Deputados criticam aprovação do 'distritão' em comissão da Câmara

Deputados criticam aprovação do 'distritão' em comissão da Câmara
Foto: Reprodução

Friday, 11 August 2017

Tema gerou debate entre parlamentares de toda Santa Catarina.

Representantes de diversos partidos políticos utilizaram a tribuna na sessão plenária da manhã de quinta-feira (10/08) para manifestar contrariedade à adoção nas eleições de 2018 e de 2020 do chamado distritão para a escolha de deputados federais, deputados estaduais e vereadores.

A medida foi aprovada na madrugada de hoje pela Comissão da Câmara dos Deputados, por meio de uma emenda ao texto que trata das mudanças no sistema eleitoral, juntamente com a criação de fundo de R$ 3,6 bilhões para campanhas políticas. Para vigorar nas próximas eleições, entretanto, a proposta ainda terá que passar até outubro por votações em dois turnos nos plenários da Câmara e do Senado.

Para os deputados Altair Silva (PP) e Ismael dos Santos (PSD), a adoção do distritão, em substituição ao modelo proporcional, enfraquecerá os partidos políticos ao permitir ao eleitor votar apenas em candidatos e não mais nas legendas ou coligações. “O distritão vai tornar os partidos meras peças no processo eleitoral, justo em um momento em que o Brasil mais precisa do fortalecimento das suas instituições”, disse Silva. “Sempre me coloquei de forma muito ferrenha contra o voto em lista porque entendo que os partidos se tornariam balcões de negócios, principalmente pequenos municípios, onde candidatos não têm votos, mas tem poder”, acrescentou Ismael.

Para os parlamentares, o fim da utilização do coeficiente eleitoral nos pleitos favorecerá apenas os candidatos em busca da reeleição ou com os nomes já consolidados, diminuindo a diversidade de representação da sociedade nas casas legislativas. “Isto é um devaneio, uma mudança para beneficiar os mesmos que já estão no poder. Não concordamos com isso de forma alguma”, declarou Silva.

“Você terá, na verdade, a concentração do poder. Pode ser bom para os deputados atuais, mas não para a democracia, pois os caciques eleitorais, os que têm mais exposição e capilaridade, terão vantagem e os bons nomes não terão vez. Quero deixar a minha preocupação com esse grande acordão que está sendo feito para manter os atuais parlamentares”, frisou Luciane Carminatti (PT).

“Trata-se de uma manobra jurídica daqueles que querem se manter no poder. Se isto for aprovado, teremos uma exclusão das minorias e do próprio regime democrático, o que não pode acontecer. Acho que a população tem que ir para as ruas e impedir que isto aconteça”, finalizou Rodrigo Minotto (PDT).


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Redação

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