Sindicalista sofre críticas após covardia contra vereadora

Sindicalista sofre críticas após covardia contra vereadora
Foto: Divulgação

Wednesday, 12 March 2025

Coordenador geral do Sintraseb havia atacado de forma machista a vereadora Silmara Miguel e pode acabar sendo proibido de entrar na Câmara.

Nesta terça (11) cinco vereadores manifestaram sua insatisfação com os ataques covardes que o coordenador geral do Sindicato Único dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Blumenau (Sintraseb), Sérgio Bernardo, fez contra a vereadora Silmara Miguel (PSD).

O bate-boca aconteceu quinta (6)  por conta do projeto de mudanças que a prefeitura havia enviado à Câmara sobre o Instituto Municipal de Seguridade Social do Servidor de Blumenau (Issblu). O sindicato foi a praticamente todas as audiências de forma desrespeitosa e barulhenta, sendo necessária até a presença da PM para garantir a ordem no local.

Durante a sessão de ontem, o vereador Marcelo Lanzarin (PP) subiu à tribuna e sugeriu uma moção de repúdio contra Bernardo por seu comportamento agressivo contra a vereadora do PSD. Já o vereador Almir Vieira foi ainda mais longe propondo que a Mesa Diretora proíba a presença de Bernardo na casa, afirmando que o sujeito “só tumultua”. Bruno Cunha (Cidadania) lembrou que o sindicato que Bernardo representa tem espalhado uma mentira pelas redes sociais sobre uma falsa taxação de 14% nos aposentados do Issblu. Diego Nasato (Novo) chamou atenção para o fato de que o desespero sindical era motivado apenas pelo medo mesquinho da perda de poder político. E Silmara, por fim, agradeceu os apoios e disse que o problema é Bernardo ser uma pessoa longe das câmeras e um personagem perto delas. Jean Volpato (PT) tentou amenizar a situação, relembrando que, depois da celeuma, Bernardo pediu desculpas a Silmara.

O sindicato emitiu uma nota dizendo, entre outras coisas, que: ”A tentativa de aprovar uma moção de repúdio contra Sérgio Bernardo não passa de uma manobra para silenciar a voz daqueles que defendem os trabalhadores e denunciam as injustiças praticadas pelo poder público”

Já o vereador Bruno Cunha, nos disse: “Compreendo que as idéias devem ser defendidas de uma forma civilizada... de uma forma equilibrada... e respeitando o direito dos outros pensar de forma diferente, afinal, Democracia se faz com respeito [...] acho que o ponto que tem que frisar, é essa fake news que está correndo, porque está virando verdade em grupos de WhatsApp... uma postagem de um sindicato, vamos lá... quando você olha essa arte, o que você entende? Que a gente votou o conteúdo disso. Embora o texto explique o que aconteceu,  a arte que está circulando faz (induzir ao erro). Agora pensa a minha situação, que votei contra o conteúdo quando de fato isso foi em votação, isso foi em 2022... os ataques que eu estou sofrendo, o prejuízo que eu estou tendo por isso”, desabafa,

A arte com a informação falsa à qual ele se refere é essa aqui embaixo.

Fato

O Issblu tem erros históricos que precisam ser corrigidos, pois geram insegurança aos servidores e grande constrangimento tanto ao Legislativo quanto ao Executivo que precisam, freqüentemente, lidar com pressões desnecessárias para aprovar ‘penduricalhos’. Um problema que surgiu mais de 20 anos atrás, ainda na gestão Décio Lima (PT).

A postura do Sintraseb foi autoritária. Ao gritar durante os pronunciamentos e vaiar os discordantes, as pessoas presentes na sessão tumultuaram o local em todos os momentos que puderam, portanto o ambiente tenso e dificultando até mesmo que PCDs acompanhassem as falas.

Sérgio Bernardo agiu de forma truculenta e incitava – a todo o momento – as pessoas que trouxe a se manifestar de forma efusiva (e até agressiva). A impressão que passavam era a de querer constranger (ou intimidar) os vereadores para que baixassem suas cabeças e obedecessem sua visão pessoal de como as coisas deveriam ser. Não soa democrático.

O sindicato produziu e compartilhou uma arte (acima) na qual espalha uma informação falsa e, querendo ou não, serve como agente difamador de dez parlamentares democraticamente eleitos.

Enquanto isso, Silmara Miguel – a vítima dos gritos de Bernardo – é conhecida por ser uma parlamentar muito simpática e educada com todos. É uma pessoa de fácil acesso político que não guarda para si rancores ou inimigos. Contudo, não se deixou intimidar por um sujeito muito maior que ela berrando como um fanático.

Não há nenhuma defesa racional a ser feita sobre os atos de Bernardo.

As regras de decoro não se aplicam apenas aos vereadores... os visitante também precisam segui-las. E, naquele momento, regras fundamentais foram quebradas de forma indelével. Unilateralmente, já que nenhum parlamentar faltou com respeito aos sindicalistas.

