, mas não vai fazer feio. Seu papel até aqui foi digno (mesmo ele tendo substituído o vermelho de sua bandeira por verde e amarelo) e isso aumenta ainda mais sua projeção. Quem sabe a prefeitura de Florianópolis daqui a dois anos? A de Blumenau, não. Por mais que ele tenha sido um bom prefeito, o blumenauense não gosta do PT e se nega a assumir qualquer virtude que suas administrações tenham (e tudo sempre tem virtudes).

Para presidente – e sem nenhuma razão lógica além de intuição – acreditamos desde abril que Bolsonaro vai virar e vencer a eleição. Por que? Análise comportamental e mero palpite. Mas, seja lá quem vencer, será por muito pouco. E o outro lado, com certeza, não vai ficar feliz.

Considerações

Então, no domingo, vota. Usa teu dedinho progressista pra apertar 13 com força. Usa teu dedinho conservador pra clicar em 22 com vontade. Vota. Mas não enche o saco dos outros.

Não esquece que o Bolsonaro é rico e o Lula é milionário. Esses caras não te conhecem e provavelmente nunca vão conhecer. Não faz sentido brigar com quem te conhece – com quem soma de verdade na sua vida – por causa de dois caras que é você quem sustenta. Não seja burro. E boa votação.


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Ricardo Latorre

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