Conheça mais um pouco sobre Ito de Souza

Thursday, 06 March 2025
Você sabia que ele já jogou futebol? Ou que trabalhou num açougue? Essas e outras curiosidades, na matéria a seguir.
Na semana passada, conversamos com o vereador Ito (PL) – que atualmente ocupa a cadeira de presidente da Câmara de Vereadores – para conhecer um pouco mais sobre o homem que pode entrar para a História da cidade por enfim ter tirado o Legislativo do aluguel.
Nascido em 6 de setembro de 1964, Ailton de Souza começou a trabalhar desde muito cedo, aos 12 anos. Iniciando a vida como ajudante de açougueiro, percebia que havia muitas pessoas pobres que não conseguiam comprar comida e, comovido, sempre dava um pouco mais de carne do que a pessoa havia pedido.
O princípio da sua história foi na região da Ponte do Salto, onde cresceu e acabou se envolvendo em atividades sociais com entidades locais como o Esporte Clube Bandeirantes: de onde foi atleta, dirigente e participou da criação de uma escolinha de futebol que em muito apoiou os jovens da comunidade. Também fez parte da diretoria da Associações de Moradores do Horto Florestal e da Tatutiba, onde ajudou na regularização dos loteamentos da Vila Bromberg. Tudo isso nas décadas de 80 e 90. Também esteve na diretoria da Associação de Pais e Professores da Escola Profª Áurea Perpétua Gomes e foi associado da AFABLU (Associação de Futebol Amador de Blumenau).
Em 2006 foi assessor do vereador Leo Cristelli (então no PDT) aperfeiçoando seus conhecimentos sobre a área legislativa e adquirindo novas experiências. No ano seguinte, teve que deixar a política um pouco de lado para se dedicar aos negócios como representante comercial de grandes redes de mercados atendendo de Blumenau a Ituporanga, mas retornou em 2008, quando se candidatou a vereador fazendo 1.310 votos... uma boa votação para um primeiro pleito e que lhe garantiu assumir a cadeira de vereança como suplente por dois meses, em 2009.
Na época foi co-autor de um Projeto de Lei que fazia os funcionários comissionados também terem que bater ponto, uma iniciativa que os desagradou, mas teve a aprovação da comunidade. “Eu trabalhei em órgão público uns meses e ali os concursados sempre reclamavam – ‘poxa o pessoal no Samae aqui, comissionados, eles nem vêm trabalhar, não batem ponto, não têm o controle nenhum’ – e eles ficavam na fila faltando cinco minutos para encerrar o horário para bater o cartão naquela organização... e fiz o encaminhamento, quando assumi como vereador em 2009, para que fosse batido o cartão de pontos dos comissionados... na época o prefeito não acatou, mas o Ministério Público se envolveu e alguns anos depois obrigou o Executivo a aplicar essa Lei para controlar a jornada de trabalho devido a muitas denúncias de cargos fantasmas” – relata.
Ele seguiu a vida trabalhando como vendedor, mas sempre com o chamado ao serviço público pulsando dentro de si, até se candidatar pela segunda vez em 2012, fazendo 2.094 votos e garantindo a vaga de primeiro suplente.
Os anos posteriores foram de grande desafio para ele, que dividia sua rotina entre a Ouvidoria da Câmara e sua confecção que fabricava estopas. O homem que iniciara sua vida parlamentar enfrentando com coragem os maus costumes políticos acabou vivenciando, em 2015, um angustiante problema de saúde até então desconhecido. Mas ele não se renderia... e no final daquele ano o vereador Cezar Cim (PP) lhe permitiu assumir a vereança por dois meses.
Mesmo adoecido, ele aceitou o desafio, manteve-se firmemente no cargo pelo tempo que tinha e sentiu suas forças renovadas para continuar na política, se filiando ao PR (hoje PL).
Todo o seu esforço não foi em vão e, em 2016, ele conseguiu se eleger vereador pela primeira vez com 2.279 votos... 17 a mais do que o então vereador Robinho Soares. E disso, nós – da redação – lembramos com carinho, porque este redator que vos escreve havia apostado R$ 100 que Robinho não se elegeria. Foi realmente uma noite memorável.
Sua vereança foi marcada pelo combate à corrupção e isso ficou muito claro em sua cruzada pessoal contra os fiscais corruptos do município. “Todo mundo falava: ‘ah... todo mundo rouba na fiscalização e ninguém nunca fez ou fazia nada... todo mundo quieto... ninguém queria mexer porque o pacote era muito grande, com medo e com receio, e eu acabei fazendo algumas denúncias e, dessas denúncias que eu fiz aqui na tribuna, apareceram quase 80 casos... 80 casos onde deu prisão em flagrante, condenação de quatro anos, exoneração de cargo público... até ano passado ainda foi mais uma servidora exonerada do cargo público... foi 13 ou 14 processos que seguiram adiante... além disso, denunciei mais algumas situações: na Pedra do Boa Vista, a cobrança dos valores estava em R$ 87 mil e eu provei que R$ 27 mil conseguiria explodir ela (a pedra)... denunciei mais algumas coisas referentes lá na Vila Itoupava, como o agricultor fantasma, ou lá no Samae... denunciei gratificações irregulares, no Centro empresarial, também, que receberam recursos indevidos da Lei 179” – nos conta.
