CPI questionável expõe inexperiência da prefeitura

CPI questionável expõe inexperiência da prefeitura
Foto: Rogério Pires

Friday, 14 February 2025

Proposta com um texto mal feito podem gerar um enorme desgaste a Egídio Ferrari, mostrando sua necessidade urgente de aprender a fazer articulação política.

Na tarde dessa quinta (13) os vereadores petistas Adriano Pereira e Jean Volpato conseguiram seis assinaturas para protocolar a CPI da Merendas. Além das assinaturas deles, subscreveram Gilson de Souza (União), Jovino Cardoso (PL), Almir Vieira (PP) e Alexandre Matias (PSDB).

A proposta foi recebida pela Mesa Diretora e encaminhada à Procuradoria do Legislativo – que analisará sua legalidade – e, só então, serão definidos os membros da comissão (estabelecida em cinco vereadores) e deliberado o plano de trabalho.

O que chamou atenção foi a presença de Matias – apontado como um dos pivôs do escândalo – como um dos interessados na investigação. Algo que pode depor a favor de sua inocência ou comprometer a credibilidade da proposta apresentada.

Nesse sentido, muitos dos parlamentares blumenauenses simplesmente não acreditaram na seriedade do que foi proposto, crendo ter sido apenas uma forma populista e pouco inteligente de desgastar um governo que mal acabou de começar, ignorando o antecessor (que seria o real culpado, caso configure-se algum tipo de ilegalidade).

O vereador Flavinho Linhares (PL) deixou claro que o objeto de investigação foi impreciso, focando no novo contrato ao invés do anterior. Já Bruno Cunha (Cidadania) – um político experiente e advogado competente – ressalta que o texto foca no prefeito Egídio Ferrari (PL), ignorando o ex-prefeito Mário Hildebrandt (PL) que, nesse caso específico, seria o real culpado.

No final, a grande chance é de que essa CPI seja apenas um circo com sindicalistas pouco educados que vá acabar em absolutamente nada, sendo usado apenas para retaliar Ferrari, arranhar sua popularidade crescente e servir como palanque eleitoral para 2026. Pizza à vista.

Situação sintomática

Essa situação incomum – criada por uma CPI incrivelmente mal-redigida – escancara a dificuldade que o prefeito Egídio Ferrari tem para dialogar com o Legislativo.

A demora que o prefeito apresenta para nomear um líder de governo apenas mostra que, apesar de estar se saindo muito bem na aplicação das suas funções executivas diretas – ele está completamente perdido na sua gestão de governança. E, apesar do agravamento da situação, ele parece inerte, talvez alheio... como se tocasse violino enquanto o navio afunda.

Perder a aliança com Jovino foi um erro que poderá custar muito caro no futuro. Colocar-se entre Gilson e seu alvo (corrupção contra as merendas) poderá causar estragos muito difíceis de consertar depois. Ignorar os conselhos de pessoas experientes para ouvir sugestões delirantes e quase infantis vai fazê-lo ter que enfrentar problemas totalmente desnecessários.

E, enquanto o prefeito sangra por algo que não fez, os reais culpados podem estar fingindo inocência enquanto vivem uma bela vida na praia. Não é justo. Nem inteligente. Tampouco necessário.

Mas esse é o Brasil. Um ladrão de merendas virou vice-presidente. O que pode acontecer com outro?


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Ricardo Latorre

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