Donald Trump vence Kamala Harris e volta à Casa Branca

Donald Trump vence Kamala Harris e volta à Casa Branca
Foto: Divulgação

Wednesday, 06 November 2024

A votação do republicano foi expressiva: 51% a 47% dos votos.

O republicano Donald Trump será o próximo presidente dos Estados Unidos após conquistar mais de 270 delegados no colégio eleitoral, segundo projeção não oficial, mas historicamente aceita, feita por serviço elaborado por estatísticos a pedido de institutos e meios de comunicação. A vitória foi cravada às 7h32 (horário de Brasília), quando o republicano garantiu 276 delegados. Minutos depois, venceu também no Alasca, chegando a 279 delegados.

Nos Estados Unidos, a apuração é de responsabilidade de cada estado, ou seja, a contagem pode demorar semanas. Com isso, a projeção permite saber com antecedência quem será o vencedor. Vitórias na Geórgia e na Pensilvânia foram decisivas.

Vencedor em 2016, o magnata perdeu as eleições de 2020 para Joe Biden e volta à Casa Branca após 4 anos, consolidando-se como "dono" da direita norte-americana. O vice-presidente é JD Vance.

O novo governo prometeu aprofundar o corte de impostos, reduzir a inflação, recuperar a indústria americana e adotar políticas duras contra produtos chineses. A campanha também foi marcada por promessas de realizar a maior deportação de estrangeiros da história americana e fechar as fronteiras contra imigrantes.

Denunciado pela vasta proliferação de desinformação e ataque xenófobos, Trump volta para a Casa Branca quatro anos depois de ser derrotado para Joe Biden usando a frágil situação econômica do país como cabo eleitoral.

Como foi a campanha

Em cada um de seus comícios, ele abria da mesma forma: "vocês estão melhores agora ou quando eu era presidente?"

O apelo à situação sócio-econômica reverberou inclusive entre latinos e afroamericanos, tradicionais eleitores dos democratas. Nem mesmo suas condenações e investigações por crimes impediram seu retorno.

Ainda que tenha sido amplamente rejeitado pelas mulheres, ele também recorreu à guerra cultural, prometendo "anos dourados aos cristãos" e "acesso direto" desses líderes religiosos ao Salão Oval.

Trump rejeitou condenar os responsáveis pelos ataques ao Capitólio, em 2021, chamou a invasão de "dia do amor" e insinuou que poderia usar as forças armadas contra o "inimigo de dentro", numa referência a qualquer movimento que questione suas políticas.

O uso das redes sociais e o apoio de Elon Musk na difusão de teorias conspiratórias foram marcas de sua campanha. A radicalização de seu discurso conseguiu levar às urnas uma parcela da população que, em 2020, não havia saído de casa para votar.

A disputa foi marcada por um atentado contra Trump. Em 13 de julho, ele foi atingido na orelha enquanto discursava em Butler, na Pensilvânia. O atirador, Thomas Matthew Crooks, 20, foi morto por agentes do Serviço Secreto. Em 15 de setembro, outro homem foi preso acusado de planejar matar o republicano próximo a campo de golfe onde Trump, na Flórida. Em 13 de outubro, mais um homem foi preso por supostamente preparar um atentado, mas alegou que era apoiador de Trump.

O que esperar

  • Redução de inflação, corte de impostos e protecionismo devem virar prioridade. No primeiro mandato, o republicano prometeu tirar os EUA do Acordo de Paris. Agora quer cortar custos de energia expandindo a perfuração de petróleo e gás, estender o corte de impostos que ele assinou no primeiro mandato, e voltar ao protecionismo: defendeu taxar de 10% a 20% todas as importações e tarifar em mais de 60% produtos chineses. Em resposta, o chefe do IIF (Instituto Finanças Internacionais), Tim Adams, disse que essa imposição de tarifas pode aumentar a inflação e os juros.
  • Comunidade internacional em alerta por política externa. "Ele já deixou claro que pretende reformular a participação dos EUA em alianças tradicionais, como a Otan, e realinhar o país em termos de comércio e geopolítica", ressaltou Cândido. Sem detalhar, Trump disse algumas vezes que acabaria "rapidamente" com a guerra entre Ucrânia e Rússia, caso fosse eleito. Ele pode reavaliar o financiamento ao conflito.
  • Menos direitos civis e pressão contra estrangeiros. Assim como no primeiro mandato, o discurso xenófobo deve ser muito explorado. Trump chegou a citar a "Lei dos Inimigos Estrangeiros", de 1978, para defender uma deportação em massa de imigrantes. "Questões como imigração e políticas de direitos civis provavelmente serão ainda mais polarizadas, já que Trump se sente empoderado pela sua base. Podemos esperar menos compromisso com convenções democráticas, o que só aumentará o grau de tensão no país", avaliou João Cândido. "Os EUA devem assumir uma postura mais agressiva nas fronteiras, um endurecimento na questão da imigração, principalmente a ilegal", completa Cerqueira.
  • Trump vira "grande líder da direita" mundial. "Vai ser importante para o reforço da identidade de movimentos de direita e também de movimentos conservadores", ressaltou o professor do Ibmec-BH. "Para a direita americana, é a coroação de uma transformação ideológica, onde as pautas tradicionais de livre mercado e intervenção estrangeira dão lugar a uma política de identidade e nacionalismo", completa Cândido.

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Redação

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