Governo discute compra de novo avião após suposta falha

Governo discute compra de novo avião após suposta falha
Foto: Alfredo Estrella

Thursday, 03 October 2024

Depois do avião de Lula ter voado em círculos, polêmica vontade do presidente é reacendida.

Integrantes do governo Lula (PT) afirmam que o problema técnico desta terça-feira (1º) no avião que trazia o presidente e sua comitiva de volta do México dá impulso para retomar as discussões sobre a compra de uma nova aeronave.

O tema esbarra, no entanto, em dificuldades orçamentárias. Os recursos viriam do ministério da Defesa, que foi um dos maiores afetados com os cortes neste ano. A pasta alega que sofreu queda de 47% nas despesas discricionárias nos últimos dez anos.

Auxiliares de Lula que defendem a compra de novo avião alegam que será preciso alguma forma de suplementação orçamentária, e que beneficiaria não apenas Executivo, mas os outros Poderes, que também têm integrantes do Congresso e do Supremo Tribunal Federal que viajam na aeronave com o presidente.

Lula já havia reclamado seguidas vezes de seu avião no ano passado. Um dos principais pontos de crítica era a falta de autonomia da aeronave, que obriga a comitiva presidencial a sempre fazer escalas para reabastecimento em voos mais longos.

As seguidas reclamações levaram a FAB (Força Aérea Brasileira) e a equipe responsável por sua segurança a começar a prospectar possibilidades de compra de aviões no mercado. No entanto, o assunto acabou esfriando, em um momento de maior austeridade e cortes nos gastos.

Lula havia determinado no ano passado que a Aeronáutica apresentasse opções para a substituição e pediu um avião maior e com mais autonomia. Os militares têm como plano preferencial comprar um avião com configuração VIP usado.

Os olhos recaem para a versão executiva do Airbus A330. Embora um avião zero quilômetro possa sair por mais de US$ 250 milhões (R$ 1,23 bilhão), por baixo, um aparelho usado pode sair significativamente mais barato —talvez menos que US$ 40 milhões (quase R$ 200 milhões), a depender da barganha.

No entanto, um integrante da equipe de segurança de Lula avalia que é difícil encontrar um avião usado que necessite de poucas adaptações para atender as necessidades do governo brasileiro.

Um dia após o episódio no México, integrantes do governo passaram a criticar publicamente as condições proporcionadas pelo chamado VC-1, o avião presidencial, também conhecido com Aerolula.

"A FAB tem um grupo especial que acompanha e é responsável pela manutenção desses aviões que servem a presidência. Vamos esperar qual é a análise que vão fazer, mas de fato não podemos colocar o presidente da República em uma situação como essa", afirmou o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, durante entrevista.

Padilha acrescentou ainda que a FAB precisa fazer um diagnóstico "o mais rápido possível para tomar decisões sobre isso, para que de fato tenha condições técnicas melhores para servir o presidente da República, os ministros que vão junto, o próprio parlamento".

Interlocutores na Casa Civil e no Ministério da Defesa também apontam que a discussão deverá ganhar força nos próximos dias.


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Redação

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