Blumenau aprova a Lei Anti-Oruam

Friday, 18 July 2025
De autoria do vereador Flavinho, agora a lei segue para a sanção do prefeito.
Nesta quinta (17) a Câmara aprovou um Projeto de Lei que proíbe uso de dinheiro público para shows com apologia ao crime e drogas.
De autoria do vereador Flavinho Linhares (PL), a proposta se inspirou na iniciativa criada pela vereadora paulista Amanda Vettorazzo (União) – conhecida liderança nacional do MBL – que comprou uma briga pessoal com apologistas do crime organizado e os acéfalos que os idolatram.
“Apologia ao uso de drogas não é cultura”, afirma o vereador Flavinho, enquanto a vereadora Silmara Miguel (PSD) conclui: “estamos vendo o crime sendo transformado em um símbolo de status social ou em um modelo de sucesso [...] nos dias de hoje a incitação do crime não começa com armas nas mãos, ela começa com rimas nos fones de ouvido”.
A lei foi aprovada e segue para a sanção do prefeito.
A Lei Anti-Oruam
Ao contrário da argumentação burra de seus detratores, a Lei Anti-Oruam não é preconceituosa com a favela. Ela combate ações criminosas concretas que envolvem o aliciamento de menores por facções e o uso de dinheiro público para uma lavagem cerebral social que tem corroído os grandes centros do país.
Dizer que a lei é preconceituosa contra populações mais pobres é, em si só, preconceituoso, pois dá a clara impressão de que quem faz tal afirmação crê que todos os pobres são criminosos.
A confusão entre a lei e um suposto combate à música se dá por má interpretação ou, em alguns casos, por desinformação deliberada. A proposta de Amanda Vettorazzo não trata de censura musical nem dá poderes para criminalizar expressões artísticas. Além disso, a lei não menciona letras ou artistas e não pune ninguém por ouvir, compor ou divulgar músicas. O que ela faz é criar instrumentos legais e operacionais para que diretores, conselheiros tutelares e o Ministério Público possam agir quando alunos estão sendo cooptados por organizações criminosas dentro do ambiente escolar.
Portanto, a Lei Anti-Oruam combate o tráfico de verdade ao interromper o ciclo de aliciamento, que muitas vezes começa com abordagens dentro da escola por parte de criminosos que buscam cooptar adolescentes para transporte de drogas, vigilância, ou mesmo para venda e cobrança.
Poze do Rodo
Inferior à inutilidade. É assim que podemos definir Marlon Brendon Coelho Couto da Silva.
O sujeito começou a trabalhar para o Comando Vermelho na favela do Rodo (RJ) há, pelo menos, dez anos. Em 2019 foi preso por tráfico, associação ao tráfico, corrupção de menores e apologia ao crime durante um show em Mato Grosso, onde menores estavam envolvidos
Faz shows exclusivas em áreas dominadas pela facção com apologia explícita a eles para um platéia composta por traficantes armados ostentando fuzis.
Ele é investigado por apologia ao crime (art. 287), associação ao tráfico e lavagem de dinheiro, além de responder inquérito por suposta tortura e cárcere privado contra um ex-empresário. Como fica perceptível, muito inferior a um ser humano minimamente decente.
Esse ano ele foi preso.
Seus fãs marginais e imbecilizados passaram a tratar sua detenção como perseguição política e causaram tumultos espontâneos com depredações, bloqueios de vias, vídeos violentos nas redes e chantagens de lei do silêncio para proteger o vagabundo.
Oruam – o cidadão que dá nome à essa lei – subiu no teto de um ônibus parado e incitou uma multidão de pessoas desprovidas de qualquer processo cognitivo ou dignidade ao caos.
Quem é Oruam?
Mauro Davi dos Santos Nepomuceno (Oruam) não é um mero expectador nessa história.
Seu pai é Marcinho VP... um dos principais líderes da facção Comando Vermelho ao lado de Fernandinho Beira-Mar. Preso desde 1996, condenado por crimes como homicídio qualificado e formação de quadrilha. Mesmo de dentro da prisão, é considerado uma figura de grande influência na organização. E Oruam tem se dedicado a pedir a soltura desse sociopata.
Mas isso piora. Além do pai, ele também se dedica a tentar elevar a memória do tio, ninguém mais e ninguém menos que Elias Maluco.
