Avaliação dos principais secretários da Prefeitura de Blumenau 2024
Foto: DivulgaçãoSunday, 18 February 2024
São 19 avaliações baseadas em entrevistas feitas com diversas pessoas dos mais distintos espectros e origens.
Esse ano é a 13ª edição da nossa tradicional avaliação anual dos servidores públicos municipais de Blumenau. Essa foi – de longe – a versão mais complicada e demorada de fazer.
Antes, contudo, é importante que expliquemos quais os critérios e avaliação. E como é feito.
No transcorrer de um ano (durante todos os 12 meses) ouvimos dezenas de pessoas, colhendo suas opiniões sinceras sobre os serviços e pareceres sobre o desempenho daqueles que os ofertam. Elogios e críticas. Conversamos com profissionais, comerciantes, viandantes, funcionários públicos, empresários, usuários dos serviços e todo tipo de pessoa. Mas, TODOS, eleitores.
A administração do prefeito Mário Hildebrandt (PL) começou boa e com muitos elogios, tendo uma queda vertiginosa durante o ano passado, que culminou na avaliação mais repleta de críticas que já colhemos. Na verdade, o que dificultou essa edição foi justamente encontrar elogios.
Pela primeira vez, funcionários comissionados e, portanto, com interesses pessoais na defesa do governo, disseram: “O pior dá pra dizer, mas o melhor... acho que não tem”.
Conversamos com pessoas pelas ruas, passageiros de ônibus, familiares de alunos, advogados, empresários, moradores de diversos bairros, motoristas profissionais, professores, jornalistas, atletas, médicos, pacientes, turistas, artistas e todas as pessoas das mais distintas classes sociais, idades e credos em todos os bairros nas quatro regiões da cidade.
Os nomes são mantidos em sigilo, mas as entrevistas são arquivadas para fins jurídicos.
Abaixo, fiquem com a sincera e imparcial avaliação de 19 dos principais servidores públicos comissionados da Prefeitura Municipal de Blumenau. Alguns positivos, outros não.
Alexandre Pereira Caminha
Procon
Avaliação: bom
Durante o ano o Procon – liderado por Alexandre Caminha – teve um destaque muito positivo defendendo os interesses da população contra os abusos de operadoras telefônicas, além de fiscalizar máquinas de cartão em comércios, alertar a população sobre golpes e continuar com o importante serviço que é o Procon Móvel.
Caminha é formado em Direito, especializado em Direito do Consumidor e apresentava um quadro no ‘Jornal do Meio Dia’ onde abordava o assunto. Foi vereador, mas se destacou à frente do Procon, onde teve sua gestão reconhecida como a mais competente do Brasil.
A única reclamação comum que algumas pessoas tiveram foi em relação ao horário de atendimento: das 9h às 16h. De fato, um horário um pouco restrito.
Mas, fora isso, a maioria das referências ao seu trabalho foi elogiosa.
Alexandre Matias
Educação
Avaliação: bom
O ano que passou foi emblemático para a pasta: houve várias reformas em escolas (todas, sem exceções, muito positivas), bons investimentos na formação de professores, no fomento à atletas e melhorias tanto em estruturas físicas quanto em materiais didáticos. Isso, obviamente, sem esquecer o trágico atentado contra crianças na CEI Cantinho Bom Pastor. Dentro dos limites impostos pela burocracia, as ações tomadas se mostraram as mais assertivas.
À frente da pasta, Matias é formado em Administração com pós-graduação em Contabilidade, Auditoria e Controladoria. Foi vereador por dois mandatos, gerente Administrativo e em Tecnologia da Informação, além de diretor-geral na Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional de Blumenau.
Sob seus cuidados, áreas que também se destacaram positivamente foram a Educação Básica (Maria Luiza Lobe), o Paradesporto (Beatriz Schwanke Zipf), a Educação Infantil (Mônica Deschamps) e os Projetos Integrados (Luciana Dalpasquali).
