Blumob volta a ser alvo da crítica de vereadores
Foto:Tuesday, 27 February 2024
A empresa notória por ignorar todas as suas críticas.
O transporte público em Blumenau é um problema faz muito tempo. A empresa dá reiteradas demonstrações de desrespeito ao próprio usuário que – refém de um serviço básico monopolizado – fica impotente, tendo que se contentar com reclamações inócuas.
O Executivo alega que investe em corredores de ônibus para respeitar projetos de priorização do transporte público em relação ao transporte privado, contudo não toma nenhuma ação prática eficaz. Não adianta corredores de ônibus (alguns pouco viáveis, como o da Rua Itajaí) se não há conforto, segurança, horários ou linhas.
Os gestores dizem se importar, mas nada fazem enquanto usuários destratados e desprezados têm sua voz lançada ao vento.
Mas isso não é exclusividade das pessoas que dependem do serviço da Blumob.
Durante a sessão dessa terça (27) na Câmara, o vereador Adriano Pereira (PT) trouxe mais um lamentável caso de vandalismo em terminal urbano: dessa vez no recém-construído Terminal Água Verde. Em seu pronunciamento lembrou que a empresa tem a míope pretensão de retirar os cobradores – profissionais fundamentais – baseado apenas na usura.
Pedindo aparte, o vereador Ito de Souza (PL) lembrou que o Sindetranscol (Sindicato dos Empregados do Transporte Coletivo Urbano) notificou a empresa para que instale câmeras ou contrate seguranças nos terminais, e o professor Gilson (Patriota) relembrou que a Blumob ignora o sindicato e as reclamações que recebe. Empresa [SIC] “que não tem respeito por essa Casa, não está nem aí para a Seterb, para a Agir (Agência Intermunicipal de Regulação do Médio Vale do Itajaí), nem para porcaria nenhuma”, como lembrou Adriano.
Logo depois o vereador Gilson de Souza retomou o assunto. Lembrou que, mesmo provocado pelos sindicalistas, o prefeito Mário Hildebrandt simplesmente não se manifesta. Ao invés disso, ele brinca de ‘bloguerinha ‘ abordando assuntos fúteis ou se fazendo de vítima em suas redes sociais. Há projetos de concessão, subsídios e o município simplesmente ignora.
Gilson lembrou que Hildebrandt apenas empurra o problema para a PM como se a caneta não estivesse em sua mão. Lembrou também que o Executivo tenta imitar cidades que contam com um pré-requisito que Blumenau não tem: uma Guarda Municipal.
Talvez o que o nobre parlamentar do Patriota não entenda é que o mais plausível motivo pelo qual Mário ignore vereadores, servidores e a comunidade seja uma óbvia incapacidade de debater.
O vereador Jovino Cardoso (Solidariedade), líder do governo na Câmara, afirmou que o Executivo está estudando uma forma legalmente viável de garantir seguranças armados nos terminais. Em sua longa carreira, Cardoso sempre demonstrou ser leal aos seus aliados e à sua palavra, então Mário merece um voto de confiança fiado por seu líder... por enquanto.
O vereador Carlos Wagner, o ‘Alemão da Alumetal’ (União), frisou a necessidade de segurança nos terminais lembrando que tudo que está sendo solicitado já estava na licitação inicial. Em aparte, o vereador Diego Nasato (Novo) relembrou que não adianta justificar o sucateamento das estações de pré-embarque usando a integração temporal se, ao deixar tais estruturas sendo castigadas pelo tempo, perde-se agilidade no embarque e no desembarque.
Wagner também lembrou que falta horários no domingo à noite. E isso, de fato, é um problema muito sério que atinge vários trabalhadores que precisam dividir viagens de Uber entre si para ter como voltar para suas casas.
Posteriormente, o vereador Bruno Cunha (Cidadania) relembrou a forma totalitária com a qual a Prefeitura tornou o centro da cidade uma enorme Área Azul e acabou prejudicando a economia local ao desprezar completamente o necessário debate com os comerciantes.
Por fim, o vereador Ito trouxe à tona o vergonhoso episódio da cobradora que foi agredida e dos vândalos que atacaram o Terminal Água Verde.
A verdade é que é inútil esperar que as pessoas usem o transporte público se a empresa que o oferece não dá as mínimas condições. Nesse caso, os corredores de ônibus deixam de ser úteis e tornam-se um estorvo para uma população cada vez mais dependente de motos, carros, táxis e aplicativos.
A empresa anterior era obrigada a colocar um segurança em cada terminal. Também era obrigada a manter linhas pouco movimentadas, horários menos procurados e manutenção frequente. A empresa atual cortou inúmeras linhas, reduziu horários, retirou os seguranças, apresentou diversos problemas na manutenção de sua própria frota e sequer consegue (ou se importa) manter a limpeza adequada em alguns terminais.
Ou você já se esqueceu que uma árvore caiu sobre o telhado do Terminal Fonte durante a gestão do ex-prefeito Napoleão Bernardes e levaram MAIS DE UM ANO pra consertar o teto. Por um ano fazia uma cachoeira sempre que chovia, mas o usuário era tratado como menos que nada. Só interessava que ele pagasse, aparentemente.
Mas caro leitor (ou leitora)... não sejamos ingênuos: todos lembramos a forma como a Blumob chegou à cidade. A maneira como o (deficitário) Consórcio Siga foi retirado. Os agentes envolvidos. As curiosas situações que só poderiam ter sido descritas como ‘poder mágico para prever o futuro’ que aconteceu naquele ano, onde os usuários ficaram à pé no Natal e os servidores, sem salário.
Então... não... a situação atual pode ter qualquer razão possível, menos melhoria de serviço.
Dessa forma, se seu motivo primário não tem a ver com a excelência daquilo que fazem, então certamente nenhum dos envolvidos se importará em melhorar algo. Até porque, excelência exige investimento e investimento exige dinheiro. Quem sabe a intenção não seja apenas o lucro? Espero que não.