Para quem não lembra, Elias Maluco torturou e matou o jornalista Tim Lopes em 2002 porque este realizava uma reportagem onde investigativa sobre exploração sexual de menores e venda de drogas em bailes funk na Vila Cruzeiro.
Esse ano, Oruam também foi preso por direção perigosa com carteira suspensa e por abrigar um traficante foragido em sua casa. Frequentemente promove o Comando Vermelho em suas letras, presenças públicas e faz apologia (implícita ou não) de crimes graves em shows.
Muito além da dissonância sonora que se finge ser música
Hoje o Comando Vermelho contra cerca de 24% dos bairros do Rio de Janeiro. O que causa um terrível impacto em cerca de 2 milhões de pessoas.
Os territórios que eles dominam passam a ser seus feudos. Às populações – já empobrecidas – são dominadas regras e leis próprias. Impõe-se a eles a cobrança de taxas por segurança (contra eles mesmos), transporte ilegal, gás e água. Até mesmo moradores de casas próprias precisam pagar aluguel para eles. Sem mencionar os muitos casos onde o Estado é escorraçado, como no caso dos postinhos de saúde que são fechados pelo tráfico.
Além disso, o Comando Vermelho e o PCC formaram uma aliança estratégica para lavar dinheiro juntas: movimentaram cerca de R$ 6 bilhões em 1 ano, por meio de empresas de fachada, fintechs, bancos digitais (como o 4TBank), e intermediadoras contábeis sem autorização legal. Bailes funk financiados por facções criam uma imagem cultural positiva e abrem mercado shows com propagandas ao tráfico — artistas são usados como hype.
Muito mais profundo do que isso, investigações da Operação Cadeia Velha revelam que facções conseguem influenciar nomeações de juízes e decisões na Assembléia Legislativa do Rio, por meio de propina via empresários e políticos ligados ao setor de transportes.
Há relatos de conivência ou cumplicidade de autoridades (delegados, promotores) em áreas de domínio do CV, permitindo que operações criminosas sigam ocultas ou protegidas.
Uma gênese controversa
O Comando Vermelho surgiu na prisão de Ilha Grande (RJ) nos anos 70, durante a ditadura militar, quando criminosos comuns foram encarcerados junto a militantes de esquerda ligados a organizações armadas como o MR-8 e VAR-Palmares. A convivência que resultou na troca de táticas de guerrilha, disciplina organizacional e até vocabulário político.
A facção adotou o nome “Vermelho” não por acaso: refletia uma inspiração ideológica inicial em valores coletivistas, disciplina hierárquica e resistência ao sistema, numa simbiose entre o crime e discursos revolucionários.
Até hoje ecoam elementos da retórica da esquerda radical, estabelecendo uma ambígua e, em alguns contextos, funcional relação com partidos e grupos que se dizem contrários ao “Estado opressor”, ainda que ignorem ou relativizem o terror cotidiano imposto pela facção nas comunidades dominadas. Ou alguém aqui se esqueceu do “diálogo cabuloso”?
O crime como agente político
De uns anos para cá o Comando Vermelho busca se legitimar politicamente e socialmente, ainda que não de forma oficial como um partido.
Essa aspiração se manifesta por meio da infiltração em comunidades, influência em campanhas eleitorais locais e lavagem de dinheiro via estruturas legais, criando um poder paralelo que mimetiza funções de Estado — controle de segurança, justiça própria, assistência e ‘governo’ comunitário.
E isso é perigosíssimo.
Basta lembrar que as FARC (Forças Armadas Revolucionárias Colombianas) – uma guerrilha comunista e terrorista – se transformaram em partido após uma série de atentados que forçaram um acordo de paz em 2016. Isso gerou revolta popular, já que líderes envolvidos em sequestros, execuções e narcotráfico não foram punidos adequadamente e ainda obtiveram cadeiras no Congresso, passando a gozar de foro privilegiado. O país sofreu com o descrédito das instituições, aumento de dissidências armadas e descrença no sistema democrático.
Outro exemplo, a um oceano de distância de nós, o Hamas nasceu como braço armado da Irmandade Muçulmana e se tornou partido político após vencer eleições em Gaza em 2006. Desde então, governa com autoritarismo, censura, leis islâmicas radicais e usa infraestrutura civil para abrigar arsenais e escudos humanos, gerando guerras recorrentes com Israel. O resultado foi o isolamento internacional de Gaza, destruição da economia local e radicalização da população. Isso sem mencionar o terrorismo e os estupros coletivos.