Alexandro Eduardo Fernandes
Trânsito e Transportes
Avaliação: péssimo
Com certeza absoluta uma das piores gestões do ano, a antiga Seterb foi leniente com o serviço prestado pela Blumob (que tem metade das exigências sofridas pelo extinto Consórcio Siga e o dobro das reclamações, seja por linhas, horários ou deficiências estruturais), a implementação de um sistema de Área Azul rejeitado por 100% dos ouvidos, um sistema de fiscalização que não foi bem aceito por boa parte dos condutores e manutenção falha em algumas faixas elevadas.
Fernandes, formado em Administração, já foi diretor-geral da Secretaria de Desenvolvimento Regional de Blumenau, assessor na Câmara, secretário de Obras, presidente do Samae e secretário de Fazenda. Em quase todas as suas passagens, teve um desempenho abaixo do esperado.
O novo sistema de Área Azul foi bom apenas para a prefeitura, que elevou o termo ‘indústria da multa’ à enésima potência, tirando praticamente todas as vagas livres das ruas subjacentes do centro da cidade, eliminando o atendimento humano (as famosas ‘moças da Área Azul’) e substituindo por um sistema etarista que confunde pessoas mais velhas (ou pouco afeitas à tecnologia), tornado-se excludente. O oposto do que um Serviço Público deveria ser.
O Terminal da Água Verde foi uma das poucas boas conquistas, mas tem seu mérito dividido por diversas gestões e administradores. Inclusive anteriores.
O aeroporto é subutilizado desde os anos 90 (e seu uso comercial para grandes companhias é impraticável), a rodoviária está vergonhosamente abandonada sem segurança, estruturas básicas ou apelo turístico, o transporte coletivo oferece menos linhas do que oferecia há 10 anos enquanto cobra uma tarifa mais alta do que vale e os agentes da Guarda Municipal de Trânsito seguem recebendo menos prestígio do que deveriam receber (por mais que NESSE QUESITO as coisas parecem ter melhorado um pouco).
André Espezim
Comunicação
Avaliação: ruim
A Secretaria de Comunicação – como o próprio nome indica – deveria ‘comunicar’, então é lamentável entrar no site da prefeitura, na área destinada a essa pasta, e ver que há hiatos enormes entre as postagens. A mais recente fala sobre fake news e é de outubro, Vergonhoso.
Formado em Contabilidade e Direito, Espezim tem uma vasta carreira pública: desde investigador de polícia até diretor administrativo. Seu trabalho no AlertaBlu, por exemplo, foi muito bom. Contudo, sua atuação junto à Secretaria de Comunicação deixou muito a desejar. Não era incomum agentes públicos e jornalistas (entre outros) reclamarem da dificuldade em falar com ele. Um dos pré-requisitos em gerir Comunicação, é ser acessível. O outro pré-requisito, é comunicar. O que ele não fez. As ações do Executivo que são conhecidas pela população (diga-se, ‘eleitores’) vieram pelo boca-a-boca... o que nem sempre tem resultados bons ou precisos.
Sendo homem de confiança do prefeito, agora foi realocado para o Samae, onde deverá arrumar a bagunça que foi feita. Em seu lugar, Felipe Rodrigues volta.
Andressa Luana Vargas
Praça do Empreendedor
Avaliação: ótimo
Em uma cidade economicamente desenvolvida com um povo que tem perfil empreendedor, esse serviço tem se mostrado fundamental para todos que desejam trabalhar para construir seus sonhos: principalmente para os pequenos comerciantes e prestadores de serviço.
Com um excelente atendimento e estando numa estrutura bastante adequada no Shopping Park Europeu, a Praça do Empreendedor é gerida por Andressa Vargas, formada em Direito pela Uniasselvi, tem experiência nos três poderes: do fórum (Judiciário) à Câmara (Legislativa).
Sua divulgação tem sido totalmente esquecida pela Secretaria de Comunicação, com a última postagem datando de 11 de agosto de 2021no site.
