Maduro cogita renunciar por medo dos EUA

Tuesday, 11 November 2025
A tragédia da Venezuela e o custo do silêncio brasileiro podem estar chegando a um desfecho.
Enquanto a Venezuela se afunda em uma crise humanitária e econômica sem precedentes, o ditador Nicolás Maduro reage com bravatas às ameaças dos Estados Unidos, prometendo convocar um “estado de emergência nacional” diante da pressão externa. Contudo, a verdadeira emergência é interna, impulsionada por uma ideologia que transformou uma nação rica em petróleo no país mais pobre da América Latina. O silêncio e o apoio do governo brasileiro a este regime insustentável tornam-se um fardo ético e estratégico.
O Medo e a Bravata de Maduro
As recentes movimentações de Washington, incluindo o aumento da recompensa pela cabeça de Maduro e o envio de ativos militares ao Caribe, colocaram o regime em alerta máximo. Maduro, em vez de focar na miséria de seu povo, prefere encenar a figura do líder anti-imperialista, exigindo que a CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) se una em defesa da soberania regional.
Essa guerra psicológica dos EUA pode até alimentar a retórica chavista de inimigo externo, mas a realidade é que o verdadeiro inimigo do povo venezuelano é o próprio sistema. A cúpula de poder de Caracas, embora assustada com a possibilidade de uma intervenção ou de um plano de transição forçada, prefere condenar seu país à pobreza extrema a abrir mão do controle.
A Ideologia da Miséria: O Legado do Chavismo
A "revolução bolivariana" de Hugo Chávez e Nicolás Maduro, sustentada por uma ideologia socialista centralizadora e populista, é a principal arquiteta da atual catástrofe econômica.
- Destruição Econômica: A Venezuela, que já foi um dos países mais ricos da América Latina, viu seu Produto Interno Bruto (PIB) desmoronar em mais de 80% desde o início da gestão de Maduro. A estatização agressiva e a má gestão do setor de petróleo, que historicamente respondia por mais de 90% das exportações, destruíram a capacidade produtiva do país.
- Pobreza Extrema: Os números da pobreza na Venezuela são chocantes: estudos indicam que mais de 96% da população vive em situação de pobreza, sendo a maioria em pobreza extrema. Milhões de venezuelanos vivem com menos de $1,90 por dia. Essa miséria, muitas vezes justificada pelo regime como resultado de sanções americanas, começou muito antes, com o esgotamento do modelo rentista chavista e a corrupção sistêmica.
- Crise de Refugiados: A fome, a escassez de medicamentos e a falta de oportunidades forçaram mais de 8 milhões de venezuelanos a deixarem o país, transformando a crise no maior êxodo da história recente da América Latina.
O Apoio Constrangedor do Brasil
Diante da tragédia, a política externa do governo brasileiro de Luiz Inácio Lula da Silva tem sido alvo de crescentes críticas, inclusive dentro de sua própria base e no Itamaraty.
- Indignação Seletiva: O Brasil tem promovido uma reaproximação constrangedora com o regime chavista. Embora o governo Lula tenha recentemente se distanciado, criticando a falta de transparência eleitoral (em um movimento tardio e insuficiente), e tenha vetado o apoio à entrada da Venezuela no BRICS, o apoio anterior e a relutância em condenar abertamente a ditadura geraram um "mal-estar" diplomático e político.
- Legitimidade Questionada: O posicionamento inicial do Brasil, que buscava evitar "narrativas de fraude" e não questionar a justiça venezuelana, forneceu um oxigênio político e legitimidade a um regime acusado de crimes contra a humanidade e de banir a principal opositora do pleito.
O custo de apoiar um regime que destrói sua própria população e ameaça a estabilidade regional é alto demais. A solidariedade ideológica não pode se sobrepor à responsabilidade humanitária e ao compromisso com a democracia. A comunidade internacional, e em particular o Brasil, deve exercer uma pressão muito mais dura e unificada para forçar o restabelecimento da democracia e o fim da miséria na Venezuela.