A primeira articulação política de Bolsonaro após a derrota

A primeira articulação política de Bolsonaro após a derrota
Foto: Divulgação

Friday, 02 December 2022

Nos últimos dias, o presidente tem acompanhado de perto as articulações de seu partido, o PL, de lançar candidatura própria ao Senado e fazer frente à campanha de Rodrigo Pacheco à reeleição.

Apesar de se manter em silêncio desde que foi derrotado nas urnas, Jair Bolsonaro não está totalmente alheio às movimentações do xadrez político em Brasília. Pelo contrário.

Nos últimos dias, o presidente tem acompanhado de perto as articulações de seu partido, o PL, de lançar candidatura própria ao Senado e fazer frente à campanha de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) à reeleição.

Para discutir o assunto e avaliar as chances de seu grupo, Bolsonaro já recebeu no Planalto o ex-ministro do Desenvolvimento Regional Rogério Marinho, eleito senador pelo Rio Grande do Norte; a ex-ministra da Agricultura, Tereza Cristina, eleita senadora pelo PP de Mato Grosso do Sul; o senador Eduardo Gomes (PL-TO) e o líder do governo no Senado, Carlos Portinho (PL-RJ) .

O PL tem a maior bancada do Senado, com 14 parlamentares, que vai se reunir na próxima quarta-feira para decidir o assunto. Se de fato o partido decidir lançar um candidato, o mais provável é que seja Rogério Marinho.

O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, é um dos que insiste na candidatura própria, mesmo sabendo que Rodrigo Pacheco entra na disputa muito forte, por já estar no cargo e ter apoio do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.

A preferida de Valdemar para disputar com Pacheco era Tereza Cristina, que ele vinha tentando desde a campanha atrair para a legenda. Mas a ex-ministra não só não trocou de partido como não se animou com a candidatura. “Pato novo só mergulha em água rasa”, disse a senadora eleita à coluna, em referência ao fato de ser novata na nova Casa.

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Embora tenha sido apoiado por Bolsonaro em sua eleição, em 2021, contra Simone Tebet (MDB-MS), Pacheco nunca foi visto como simpático ou aliado do atual governo. Na ocasião, o senador obteve 57 votos, contra 21 da emedebista.

Durante os dois anos em que comandou o Senado, Pacheco arquivou sumariamente um pedido de impeachment do próprio Bolsonaro contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), defendeu as urnas eletrônicas e impediu o avanço da chamada “pauta de costumes”.

Já Rogério Marinho é bolsonarista entusiasmado, por isso é apoiado por uma ala majoritária do PL. “Ele foi ministro, tem boa relação com o Senado, tem experiência política, foi deputado, tem boa relação com os presidentes de partido. Tem o perfil de construção, isso é muito importante”, disse o líder do governo no Senado, Carlos Portinho (PL-RJ).

“A gente tá desprendido e unido para ter um candidato de consenso, unânime, no PL para vencer as eleições.”

O próprio Portinho e o senador Eduardo Gomes (PL-TO) decidiram desistir de concorrer ao Senado para apoiar Marinho.

Mas dentro do Congresso, há quem veja com descrença a ofensiva do PL. Aliados de Pacheco avaliam que a ofensiva é um “jogo de cena” para tentar aumentar o poder de barganha da legenda de Valdemar.

Nas contas do PL, Rogério Marinho conta atualmente com 28 votos, enquanto Pacheco teria 29 – e o resto estaria em aberto.

Para vencer a eleição no Senado é necessário ter 41 votos. Marinho, portanto, terá que buscar votos em legendas como PP, Republicanos e Podemos.

“A gente sabe que esse pessoal não vota assim de forma tão fiel ao bloco", diz um aliado de Marinho. “No escuro da cabine, cada um faz o que quer. É nisso que vamos apostar”, diz esse bolsonarista, já deixando explícito que o partido pode vir a apostar nas traições para conseguir contornar a força de Pacheco e Lula no Senado.


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