Todos os pequenos empreendedores e donos de MEI com quem conversamos pontuaram apenas elogios para o órgão: seja na celeridade, na eficiência ou no bom atendimento. Um nome que se destaca todos os anos pela excelência do trabalho, por exemplo, é Márcia Regina de Carvalho.
Carlos Olimpio Menestrina
Defesa Civil
Avaliação: excelente
Blumenau é uma cidade extremamente castigada por enchentes, alagamentos e enxurradas. Dessa forma, é fundamental que a Defesa Civil municipal tenha uma resposta imediata: e tem. Seja alertando sobre possíveis trovoadas, monitorando áreas sensíveis ou mitigando os danos. No ano passado a pasta deve grande protagonismo durante a enchente, mas também liderou uma campanha humanitária em apoio aos gaúchos. Contou com melhorias em equipamentos e viaturas, mas também esteve com os Bombeiros durante suas importantes aquisições.
Administrador especializado em Recursos Humanos, Gestão Pública e Gestão Estratégica de Serviços de Bombeiro, Menestrina é coronel do Corpo de Bombeiros, tendo os comandado por cinco anos. Sempre que esteve no comando de algo que cuidava de vidas humanas, apresentou grande desempenho.
Em sua pasta, tanto o gerenciamento de Riscos e Desastres (Dirceu Rodrigues), quanto a Geologia (Gerson Lange) e a Meteorologia (Tatiane Reis Martins) foram impecáveis. O AlertaBlu, sem a menor sombra de dúvidas, é um orgulho para a cidade.
César Domenico Poltronieri
Fazenda
Avaliação: excelente
A Secretaria da Fazenda, entre outras coisas, administra a arrecadação e a fiscalização dos tributos municipais (como o IPTU). A pasta lançou um programa de renegociação de dívidas e mostrou grande seriedade e transparência em suas ações, assim como gestão exemplar.
Seu líder, César Poltronieri, é formado em Administração, estando na secretaria desde 2002, onde já foi coordenador do setor de Cobrança do ISS (Inscrito em Dívida Ativa), gerente de Cobrança e diretor de Receita. Todos os anos ele é citado positivamente nesse espaço e, anualmente, seu desempenho melhora. Em 2023 ele participou da Mobilização Municipalista organizada pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) em Brasília.
Seus diretores são técnicos – como Joel Toledo dos Santos Júnior (Geral), Ricardo Kaszevski (Receita) e Rosane dos Santos (Contabilidade) – mas todos muito bem avaliados.
Dirk Reiter
Obras
Avaliação: péssimo
A Secretaria de Obras tem a petulância de se orgulhar de retomar a revitalização da Prainha depois de quase 10 anos parada (e em pleno Centro), tem as piores pavimentações dos últimos anos e está a quase um ano reformando uma ponte no Centro (ponte Desembargador Pedro Silva) como se fosse a obra mais complexa que existe.
Conduzindo-a, Reiter é Engenheiro Civil e funcionário público concursado desde 2015. A pasta sequer é capaz de coordenar suas obras com outras empresas, tornando freqüente que reformas recentes tenham que ser avariadas porque outra autarquia precisava fazer novas obras.
Desde sua direção de Obras, Infraestrutura Urbana e Comunitária, quase todos os resultados foram duramente criticados pela lentidão e pela ineficiência.
Éder Antônio Boron
Planejamento
Avaliação: médio
O planejamento nunca foi uma marca positiva em Blumenau. Grandes obras estruturantes raramente são feitas e, quando são, ficam abaixo do que deveriam. Um exemplo disso é a duplicação da ponte que liga o Centro à Ponta Aguda, que sai na frente do Tip Tim e obriga os motoristas a darem uma volta enorme. Uma obra, na melhor das hipóteses, estúpida.
