Questionado, Ismael ataca a imprensa

Questionado, Ismael ataca a imprensa
Foto: Divulgação

Wednesday, 03 September 2025

Parlamentar conservador foi indagado pelo número de vezes em que votou ao lado da bancada petista no Congresso.

Tudo começou quando um projeto que visava endurecer o Código de Ética e previa a suspensão de até seis meses para deputados que ocuparem o plenário em forma de protesto foi proposto. Isso afetaria fortemente a oposição e levou a bancada catarinense a votar de forma contrária. Contudo, o deputado Ismael dos Santos (PSD), votou favorável.

A posição isolada causou estranhamento e acabou provocando a curiosidade que culminou na descoberta de que – de acordo com o Placar Congresso – o parlamentar teria votado alinhado ao governo Lula em 49% das votações. Além disso, um vídeo das eleições municipais – onde ele aparece pedindo voto para um candidato petista na cidade de Saltinho – também ressurgiu. Bem como sua presença constante em eventos do governo petista no estado, que causaram a impressão de que ele – elogiado pela deputada Ana Paula Lima (PT) – esteja mais próximo aos lulista do que à oposição a qual ele diz pertencer.

Ismael é um político catarinense com profundas ligações com a Igreja Evangélica. Portanto, apresenta-se como sendo um conservador. E, até então, era assim entendido.

Sua confusa postura política foi apontada por vários órgãos catarinenses de jornalismo. Em face disso, ele escolheu a abordagem menos inteligente possível: fugiu de quaisquer explicações objetivas sobre seus atos e xingou a imprensa de abutre a lobo insaciável.

Mas piora. Depois de ter suas incoerências expostas, ele – de forma vitimista – hipocritamente afirmou que era a imprensa que estava se fazendo de vítima. Como se lágrimas teatrais pudessem esconder seu posicionamento daqueles que o elegem e, principalmente, de quem deve fiscalizá-lo. Foi uma péssima reação de um parlamentar que muito pouco entrega.

Ismael é um homem inteligente. Tem cultura. Uma literatura respeitável. Sua equipe é formada por pessoas mais egocêntricas do que capazes, embriagadas pela certeza do talento que sequer têm. Ele é o maior representante político da bancada evangélica catarinense e, certamente, é uma peça estratégica importante para o nicho. Mas, em um país politicamente dividido onde as pessoas buscam motivos para odiar gratuitamente, a cautela se faz obrigatória. O alinhamento de Ismael ao governo Lula pode, sim, ter diversos motivos e ser compreensível dado aquilo que ele defende. O problema está na reação que ele teve ao questionamento. Ao invés de explicar civilizadamente, vitimizar-se e atacar.

Um cenário desses levanta questionamentos perturbadores. Se alguém vocifera contra o dever inalienável da imprensa de forma tão vocal à luz do público, o que garante que não flerta com a censura quando ninguém está olhando?

Em primeiro momento, a impressão é só de alguém mal orientado e pessimamente assessorado que não soube se expressar em um momento onde a inteligência emocional ficou no segundo plano. Não uma má pessoa. Não um parlamentar ruim (por mais que suas entregas contemplem muito mais sua base do que a comunidade em geral). Apenas alguém que agiu por impulso em um momento de menor moderação e cercado por pessoas incapazes de auxiliá-lo. Até porque cegos guiando um cego raramente chegam onde pretendem.


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Redação

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