Assim como o crime se estabeleceu como status quo na Colômbia ou no Levante, ele também busca seguir o mesmo caminho aqui. E isso simplesmente não pode acontecer.
As consequências
O Comando Vermelho já está em Blumenau. Em abril de 2024 um líder da facção vindo do Pará foi preso aqui. Com mandados pelos crimes de roubo, sequestro e associação ao tráfico, estava escondido na cidade há meses. Em fevereiro desse ano, outro foi preso.
Em 2021, a Operação Sequentia já havia condenado uma rede de facção e tráfico na região, totalizando mais de 150 anos de pena distribuída entre os envolvidos. O MP e GAECO inauguraram nova sede em Blumenau em novembro de 2024, reforçando a estrutura para combater organizações criminosas no estado para coibir o seu crescimento.
No Rio de janeiro, pessoas comuns são mortas pela cor da camisa, o corte de cabelo ou um símbolo em uma foto de uma rede social. Isso deve ser repelido com toda a violência aqui.
Traficantes não são contraventores charmosos, são animais imorais.
Amanda Vettorazzo sofreu todo o tipo de ameaças por conta de sua lei. Desde um vídeo no qual Oruam pede para “darem Jack para ela” – em um jargão que faz referência ao estupro – até um demente imbecil qualquer mandando vídeos para ela portando armas de fogo.
Conclusão
Assim como os romanos foram invadidos por vândalos, nossos centros têm sido tomados pelo crime organizado. Exatamente como os hunos e os visigodos. Violência extrema, estupros como arma psicológica, tomada de territórios e luta pelo espólio do atacado.
Não há ética ou conduta moral. Essas pessoas cometem crimes que seriam condenados até mesmo na guerra. Crimes similares aos cometidos na Faixa de Gaza ou Ucrânia.
Quando um jovem é executado porque – sem saber – fez o símbolo de outra facção em uma fotografia, isso vai muito além da brutalidade. É um ato de guerra. Essas ‘pessoas’ entendem estar em guerra e, justamente por isso, executam qualquer um que ostente símbolos ou signos que remetam ao do inimigo. Exatamente como qualquer exército faz em qualquer guerra.
Basta lembrar que os blumenauenses foram proibidos por Getúlio Vargas de falar alemão nos anos 40 simplesmente porque o Brasil havia declarado guerra à Alemanha.
E, mesmo assim, adolescentes cretinos de Classe Média se fantasiam de traficantes, cantam seus hinos e falam como se fossem como eles. Os mesmos adolescentes cretinos de Classe Média que serão assaltados por eles.
Perceba: enquanto os criminosos tentam erradicar do mundo qualquer referência à cultura do inimigo, suas vítimas burras glorificam a cultura dos próprios algozes. Se é que isso é cultura.
O fato é que estamos em guerra. E estamos perdendo, Eles têm táticas de guerrilha, ataques terroristas e mantém sofisticadas operações financeiras. Nossa legislação amarra as mãos de nossas Forças Armadas enquanto nosso judiciário é vergonhosamente leniente com eles.
Guerra é guerra. Traficantes não são celebridades, líderes comunitários ou empresários empreendedores. São criminosos. E como criminosos devem ser tratados.
O Brasil precisa urgentemente mudar a forma como aborda isso. Essas pessoas devem sair de cena. Toda a sua dita cultura deve ser erradicada da face da Terra. El Salvador conseguiu. Um país incrivelmente menor e mais pobre do que o Brasil. Nós precisamos conseguir.
Enquanto isso, iniciativas como a do vereador Flavinho – de impedir que o dinheiro de quem paga impostos financie essa palhaçada – são fundamentais. Mesmo como medidas paliativas.
No demais, a vereadora Silmara Miguel está absolutamente correta. O alistamento do crime não começa com as armas, mas sim como a música e o estilo de vida. A falsa impressão de que o crime é uma porta para o sucesso. Talvez a mais vil das falsas promessas de um país repleto de mentiras vendidas como belas verdades.
Se ainda não conseguimos combatê-los, que – pelos menos – não os glamourizemos.