No entanto, o Terminal Oeste ficou muito bom e a revitalização da Praça da Prefeitura está aceitável. Contudo, as malha cicloviária da cidade carece de planejamento coerente, o tom de amarelo da Ponte dos Arcos é sofrível e a reforma da Praça da Fonte Luminosa (basicamente uns postes com alguma luz) a tornou parecida com qualquer praça média de qualquer município cujo IDH não se destaca.
O prefeito assinou a ordem de serviço para a Reurbanização da Margem Esquerda e essa cena já se repediu diversas vezes desde a década passada e, mesmo assim, a Margem Esquerda nunca foi devidamente reurbanizada. Não na sua totalidade. Então é difícil acreditar.
Boron é formado em Direito com especialização em direitos Processual Civil e Constitucional, já tendo sido professor na Furb, chefe de gabinete do prefeito e secretário de Trânsito e Meio Ambiente. A culpa por sua pasta não apresentar resultados melhores não é inteiramente dele.
Egidio Beckhauser
Esporte
Avaliação: muito bom
O Galegão tem mais vida do que nunca. O Ramiro – e até o mal planejado Parque das Itoupavas – estão cheios de atividades esportivas. Atividades essas, aliás, que se espalharam por todas as praças em todos os cantos da cidade. A municipalização do Sesi voltou a ser um assunto de grande relevância (mesmo que acabe ficando com o Turismo).
Os atletas – na sua maioria – têm se sentido valorizados pelo município, assim como os times e seus resultados têm sido mais reconhecidos. Uma gama maior de esportes (como o skate) começou a ser prestigiada. E tudo melhorou em junho, quando Egídio Beckhauser assumiu.
Beckhauser foi treinador de futsal. Um campeão na sua área de atuação que conta com diversas passagens exitosas por várias áreas que abrangem o Desporto.
Dois outros destaques positivos que se fazem necessários são: Romildo Camargo Amaral, que atua na Diretoria de Esporte de Base cujo trabalho é fundamental para que novos talentos sejam descobertos; e Simone Knoth, que à frente da Diretora de Esporte de Alto Rendimento é uma das responsáveis pelo background que ajuda nossos atletas a trazerem medalhas para casa.
Giselle Margot Chirolli
Inclusão da Pessoa com Deficiência e Paradesporto
Avaliação: muito bom
Blumenau se torna uma cidade a cada dia mais amigável para a pessoa com necessidades especiais. E a Secretaria de Inclusão da Pessoa com Deficiência e Paradesporto tem papel ativo nisso. Seja na acessibilidade, nos esportes (como nossa campeã Suzana Nahirnei, que tanto nos orgulha) ou orientando os servidores sobre capacitismo, seu trabalho é primoroso.
Chirolli é formada em Educação Física, tendo sido vereadora, diretora nacional do Paradesporto no Governo Federal, alem de diretora de Esporte na Associação Florianopolitana de Deficientes Físicos (Aflodef).
Suas duas diretorias se destacam de forma muito positiva: Bruna de Araújo (Acessibilidade e Inclusão) e Karla Costa de Liz (Paradesporto). Seus resultados são exemplares.
A única sugestão que fica – e para isso deveria haver um alinhamento com outras pastas – são as faixas podotáteis: nem todas estão bem colocadas ou obedecem rigorosamente aos regulamentos instituídos. Há deficientes visuais que reclamam, por exemplo, de mudanças bruscas de direção ou até mesmo do surgimento de obstáculos inesperados no meio da faixa.
Julio César Pereira
Pró-Família
Avaliação: bom
Da Feira da Amizade ao Casamento Coletivo – passando pelos Clubes de Mães e pelas atividades voltadas tanto para idosos quanto para adolescentes – a Fundação Pró-Família tem um desempenho fundamental para grande parte da população blumenauense.
Júlio César é formado em Educação Física, tendo vasta experiência nas áreas da Família, Assistência Social e Recreação, tendo passagens até pelo financeiro da Câmara.
Ele pegou uma fundação bem estruturada e conseguiu manter elevado seu nível de excelência.
