Servidores voltam à Câmara para pressionar contra alteração no ISSBLU

Friday, 21 February 2025
Com uma pauta legítima - porém uma postura desrespeitosa e deplorável - eles causam tumulto mais uma vez e partem assim que seu interesse unilateral sai dos holofotes.
E mais uma vez o plenário da Câmara de Vereadores de Blumenau ficou lotado nesta quinta (20). Em apenas dois meses do novo ano, a Casa já contou com um pedido de CPI, impasses sobre a liderança de governo e inícios de discussões entre visitantes e parlamentares.
A razão que tem levado tantas pessoas a voltar suas atenções para o Legislativo Municipal é o ISSBLU (Instituto Municipal de Seguridade Social do Servidor de Blumenau).
O Executivo propôs uma série de mudanças com o intuito de se adequar à Legislação Federal, mas há outras alterações – cujos propósitos têm sido questionados – que impactariam diretamente nas vidas dos servidores aposentados. Mudanças como o fim da aposentadoria especial voltada à Educação ou a mudança da competência de quem decide o próximo presidente do Instituto que, hoje, é um conselho administrativo e, de acordo com a proposta, passaria a ser um cargo indicado pelo prefeito.
Convocados pelo Sintraseb (Sindicato Único dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Blumenau), os servidores questionaram efusivamente a falta de diálogo entre o Executivo e a categoria.
Fato
O atual Executivo tem apresentado uma enorme dificuldade em dialogar... seja com quem for. Desde sua articulação com a Câmara – que tem se mostrado pouco mais do que pífia – até sua capacidade de conversar com os diversos setores da sociedade que compõem Blumenau.
O ISSBLU é um dos calcanhares de Aquiles do município há muito tempo.
Servidores que deram os melhores anos de suas vidas para servir à cidade, hoje têm que confrontar insegurança e instabilidade em seu futuro financeiro. E isso está errado.
Por outro lado, a somatória entre o envelhecimento natural da população brasileira e o atual sistema previdenciário, cria um panorama muito preocupante para quem pretende se aposentar (seja na esfera pública ou privada). A correlação entre pessoas saindo/entrando no mercado de trabalho criou uma pirâmide que não poderá se sustentar por muito tempo.
Piorando ainda mais a equação, temos a Furb: uma excrescência pública que cobra mensalidades e que não soube disputar seu mercado quando viu surgirem concorrentes de peso ou quando precisou lidar com o crescente desinteresse dos jovens por suas ofertas de Ensino.
É intolerável que uma pessoa que trabalhou por toda uma vida não se aposente. Mas é necessário entender quantas das suas demandas podem ser objetivamente atendidas na prática.
Opinião
A prefeitura será obrigada a realizar mudanças (até por um quesito de adequação) e isso precisará ser discutido na Câmara. Deve ser transparente? Sim. Mas as decisões dos vereadores também devem ser respeitadas, ao invés da tentativa de pressão que temos visto.
O Sintraseb é barulhento. Ameaça greves como quem dá “bom dia”. Lota o plenário com pessoas indisciplinadas que não respeitam o rito da Casa e se portam com se estivessem em suas próprias salas. Alguns, ex-professores.
Lamentável imaginar que muitas dessas pessoas, profissionais experientes da Educação, demonstram em plenário exatamente o mesmo mau comportamento que tentavam coibir em seus alunos. Apenas mais um exemplo de uma triste propensão a exigir benesses que eles mesmos não dão. Afinal, pela sua atitude, ‘respeito’ e aparentam ter apenas uma via.
O reflexo de um país que esperneia por direitos enquanto ignora seus próprios deveres.
Independente de discordar das (pouco úteis) moções ou da velocidade no andamento das sessões, decoro é decoro. Seja numa sala de aula, seja numa assembléia legislativa.
Democracia não é gritar quanto se discorda ou erguer faixas atrapalhando a visão de quem está interessado em toda a reunião (ao invés de se importar apenas com seus interesses pessoais e ir embora em manada assim que tais interesses já foram discutidos).
Cada vez que um presidente de uma Casa Legislativa precisa pedir silêncio – ou ameaçar com medidas menos tolerantes – o retrato que se pinta é uma triste realidade onde educadores esquecem a Educação que passaram anos ensinando e tornam-se os mesmos alunos alienados que tanto desgosto lhes causavam.
E aqui nem estamos considerando a qualidade desses profissionais, afinal, o que mais vemos é soberbos e ignorante professores de Português da rede pública dizendo “estrupo” e docentes de Ciência militando por causas absolutamente não-científicas. A proposta desse texto é apenas deixar claro que a forma como se pede algo importa tanto quanto aquilo que é pedido.
Sua demanda é importante, sim. Esses homens e mulheres suaram, sofreram e se dedicaram a algo que agora, na parte de suas vidas voltadas ao descanso e à recompensa, deve-lhes ser retribuído. Mas eles não podem esquecer aquilo ensinaram em toda a sua jornada: respeito.
É um assunto que exalta os humores, sim. Causa insegurança e revolta. Mas é nos momentos da guerra que o soldado mostra seu real caráter. Hemingway alertava para que jamais confundíssemos movimento com ação. Uma frase que, apesar de óbvia, é tão difícil para que alguns compreendam.
Resta torcer para que os direitos dessas pessoas sejam respeitados. Mas também se deve exigir que elas – de igual forma – respeitem os direitos dos outros.
Guia-se mais pelo exemplo do que por qualquer outra coisa. E que exemplo têm dado?