Pacheco é reeleito à presidência do Senado
Foto: DivulgaçãoWednesday, 01 February 2023
Em seu discurso, ele estranhamente citou 'líder com L maiúsculo'.
O senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) foi reeleito em primeiro turno nesta quarta-feira (1º), em votação secreta, como presidente do Senado e do Congresso Nacional pelos próximos dois anos.
Pacheco recebeu 49 votos contra 32 do seu adversário Rogério Marinho (PL-RN). Em 2021, o mineiro recebeu mais votos favoráveis, 57.
A candidatura dele contou com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de seis partidos: PSD (15), MDB (10), PT (9), PSB (4), PDT (3) e Rede (1). No primeiro mandato, Pacheco também foi apoiado pelo Planalto, mas, na ocasião, Jair Bolsonaro (PL) era o presidente.
Após a divulgação do resultado, Pacheco fez um discurso em que lembrou os atos golpistas contra as sedes dos três Poderes, em Brasília, e afirmou que a "polarização tóxica precisa ser erradicada" no país.
Adversário de Pacheco
Marinho foi o candidato de oposição ao governo Lula e reuniu a ala bolsonarista do Senado a seu favor. Bloco PL (12), PP (6) e Republicanos (4) sustentou a candidatura do ex-ministro do Desenvolvimento Regional do governo Bolsonaro.
Marinho também angariou votos dentro dos partidos que oficialmente estavam do lado de Pacheco. Às vésperas do pleito, três senadores do partido do presidente do Senado, o PSD, afirmaram que votariam em Marinho.
Devido a essa falta de unidade as bancadas, a eleição foi acirrada. Rogério Marinho recebeu mais apoios públicos individuais porque Pacheco foi alvo de uma campanha de bolsonaristas nas redes sociais contrários à sua reeleição. Uma senadora relatou que recebeu mais de 2 mil e-mails em apenas um fim de semana com as frases: "mal elemento vota em Pacheco" e "você será expulsa da vida política".
Como contraponto à rede bolsonarista, artistas, como Caetano Veloso, declararam nas redes apoio presidente do Senado.
A disputa no Senado refletiu a polarização política no país. De um lado, aliados do presidente Lula fecharam com Pacheco. Bolsonaristas apoiaram Marinho.
Voto secreto
O primeiro vice-presidente do Senado, Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), conduziu a eleição. Pacheco não poderia por ter sido candidato.
Veneziano negou a senadores a possibilidade de revelar o voto, que é feito em cédula de papel. Ele esclareceu que nem os parlamentares e nem os partidos poderiam indicar qual candidato escolheram, pois a votação é secreta, determinada pelo regimento interno da Casa.
Aliados de Marinho e também o próprio candidato protestaram já que usariam o voto aberto como estratégia para demonstrar força diante de Pacheco.
Discursos
Em seu discurso antes do início da votação, Pacheco afirmou que o Senado não foi "negacionista" e aprovou medidas para viabilizar a vacinação da população contra Covid durante a pandemia.
Ele defendeu responsabilidade fiscal. Disse que serão desafios da nova gestão a aprovação de um arcabouço fiscal, em substituição ao teto de gastos, e da reforma tributária.
"E temos um desafio agora pela frente, a reforma tributária, um novo arcabouço fiscal, porque não podemos admitir que se continue a arrecadação confusa do sistema tributário brasileiro, tampouco podemos permitir que se acabe com responsabilidade fiscal no nosso país que é uma conquista da modernidade", disse.
Para Pacheco, deve haver uma "independência devida" em relação ao Poder Executivo e um parlamento submisso ao Planalto é um "Senado covarde".
"Vamos legislar para se colocar limites aos poderes. Se há um problema em relação às decisões monocráticas do Supremo Tribunal Federal (STF), legislemos quanto a isso. Vamos dar as mãos para que o país pacifique."
Marinho, antes munido de um discurso bolsonarista, amenizou o tom na sessão e defendeu a democracia.
"Não podemos conviver e aceitar o radicalismo e a barbárie que foi perpetrada contra a própria democracia através de atos de violência contra o patrimônio publico e privado por quaisquer espectros ideológicos do campo político, tanto da direita como da esquerda", afirmou.
Ele também classificou que o Senado adotou uma postura "omissa" diante de decisões da Justiça e defendeu a alternância de poder como forma de "oxigenar a democracia".
Por fim, questionou se a Presidência da Casa ficaria "por dez anos" apenas com dois senadores. Marinho se referiu a Pacheco e seu antecessor, Davi Alcolumbre (União-AP).
O candidato do PL conseguiu manifestações públicas de apoio de senadores de partidos que, em tese, formaram aliança com presidente do Senado. Um dos motivos foi a insatisfação em relação à distribuição dos cargos da Mesa Diretora e das comissões, feita por Alcolumbre, grande articulador da gestão Pacheco.
Por conta disso, Marinho chegou a prometer um "revezamento" no comando das comissões.
Regalias
Como novo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco mora em uma mansão com jardim, piscina e churrasqueira na Península dos Ministros, área nobre de Brasília localizada em um dos bairros mais luxuosos da capital.
A casa – em um terreno de 13 mil m² – tem cinco quartos (dos quais três suítes), sete banheiros, cozinha, copa, salas de jantar, estar e TV, escritório, sala de apoio e área de serviço.
No local, onde também são realizadas reuniões e confraternizações de políticos, trabalham mais de 10 funcionários, como administrador, seguranças, cozinheiros, auxiliares de cozinha, camareiras, garçons e jardineiros.
O Senado paga todas as despesas da residência oficial, incluindo os gastos com comida, energia elétrica, água e telefone, além dos salários dos funcionários.
Rodrigo Pacheco também pode usar um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), mas, se preferir utilizar aviões de carreira, as passagens serão custeadas pela Casa.
Nas viagens, é acompanhado por seguranças. Em deslocamentos por terra, ele tem direito a utilizar um carro oficial, escoltado por policiais legislativos.
Além disso, o presidente do Senado é assessorado diretamente por um conjunto de funcionários. Há, pelo menos, 100 pessoas à serviço da presidência da Casa, divididos entre assessores legislativos, de imprensa e de gabinete, além de seguranças e auxiliares que dão suporte a ele no Congresso ou na residência oficial.