Marcelo Barasuol Lanzarin
Saúde
Avaliação: suspenso
Aqui vai ser complicado. A pasta apresenta bons resultados, como: a contratação de vigilância para proteger o AGF Itoupava de vândalos, a preocupação com a dengue que vem desde antes do surto, conscientizações (como antitabagismo, os escorpiões ou a importância do aleitamento), ótima campanha multivacinal e a implementação do Alô Saúde. Tudo muito bom.
Contudo, ainda há uma seriíssima acusação de estupro dentro de um hospital. Mesmo que a polícia, inicialmente, tenha descartado a violência sexual, o advogado da família irá recorrer a instâncias superiores. Muitos elementos ficaram brumários nessa história...
Lanzarin é médico, foi vereador e secretário de Saúde reiteradas vezes. Pessoa muito inteligente, acessível e solidária, sempre apresentou bons resultados em seu trabalho.
As diretorias de Atenção em Saúde (Simone Keila Pasa) e Vigilância em Saúde (Jeckeline Maria Sartor) apresentam resultados elevadíssimos. O apoio dado aos seus médicos, enfermeiros e demais profissionais também tem sido maior do que nas gestões anteriores.
No entanto – em respeito aos bons resultados, mas também à grave acusação feita por uma paciente vulnerável que teria sido engravidada por seu suposto agressor – suspendemos a avaliação dessa pasta. Pelo menos por enquanto.
Marcelo Greuel
Turismo
Avaliação: péssimo
O segredo é estabilidade e previsibilidade. Dessa forma, sabemos sempre que – entra ano, sai ano – o trabalho de Greuel continua sendo ruim... e decaindo. Talvez, em alguns anos, ele acabe ganhando notoriedade como ‘o homem que acabou com a Oktoberfest’.
Mesmo que a prefeitura apresente números com interpretações positivas de estatísticas parciais para demonstrar algum resultado, a constatação real está nas ruas: a Oktober tem ficado menor ano a ano. E isso começou quando Greuel assumiu. Em 2023 houve uma enchente e isso, certamente, prejudicou muito. Mas a péssima decisão de desfilar no meio da chuva – enquanto municípios vizinhos se afogavam – só mostra falta de empatia e profissionalismo.
Formado em História e com longa experiência com Desporto, ele foi ciclista, criador do Parque Ramiro Ruediguer e instituidor do ‘Bolsa Atleta’ no município, mas não apresenta nenhum resultado minimamente aceitável no Turismo. Todos, vergonhosamente amadores.
Lembra de quando Blumenau era palco de inúmeras feiras, festas e a Vila Germânica sempre estava recebendo um evento? Acabou. E foi ele quem acabou com isso. Mesmo sem a intenção.
A Sommerfest fica a cada ano mais descaracterizada. Com isso, perde público. Seja porque abriu mão de seu diferencial de férias, seja porque começou a se parecer mais com uma micareta pontual do que com uma festa germânica (caminho que a Oktober também está tomando). E nem Jota Quest, Toni Garrido e Jeito Moleque vão salvar.
Norberto Mette e Ricardo Stodieck fazem cada vez mais falta...
Michael Schneider
Samae
Avaliação: péssimo
O Samae – frequentemente alvo de operações policiais pela facilidade com a qual é usado para esquemas pouco republicanos (tal qual a URB, no passado) – tornou-se uma espécie de castigo em Blumenau. Assim como, no quartel, patrulhar a fronteira era usado como forma punitiva, o Executivo municipal usou a autarquia por vezes como uma espécie de castigo.
Como se não bastasse uma suposta fraude e superfaturamento em licitação que culminou na queda de Schneider (colocando Edson Brunsfeld em seu lugar), milhares de casos graves de falta de água na cidade apontaram para a ineficácia do seu serviço.
Schneider substituiu Henrique Carlini num órgão conhecido pelas freqüentes mudanças de comando.
Mica (como é conhecido) teve um trabalho bastante técnico e, indicado pelo PP, demonstrava bom trânsito com os vereadores. No entanto, a pasta é muito ingrata e a incompetência de seus antecessores acabam recaindo sobre quem aceita o cargo. É uma coroa pesada.
