CPI: entre a realidade e a mentira

CPI: entre a realidade e a mentira
Foto: Divulgação

Tuesday, 16 September 2025

Promessas vazias, intensões duvidosas e um passado vergonhoso... a tragédia do legado de JPK para o saneamento.

Na última sexta (12), o ex-prefeito João Paulo Kleinübing foi ouvido pela CPI do Esgoto da Câmara de Vereadores de Blumenau. Afinal, o contrato com a BRK – ex-Foz do Brasil – começou justamente durante a sua gestão.

De maneira esquiva, ele culpou o Governo Federal pelo avassalador desequilíbrio financeiro que tange a concessão do esgoto assinada por ele mesmo. Para ele, a antiga Funasa (Fundação Nacional de Saúde) iniciou o problema quando suspendeu – sem bases legais –  convênios do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) para investimentos na rede de cobertura de saneamento que ainda seriam feitos para reforçar o sistema de coleta blumenauense.

Ele diz que – caso a obra fosse concluída – representaria um acréscimo de 18,36% que, somado aos 4,84% que já haviam na época, alcançaria os 23,2% prometidos à BRK.

De acordo com a empresa, a razão dos aditivos foi justamente o fato de que a prefeitura não entregou a parte da obra que havia se comprometido a entregar no momento da assinatura do contrato. Algo que começou em 2010, se estendendo até 2025 (e certamente muito além).

 Kleinübing – investigado durante o escândalo ligado a fraudes em licitações e desvio de verbas públicas conhecido como Operação Tapete Negro – foi ouvido como testemunha pela CPI do Esgoto, mas certamente com um ar (levemente) inquisitório em cada olhar e cochicho.

Diego Nasato (Novo) – o presidente da Comissão – tocou as oitivas de forma respeitosa, porém contundente, fazendo os questionamentos necessários e apontando as contradições. Na verdade, Nasato mostrou uma postura austera e firme apontando as mentiras que JPK contou. Ao dizer “esta informação não é verdadeira” ele mostrou ao ex-prefeito – acostumado a ter todas as rédeas em suas mãos – que as coisas mudaram e alguns parlamentares não se deixam mais intimidar... como acontecia antes.

Fato

Lá atrás – nos idos de 2010 – a prefeitura fez à então Foz do Brasil uma promessa que sabia que jamais conseguiria cumprir. A empresa não era inocente... ela também tinha consciência de que o que lhe foi garantido era mentira. Todos os envolvidos sabiam disso.

A prestadora de serviços que hoje atende pelo nome de BRK – e surgiu como Odebrecht, uma das principais envolvidas na Operação Lava Jato, que foi o maior esquema de corrupção da História do Brasil – havia entendido que poderia usar a incapacidade gerencial da prefeitura para garantir a si mesma um aditivo estendendo o prazo da concessão como forma de compensação. Algo que seria financeiramente mais compensador do que o contrato original.

Ninguém esperava que, após 15 anos, a ‘fraude’ fosse descoberta e escancarasse a desonestidade de uns e a inacreditável incompetência de outros.

O ônus fica para a população que precisa pagar taxas extorsivas por um serviço de péssima qualidade, mas também fica para o atual prefeito Egídio Ferrari (PL), que herdou um problema muito anterior à sua gestão e que, agora, é obrigado a resolvê-lo com as pouquíssimas ferramentas que seus antecessores lhe deixaram. Um desafio hercúleo, de fato.


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Rick

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