Em 2020, já com a reputação de alguém que poderia carregar a estrela de xerife do Poder Público, voltou a se eleger com 2.638 votos. Incomodado com a impressão imatura que algumas pessoas têm de que todos os políticos são iguais, sua trajetória mostra que alguns podem ser diferentes.
Finalmente, em 2024, ele fez a impressionante marca de 5.619 votos, provando que sua mensagem de política séria e realista estava atingindo um número crescente de pessoas e se alçando ao posto de terceiro vereador mais bem votado daquele pleito. Agora seu nome estava consolidado por toda a cidade, não apenas em suas áreas eleitorais.
Pela primeira vez na presidência da Câmara, ele entendeu o tamanho dos desafios, manteve os pés no chão e afirma estar pronto para dar o máximo de si dentro da legalidade.
Quando perguntado sobre a repercussão da sua caça aos fiscais corruptos nos anos anteriores, admite que houve muitas ameaças, obrigando-o a mudar totalmente de vida: desde curso de tiro e porte de arma registrada até seguro de vida ou rotas alternativas no caminho para casa. Ele revela que não eram incomuns ligações anônimas, mas que jamais temeu por nada senão por sua família.
Já sobre a diferença entre a presidência e suas experiências anteriores na vereança, ele crê que o trabalho do vereador é mais ‘solto’, lhe dando maior mobilidade de agenda. Já o trabalho de presidente, exige uma atenção redobrada, porque tem a ver com gestão e ele faz questão de ler e pesquisar absolutamente tudo que assina. Ele prefere lidar com o peso da responsabilidade excessiva do que ser pego desprevenido por algo que deixou passar.
E, certamente, a mudança da sede da Câmara é um assunto que toma muito de sua atenção.
Ele revela que, ao sentar na cadeira da Presidência, a primeira coisa que fez foi buscar o contrato de locação do imóvel onde hoje fica o Legislativo Municipal e que espantou-se ao saber que já havia uma renovação contratual até 2027 feita ainda em dezembro, antes que assumisse a cadeira. Ele também encontrou no documento cláusulas das quais discordou.
Reavaliou o projeto anterior da nova sede e – percebendo o valor exorbitante que poderia chegar a R$ 40 milhões – reuniu-se com sua equipe em busca de alternativas viáveis.
Foi quando encontraram o prédio do antigo S.O.S Vestiba, com 5 mil m² e já em posse do Poder Público, além de bem localizado e com diversas possibilidades de novas instalações, sem contar o amplo estacionamento. Realmente uma escolha prática e objetiva.
Durante a conversa, revelou que esteve recentemente com o procurador do município, Éder Boron, que lhe deu boas notícias sobre a possibilidade. Quem sabe, então, logo ele possa dar sequência às tramitações necessárias, como processos licitatórios e o projeto da nova sede em si.
Ele frisa que deseja criar um ambiente que seja acolhedor para a comunidade e possa alegrar os servidores da casa, que hoje trabalham em áreas amontoadas sem ter sequer um espaço para tomar um café. Cogita, inclusive, criar uma área para a Associação dos Servidores da Câmara Municipal de Blumenau.
A verdade é que – independente da sua opinião sobre o projeto – a Câmara de Vereadores de Blumenau nunca esteve tão próxima de ter uma sede própria de forma realista e plausível.
Ainda sobre a sede, ele salienta: “eu sempre penso que, aqui, nós somos passageiros... eles (os servidores) que vão ficar para sempre até se aposenta... e a gente, aqui, acaba o mandato, vai ter que seguir a vida, mas quero seguir a minha vida deixando uma marca: que pelo menos eu conseguir fazer com que saísse do papel a luta de muitos e muitos anos... e hoje pagar R$ 87 mil de aluguel – R$ 1 milhão por ano – é muito dinheiro... então era mais viável ter ficado lá no prédio da prefeitura sem aluguel do que ter que gastar esse dinheiro aqui ao longo desses 13 anos e o que foi gasto em mobília também aqui... teoricamente gastamos mais de R$ 20 milhões aqui e esse dinheiro podia já ter construído uma série lá atrás”, conclui.
Ito de Souza, certamente, deixou uma marca indelével no Legislativo Municipal e promete fazer história na presidência da Casa.
Desde 2009 – quando começou a dificultar as vidas de funcionários fantasmas – até sua gestão na Ouvidoria, ele deixou claro que é um homem honesto e tem uma coragem que poucas vezes Blumenau viu. Seja livrando a cidade de dezenas de fiscais corruptos ouimpedindo indiretamente que um ex-parlamentar cassado agisse ao vencê-lo no pleito de 2016, ele tem sido de grande importância para a moralização da nossa política. Além do prestígio que dá para eventos comunitários locais, como o carnaval do Salto do Norte, onde é profundamente querido por todos os envolvidos.
Ex-microempresário, casado e pai de dois filhos, ele é um grande exemplo do bem que um homem comum pode fazer quando chama a responsabilidade social para si, arregaça as mangas e luta sem medo pelo mundo que acredita ser certo.
E eu o agradeço porque, nove anos atrás e involuntariamente, ele me fez vencer a Fê em uma aposta.