Patrícia Morastoni Sasse
Desenvolvimento Social
Avaliação: péssimo
Sabe esse número enorme de mendigos pelas ruas de Blumenau te importunando e pedindo dinheiro o tempo todo? Culpa da Semudes. Seja por ingerência, falta de efetividade ou orçamento baixo, o centro da cidade está se tornando uma colônia de leprosos por conta da omissão dessa pasta. Nem mesmo seus conselhos – outrora ativos – têm tido bons resultados.
Patrícia é formada em Ciências Sociais e tem um longo currículo com o bem-estar social. Entretanto, seu desempenho tem sido inferior ao mínimo esperado. É bem verdade que a Secretaria recebe poucos recursos, se comparado à demanda que tem.
Lojistas não agüentam mais limpar a sujeira de moradores de rua, pedestres são suportam a insistência com a qual essas pessoas lhes pedem (às vezes, quase exigem) dinheiro. E, mesmo tendo espaços adequados de acolhimento social, essa população prefere continuar na rua, onde chafurda nos vícios que os destroem e usufruem da liberdade que lhes aprisiona.
É bem verdade que as legislações amarram as mãos dos gestores, que não podem tanger mendigos simplesmente por serem inoportunos nos locais onde estão. Mas isso não exime aqueles que gerem tais problemas da responsabilidade das áreas nas quais escolheram atuar.
Ricardo da Silva
Manutenção e Conservação Urbana
Avaliação: péssimo
O terror de 10 em 10 motoristas profissionais, as ruas de Blumenau contam com buracos enormes para avariar qualquer amortecedor e – quando tapados – as mais incoerentes coberturas asfálticas capazes de rasgar qualquer pneu. Chamam isso de manutenção urbana.
Mas eles também lidam com iluminação. E da pior forma possível. Sabe onde ficava o comitê do Partido Novo – na XV, em frente às Câmara dos Vereadores? Está um breu à noite. E sabe por que? Porque há lâmpadas queimadas faz muito tempo e absolutamente ninguém foi lá arrumar. E olha que é no Centro. Chamam a pasta de ‘manutenção e conservação’. Irônico.
Ricardo ainda nem concluiu o curso de Tecnólogo em Gestão Pública. Já trabalhou na URB e na manutenção de bairros, embora seja um mistério a razão de o site da prefeitura manter “coordenador de turma” em seu currículo. Infelizmente, está entre os piores resultados.
A Iluminação Pública está ausente até no Centro e, muitas vezes, não atende todas as demandas da comunidade quando instaladas. Os Serviços Urbanos, na iniciativa privada, justificaria a demissão dos envolvidos. Só a Manutenção de Bairros está dentro do aceitável. Em alguns bairros, claro.
Sylvio João Zimmermann Neto
Cultura
Avaliação: muito bom
O mais bem avaliado secretário do ano passado, Sylvio Zimmermann encabeçou um órgão que fomentou ações culturais plurais, firmou excelentes parcerias público-privadas, prestigiou os museus locais, deu voz aos artistas blumenauenses de todos os espectros e honrou nossa Biblioteca Municipal. Todas as suas ações foram exitosas. E isso é uma grata raridade.
Zimmermann tem um extenso currículo, grande amor pela Cultura (como um todo) e profundo respeito pelas tradições do nosso povo. Sua dedicação à área é admirável e sua postura o torna internacionalmente respeitado. Uma escolha acertada em todos os sentidos.
Walter Salvador desempenha um importante papel administrativo, Mariana Girardi Barbosa Silva demonstra perspicácia ante a Diretora de Cultura e Sueli Petry é uma lenda.
Valdecir Mengarda
Desenvolvimento Econômico
Avaliação: muito bom
Secretaria que conduz a necessária Praça do Empreendedor, participa do Programa +DEVS2BLU, do Projeto IntegraVale, do Entra21e incentiva cursos de aprimoramento, inovação, empreendedorismo e programas de incubadora, tem boa parcela de responsabilidade nos crescentes números positivos de geração de emprego do município.
