Papa Francisco morre: quem será seu sucessor?

Tuesday, 22 April 2025
Líder carismático, o ex-pontífice deixa um legado progressista e seus dois mais prováveis sucessores são italianos.
A notícia da morte do Papa Francisco, aos 88 anos, ontem (21), ecoou pelo mundo, provocando ondas de luto e reflexão. Sua partida, causada por um AVC seguido de insuficiência cardíaca, encerra um capítulo marcante na história da Igreja Católica, um período de reformas, controvérsias e um estilo pastoral que buscou aproximação com a dita 'justiça' social.
Para entender a magnitude desse momento, é preciso contextualizar a importância da Igreja Católica ao longo da história. Fundada nos ensinamentos de Jesus Cristo e com raízes firmadas em São Pedro, considerado o primeiro Papa, a Igreja exerceu influência colossal na formação da civilização ocidental, moldando a política, a cultura e a moral por séculos. O Vaticano, sede central dessa fé, conquistou sua independência como Estado apenas em 1929, garantindo a autonomia necessária para a missão espiritual da Santa Sé. Ao longo dos séculos, papas como Leão I, Gregório VII e Inocêncio III deixaram marcas indeléveis, ora consolidando o poder da Igreja, ora navegando por crises e transformações.
Com a Sé Vacante, os olhos do mundo se voltam para a Capela Sistina, palco do Conclave que elegerá o sucessor de Francisco. A tradição dita que cardeais com menos de 80 anos se isolam para, em meio a orações e votações secretas, escolher o novo líder da Igreja. A fumaça que emana da chaminé – preta se nenhum nome alcançar dois terços dos votos, branca anunciando o "Habemus Papam" – prende a atenção de milhões.
Nesse cenário de expectativa, alguns nomes emergem como possíveis favoritos. O cardeal Pietro Parolin, experiente Secretário de Estado, é visto por muitos como um nome capaz de unir as diferentes alas da Igreja, um diplomata hábil para um tempo de potenciais divisões. Já o cardeal Matteo Maria Zuppi, arcebispo de Bolonha, surge como um continuador do estilo pastoral de Francisco, com forte ênfase no assistencialismo. Outros nomes, como o filipino Luis Antonio Tagle e o ganês Peter Turkson, também circulam, representando a crescente diversidade da Igreja global. Contudo, a complexidade do Conclave e a ação do Espírito Santo (para os crentes) tornam qualquer previsão uma mera estimativa. Analistas apontam, porém, para uma ligeira vantagem de Parolin, dada sua capacidade de agregar diferentes sensibilidades dentro do Colégio Cardinalício.
O legado de Francisco, cuja vida se iniciou em Buenos Aires, é um ponto crucial na análise do futuro da Igreja. Seu papado representou uma ruptura com estilos anteriores, com uma ênfase em ações consideravelmente populistas, como a inclusão de marginalizados e críticas às desigualdades. Sua encíclica sobre o meio ambiente, Laudato Si', ecoou para além dos muros da Igreja, impulsionando debates sobre a crise climática. No entanto, sua gestão também enfrentou críticas, especialmente em relação à forma como lidou com os escândalos de abuso sexual e à percepção de lentidão em algumas reformas internas. Para muitos conservadores, algumas de suas aberturas pastorais levantaram questionamentos sobre a fidelidade à tradição doutrinária.
Ainda assim, o impacto de Francisco é inegável. Ele reacendeu o debate sobre o papel da Igreja no mundo contemporâneo, desafiando o status quo e convidando os fiéis a uma fé mais engajada com as necessidades dos mais vulneráveis. O próximo Conclave terá a árdua tarefa de discernir qual caminho a Igreja Católica trilhará: manter a rota de abertura e reforma iniciada por Francisco, buscar um retorno a tradições mais firmes, ou encontrar um novo equilíbrio que una as diversas sensibilidades dentro do seu vasto rebanho global. O legado do Papa argentino, com suas luzes e sombras, certamente moldará as discussões e as escolhas que os cardeais farão na busca por um novo líder para a Igreja no século XXI.