Opinião

Concordando ou discordando das decisões da Câmara, a obrigação da toda a sociedade é aceitá-las. São 15 vereadores eleitos democraticamente em um pleito que representam, em tese, todos os habitantes da cidade. Chama-se de Casa do Povo porque o voto (de confiança) que cada eleitor deposita neles lhes confere poder para falar por si. Democracias reconhecem isso. Ditaduras não. É um preceito básico de qualquer república minimamente séria.

O Sintraseb age com truculência e sempre tenta impor a sua vontade usando a força. Seja com gritos, multidões barulhentas os greves. E, sempre que estão errados, tentam culpar terceiros. Ao emitir uma nota dizendo que uma moção de repúdio contra Bernardo seria um pretexto para calar a voz do ‘povo’, apenas se escondem de forma narcisista do fato de que uma de suas lideranças berrou com uma mulher de maneira machista e tóxica (usando palavras que a própria Esquerda costuma usar).

E Bernardo fez isso. Aliás... não é de hoje esse tipo de comportamento.

Honestamente, o coordenador geral de um dos maiores sindicatos da cidade mais parecia um bêbado de periferia arrumando briga com todo mundo que discordasse. Atacou o vereador Amir Vieira, chamando de “golpista” e tratou com hostilidade e estupidez a vereadora Silmara. Enquanto hostilizava os parlamentares, demonstrava medo da polícia. Medo de que? De que a Polícia Militar fizessem com ele justamente o que ele estava fazendo com as pessoas?

O presidente da casa, Ito de Souza (PL), foi cortês e educado, mas foi reiteradas vezes ignorado por Bernardo, que chegou a discutir de forma desrespeitosa até com funcionários do local.

É curioso como ele ergue-se – com o dedo em riste – para uma vereadora, aos berros e com tom de ordem, mas acovardou-se no momento em que o vereador Egídio Beckhauser (Republicanos) gritou de volta. Seria pela mesma razão que se sentia intimidado pela PM? Porque gritar com mulher é fácil, mas confrontar um homem seria demais para si?

A postura de Sérgio Bernardo com certeza daria muito orgulho a todos os generais de linha dura que governaram o Brasil na Ditadura Militar e tinham traquejos similares aos dele. Talvez, para algumas pessoas, o problema de 64 não seja o regime, mas sim quem estava nele. Até porque seus detratores, não raramente, vivem às loas com Che Guevara, Fidel e Stalin.

E não adianta a bancada petista dizer que ele se desculpou porque isso avilta seus próprios princípios de sororidade. Afinal, se um marido que agride a esposa pede desculpas, muda o fato da agressão? A Esquerda diria que não. Mas, claro, muda quando envolve a própria Esquerda.

E o mesmo vale para fake news. Se é uma idosa compartilhando alguma informação imbecil sobre alienígenas, formato da Terra ou clones... é fake news. Se é um cidadão preocupado tendo uma dúvida legítima sobre o processo eleitoral (sem teorias da conspiração estapafúrdias)... é fake news. Se é uma cozinheira indignada compartilhando uma informação real sobre uma péssima ação do Governo Federal para monitorar o PIX... é fake news.  Mas um sindicato inventando informações falsas e as disseminando... seria o que? Assim como justificam as ações de Bernardo dizendo que ele está sendo retaliado por defender o povo, não seria espantoso se não assumissem a mentira e dissessem estar sendo atacados por forças anti-democráticas quando, até agora, a única postura anti-democrática foi a deles.

Como já dissemos anteriormente, sua pauta era legítima, concordando ou não com ela. Mas seus métodos são vis. Seu coordenador desrespeitou deliberadamente vários parlamentares, enquanto ab rogava respeito para si e demonstrava medo ante a Polícia Militar.

A verdade é que o que motivou toda a confusão causada pelo sindicato muito pouco teve a ver com o bem-estar dos servidores aposentados. Como Nasato frisou, o grande problema do Sintraseb foi perder a oportunidade de eleger o Conselho de Administração. A dúvida que fica é: qual seria o posicionamento deles se os dez vereadores difamados fossem às suas assembléias gerais acompanhados de centenas de pessoas gritando e desrespeitassem a todos, chegando a agredir verbalmente mulheres (porém, se desculpando depois)?

Sérgio Bernardo prestou um desserviço enorme para a sua própria causa e tornou a defesa que seus aliados fazem dele algo muito oneroso. Ele passou dos limites e todos viram isso.

O sindicato – que exige reparações de forma tão virulenta quando o assunto envolve os ex-prefeitos João Paulo Kleinübing, Napoleão Bernardes e Mário Hildebrandt – finge que o problema não existe quando o seu cerne começa com Décio Lima (PT), seu importante aliado.

Quanto à vereadora Silmara, restam apenas os mais sinceros votos de solidariedade pela covardia sofrida e de congratulações pela coragem de enfrentar alguém que se valia de uma turba para crescer (mas que rapidamente perdeu tamanho quando confrontado por outro homem). Se esse episódio dantesco tornou Sérgio Bernardo menor, tornou Silmara Miguel maior.


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Ricardo Latorre

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