Mengarda é um estudioso com mestrado em Estudos Brasileiros, especialização em Geografia e se doutorando pela Universidade de Salamanca (Espanha). Sócio-fundador do Sociesc, foi professor e diretor, ele também deu aulas na Furb, na rede pública e já trabalhou por outras vezes com o Poder Público, sempre apresentando bons resultados.
Seus diretores Charles Schwanke (Inovação) e Nilton Antônio Spengler (Pequenas Empresas) também merecem destaque. Assim como Andressa Luana Vargas (Empreendedor), que ganhou um espaço aqui apenas a avaliando (como pode ser visto nas linhas acima).
Opinião
Blumenau não está bem administrada. Não acho que seja por má vontade e menos ainda por corrupção. Não. Não é. É só incompetência, mesmo.
A cidade que foi palco de um massacre de proporções nacionais envolvendo um psicopata e crianças dentro de uma escola tem visto sua segurança diminuindo, com pedintes espalhados por todos os cantos e pessoas se drogando no meio da rua em plena luz do dia.
Suas ruas estão esburacadas, alagam com facilidade e recebem obras caras e inúteis. O trânsito piora diariamente sem nenhuma medida sequer paliativa e depender de ônibus é contar com o desrespeito da empresa que monopoliza os serviços. Os semáforos ficam fechados mais tempo do que deveria e, sem muito planejamento, giram fora de sincronia.
Isso sem contar na nova Área Azul. Confusa, pouco intuitiva e sem nenhum elemento humano, ela tomou todas as ruas centrais da cidade como forma abusiva de arrecadar mais dinheiro para financiar novas obras inúteis da Prefeitura. É o contribuinte sendo achacado para nada.
Uma administração que não se comunica nem com o seu eleitor é incapaz de terminar uma pequena ponte numa região central no absurdo intervalo de um ano e deixa milhares me famílias sem água por conta de ingerência de uma autarquia investigada (de novo) por corrupção e que tem até histórias perturbadoras de estupro de vulnerável dentro de hospital.
A cidade que sempre se gabou de seu apelo germânico para o Turismo tem visto a Oktoberfest definhar ano a ano enquanto acompanha o funeral do que um dia foi a Sommerfest. A cidade que, anos atrás, era palco de tantos eventos, tornou-se túmulo de boas vontade e um ‘Pátio dos Milagres’ onde mendigos zumbificados molestam pessoas em suas rotinas diárias.
Uma cidade com diversos pontos de iluminação queimados e longamente sem manutenção que se gaba por reformar praças que, sem personalidade, parecem ‘qualquer coisa’ de uma cidade economicamente menos desenvolvida ou um subúrbio de grande metrópole.
É. A bela Blumenau ainda é Blumenau, mas dia a dia já não está mais tão bela.
Com exceção do Desporto, da Cultura, do Procon, da Educação, do Empreendedorismo, da Defesa Civil. Da Fazenda, da Inclusão e da Pró-Família, nada tem funcionado como deveria.
Mas tudo bem. Isso não é culpa do prefeito. Mário Hildebrandt tem agido exatamente da forma como sempre agiu: ele sempre foi um vereador de bairro abaixo do mediano incapaz de projetar qualquer coisa que não fossem bases políticas para sua própria carreira. Algo que todos puderam ver durante sua longa e vencedora trajetória. Ele foi honesto.
Mas estamos em 2024. Se as pessoas ouvidas para a composição dessa matéria realmente forem a maioria, em um ano esse abandono será apenas uma lembrança de uma época onde quase nada se fez e o pouco feito era geralmente ineficaz e certamente cafona.
E, como diria o próprio prefeito, aconselhando ladrões de celular durante a Oktober: “Não perca sua oportunidade de ficar livre”. Afinal, é ano eleitoral.