Quem é Javier Milei
Foto: DivulgaçãoTuesday, 15 August 2023
Milei é da chapa 'A Liberdade Avança'. O candidato propõe dolarizar a economia e fechar o Banco Central.
Javier Milei é um economista argentino formado pela Universidade de Belgrano, tem 52 anos e é natural de Buenos Aires. Candidato à Presidência de extrema direita, Milei venceu as eleições primárias da Argentina, realizadas neste domingo (13).
As primárias na Argentina são uma votação obrigatória para definir os candidatos que concorrerão às eleições presidenciais, que acontecem em outubro. Por lei, todos os partidos são obrigados a fazer prévias — mesmo que haja um único candidato e isso seja só uma formalidade —, e todas as frentes políticas passam pelas primárias no mesmo dia.
Segundo o jornal "Clarín", Milei, da chapa "A Liberdade Avança", se apresentava — e era visto assim — como um personagem que vinha de fora para combater as más práticas da política. Suas promessas incluem adotar o dólar como moeda e fechar o Banco Central.
"Estamos propondo um sistema bancário e a reforma monetária que acabará levando à extinção do Banco Central, onde os argentinos podem escolher sua moeda e não serem obrigados a suportar a moeda emitida pelos políticos argentinos", disse ele em entrevista à agência Reuters em maio de 2022.
O jornal "El País" descreve Milei como um economista ultraliberal, que se declara "anarcocapitalista". O argentino é contra o aborto, a favor do casamento homoafetivo, considera as mudanças climáticas "uma farsa" da esquerda, e se identifica com a extrema direita do Vox na Espanha, também segundo o jornal.
Milei foi assessor do general Antonio Bussi, militar que foi governador da província de Tucumán durante a ditadura e posteriormente deputado nacional; economista-chefe da Fundação Acordar, do ex-governador peronista de Buenos Aires, Daniel Scioli; e trabalhou na empresa que administra a maioria dos aeroportos argentinos.
É também admirador de Jair Bolsonaro, com quem costuma ser comparado, e de Donald Trump.
O jornal "La Nación" diz que "a relação de Milei com a imprensa é ambivalente". Na mídia, começou com um programa de rádio na emissora online Conexioón Abierta, quando passou a ser chamado para participar programas da televisão que reúnem diversos convidados para falar de tudo.
E aí explodiu em visibilidade, reconhecimento, seguidores nas redes e aumentou seus honorários, apesar de desconfiar de jornalistas e ficar furioso com algumas perguntas. Também já insultou repórteres e impôs condições para conceder entrevistas, como escolher perguntas e proibir temas.
Vida pessoal
Filho de um motorista de ônibus que se tornou empresário do transporte e de uma dona de casa, Milei cresceu em um lar violento e sofreu bullying na escola.
"Para mim eles estão mortos", dizia sobre seus pais em 2018, no auge de sua carreira como apresentador de um talk show de televisão, segundo o jornal "El País". Ele voltou a falar com os pais durante a pandemia, segundo o "La Nacion".
É fã de Rolling Stones, grupo que sempre homenageava quando integrava a banda Everest, e chegou a tentar carreira como goleiro de futebol, sem sucesso. Foi criado pela avó materna e tem cinco cachorros da raça mastiff, que costuma chamar de "filhos de quatro patas" (Conan, Murray, Milton, Robert e Lucas). Não é visto acompanhado desde o fim do casamento com cantora Daniela Mori.
Apesar dos problemas com os pais, é próximo da irmã, Karina, que coordena sua campanha.
Católico de origem, mas inclinado ao judaísmo nos últimos anos, Milei tem o rabino Axel Shimon Wahnish como seu guia.
Autor de uma biografia não autorizada, o jornalista Juan Luis González afirma que Milei busca formas de entrar em contato com um de seus cachorros que já morreu. E que Milei toma decisões de acordo com o que sai em cartas de tarô.
Prévias
O candidato oposicionista de extrema direita Javier Milei surpreendeu e foi o mais votado nas eleições primárias da Argentina, realizada neste domingo (13). A votação final ocorre em 22 de outubro.
Com 97,39% dos votos apurados, a chapa de Milei, "A Liberdade Avança", tinha 30,04% dos votos.
A segunda chapa mais votada foi a do partido "Juntos pela Mudança", também de oposição, com 28,7% dos votos. Em outubro, ela será representada por Patricia Bullrich, que teve 16,98% dos votos gerais.
A chapa governista, União Pela Pátria, ficou em terceiro com 27,27% dos votos, no pior desempenho do peronismo na história das prévias. O ministro da Economia, Sergio Massa, foi o mais votado da legenda (21,41%).