GAECO expõe esquema de corrupção na gestão Hildebrandt

GAECO expõe esquema de corrupção na gestão Hildebrandt
Foto: Reprodução

Wednesday, 26 November 2025

Durante operação policial que investiga crimes envolvendo caminhões vazios, a Polícia Civil prendeu um suspeito e investiga um ex-secretário da SEURB.

O GAECO (Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas) do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) deflagrou na manhã de hoje a Operação Carga Oca, que investiga um sofisticado esquema de fraude em contratos públicos na antiga Secretaria Municipal de Conservação e Manutenção Urbana (SEURB). As investigações, que abrangem o período de 2022 a 2024, apontam para um prejuízo estimado em mais de R$ 3 milhões aos cofres públicos.

A ação resultou no cumprimento de 16 mandados de busca e apreensão em Blumenau e nas cidades vizinhas de Gaspar, Brusque e Pomerode, expedidos pela Vara Estadual de Organizações Criminosas.

Associações ilícitas e prejuízo de milhões

O foco da investigação é a fraude no fornecimento de macadame, material crucial para a construção de pavimentos rodoviários. O nome da operação, 'Carga Oca', faz referência direta ao modus operandi do esquema:

"Caminhões registrados como transportadores de material que, na prática, circulavam vazios ou sequer trafegavam, conforme demonstrado por imagens de monitoramento urbano e análise de documentos logísticos."

As apurações, baseadas em relatórios de auditorias externas e documentos internos, identificaram indícios de:

  • Associação ilícita: entre empresários e servidores da SEURB.
  • Simulação de entregas: lançamento de cargas que nunca existiram.
  • Manipulação de documentos: alteração de registros para justificar pagamentos.
  • Pagamentos indevidos: transferências irregulares para as empresas envolvidas.
  • Ocultação patrimonial: possível uso de terceiros (laranjas) e movimentações financeiras irregulares para esconder os valores ilícitos.

Entre os investigados, constam um ex-gestor municipal da pasta, outros servidores públicos, além de empregados e donos das empresas contratadas.

Buscas, apreensões e prisão em flagrante

Durante as diligências, o GAECO realizou apreensões significativas:

  • Apreensão em dinheiro: 50 mil dólares e R$ 80 mil reais em espécie foram encontrados nas residências dos investigados.
  • Prisão: em uma das abordagens, houve resistência armada por parte de um investigado em Gaspar. A situação foi rapidamente controlada, e o indivíduo foi preso em flagrante, também por posse ilegal de arma de fogo e disparo.
  • Medidas cautelares: os contratos administrativos firmados entre o município e as empresas suspeitas foram suspensos, e dois servidores públicos foram afastados do exercício de suas funções.

Os materiais apreendidos — documentos, mídias e o dinheiro vivo — serão encaminhados à Polícia Científica para exames periciais, que devem aprofundar as investigações e identificar a extensão da rede criminosa.

Prefeitura se posiciona e ex-prefeito se manifesta

A Prefeitura de Blumenau, sob a administração Egidio Ferrari (PL), emitiu uma nota, ressaltando que os fatos investigados referem-se ao período de 2022 a 2024, não dizendo respeito à atual gestão, que iniciou em 2025. O município afirmou que está colaborando com as autoridades e que, inclusive, já disponibilizou relatórios internos produzidos neste ano à Polícia Civil.

O ex-prefeito (e atual secretário estadual de Proteção e Defesa Civil,) Mário Hildebrandt (PL), também se manifestou, confirmando que, ainda no primeiro semestre de 2024, sua gestão abriu sindicâncias internas na Procuradoria Geral e contratou uma auditoria externa diante das primeiras evidências de irregularidades. Segundo ele, o relatório final da auditoria foi entregue pessoalmente ao Ministério Público em 2024, com pedido de apuração judicial dos fatos.

As investigações tramitam sob sigilo, e novas informações devem ser divulgadas assim que houver a publicidade dos autos.


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Redação

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