Lula demite comandante e aprofunda racha no Exército
Foto: DivulgaçãoSunday, 22 January 2023
Novo comandante, general Tomás Miguel Ribeiro assume o Exército sob desconfiança de boa parte da tropa.
A demissão do então comandante do Exército, general Júlio César de Arruda, ontem, sábado (21), aprofunda a crise que se instalou dentro do Exército e na relação com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Um general disse ao blog que a saída do agora ex-comandante do Exército é mais um capítulo da tensão "muito traumática, porque é a pessoa mais serena para o momento".
O presidente nomeou para o comando do Exército o general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, mas isso não diminuiu o racha que ocorre nos quartéis. O novo comandante chega enfrentando grande desconfiança.
Um militar influente disse ao blog que o clima no momento é de "insatisfação e desconfiança", e completou: "Há indignação nos militares da ativa: generais de duas ou três estrelas, coronéis, oficiais superiores e de capitães para baixo. Além disso, os sargentos são muito ligados aos valores conservadores".
Isso porque muitos militares acreditam que, além de evitar a promoção do tenente-coronel Mauro Cid, que foi ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, para o comando do 1° BAC (Batalhão de Ações de Comandos), em Goiânia (GO), o governo também deve exigir outras medidas do novo comandante do Exército contra militares que são considerados bolsonaristas.
O general chegou a classificar também o novo comandante de "traíra". A afirmação completa do general da ativa é forte e chega a questionar como o novo comandante vai lidar com a tropa, "me diz como o Tomás [general Tomás Miguel Ribeiro Paiva] vai chegar na frente da tropa, olhar pra ela, e saber que todos ali, além de não acreditarem nele, o têm também como traíra. Triste realidade a que chegamos".
Mas nem todos chegam a ver o novo comandante com tantas ressalvas. A desconfiança é o sentimento mais falado abertamente.
A nova troca feita por Lula no comando do Exército aprofunda a crise do presidente com grande parte dos militares e aumenta a disputa política dentro dos quartéis. Mas essa estratégia, trocas abruptas do comando, também foi usada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Outro problema é que muitos integrantes da ativa já vinham reclamando de caça às bruxas promovida por Lula e de serem acusados de omissão nos atos violentos do dia 8 de janeiro.