Vitória de Kast reforça a Direita latina

Vitória de Kast reforça a Direita latina
Foto: Divulgação

Monday, 15 December 2025

Novo presidente eleitor do Chile pode ser o sinal de uma onda conservadora que pode redesenhar nosso continente.

Em uma noite de tensão e euforia nas ruas de Santiago (Chile), José Antonio Kast, o líder do Partido Republicano, foi eleito presidente do Chile com 58,3% dos votos no segundo turno das eleições presidenciais de 14 de dezembro. Derrotando a candidata comunista Jeannette Jara por uma margem esmagadora de quase 17 pontos percentuais, Kast – apelidado de 'Bolsonaro Chileno' por sua retórica linha-dura contra o crime e a imigração irregular – marca o fim de quatro anos de governo esquerdista sob Gabriel Boric.

Com posse marcada para 11 de março de 2026, sua vitória não é apenas um terremoto local: é o ápice de uma guinada à Direita que equilibra o mapa político da América do Sul, com seis nações agora sob liderança Conservadora ou de Centro-Direita, contra igual número de governos progressistas. Essa eleição, impulsionada por preocupações com Segurança Pública e cortes nos gastos estatais, sinaliza o colapso de uma era de ilusões rasas e abre espaço para uma agenda que pode, enfim, resgatar as Américas de décadas de estagnação e caos.

Mas quem são esses líderes de Direita que, um a um, assumiram o poder na América Latina nos últimos anos?

Uma busca exaustiva revela um mosaico de perfis: populistas autoritários, libertários radicais e conservadores pragmáticos, unidos por uma rejeição visceral ao intervencionismo estatal e ao progressismo cultural. Eis a lista completa dos que estão no poder:

  • Chile: José Antonio Kast (Partido Republicano). Promete fechar fronteiras e ampliar prisões para combater o crime.
  • Argentina: Javier Milei (La Libertad Avanza). No cargo desde 2023, o anarcocapitalista com uma motosserra simbólica cortou subsídios e desregulou a economia, transformando-se no guru da direita regional.
  • El Salvador: Nayib Bukele (Nuevas Ideas). Reeleito em 2024 com 85% dos votos apesar de proibições constitucionais, é o ícone da 'mão de ferro' contra o crime organizado.
  • Paraguai: Santiago Peña (Partido Colorado). Eleito em 2023, mantém uma linhagem de 10 anos de governos de direita no país, focado em estabilidade econômica e alianças com os EUA.
  • Equador: Daniel Noboa (Acción Democrática Nacional,l Centro-Direita). Reeleito em 2025, adota discursos securitários e militarização contra o narcotráfico, aproximando-se da Direita em temas como imigração.
  • Panamá: José Raúl Mulino (Realizando Metas). Eleito em 2024, prioriza infraestrutura e combate à corrupção, com viés pró-mercado.
  • Costa Rica: Rodrigo Chaves (Partido Progreso Social Democrático). No poder desde 2022, critica o 'globalismo' e foca em austeridade fiscal.
  • República Dominicana: Luis Abinader (Partido Revolucionario Moderno). Reeleito em 2024, enfatiza turismo e segurança, com políticas anti-imigração haitiana.
  • Bolívia: Rodrigo Paz (coalizão de Direita). Eleito em outubro de 2025, encerra 20 anos de domínio esquerdista do MAS, prometendo abertura econômica e alinhamento com Washington.

Esses nove líderes representam uma frente coesa contra o que veem como o fracasso sistêmico da Esquerda. E os regressos esquerdistas são inegáveis: entre 2023 e 2025, governos progressistas na região acumularam derrotas humilhantes, impulsionados por crises econômicas crônicas, corrupção endêmica e insegurança galopante.

No Chile de Boric, protestos violentos e inflação persistente pavimentaram o caminho para Kast, com mais de 70% dos eleitores rejeitando a esquerda no primeiro turno – a pior derrocada em um século. Na Bolívia, o MAS de Luis Arce implodiu em escândalos e hiperinflação, abrindo as portas para Paz após duas décadas de 'socialismo do século XXI'. No Peru, Dina Boluarte – uma herdeira instável da Esquerda – enfrenta acusações de genocídio em protestos e uma economia em frangalhos.

O epicentro desse colapso, porém, está no Brasil de Lula.

O terceiro mandato do petista, iniciado em 2023, prometia reconstrução, mas entregou uma bomba-relógio: dívida pública explodindo para 80% do PIB, inflação corroendo salários reais e um escândalo atrás do outro – de emendas secretas a superfaturamentos em obras faraônicas. Sua agenda ambiental, vendida como salvação global, resultou em mais desmatamento na Amazônia do que no auge bolsonarista, enquanto a 'paz mundial' se resume a cheques bilionários para ditaduras como a de Maduro na Venezuela. É um governo de retrocessos: o Bolsa Família inchado virou clientelismo eleitoral, a educação estagnou em índices medievais de PISA. E a segurança pública... um festival de chacinas, com o Rio de Janeiro registrando mais homicídios em 2025 do que em 2018. Lula não governa; administra o declínio, priorizando narrativas ideológicas sobre resultados concretos, isolando o Brasil em um continente que clama por pragmatismo.

Esses líderes de Direita não são salvadores infalíveis – longe disso. Mas oferecem um antídoto viável ao veneno esquerdista: foco implacável em segurança, desregulamentação econômica e soberania nacional. Imagine as Américas – do México à Patagônia, incluindo o Norte de Trump – unidas por uma aliança transcontinental de livre comércio sem barreiras ideológicas, fronteiras seguras contra cartéis e migração descontrolada, e investimentos em infraestrutura que priorizem o crescimento sobre o assistencialismo eterno.

Milei já cortou a pobreza argentina em 10% nos últimos dois anos com reformas radicais; Noboa estabilizou o Equador com operações militares contra o crime organizado. E o caso de Bukele em El Salvador é o farol dessa revolução: desde 2019, homicídios despencaram 95%, de 2.390 para meros 114 em 2024, transformando o país mais violento das Américas no mais seguro do hemisfério ocidental. Prisões em massa de gangues como a MS-13 – mais de 80 mil detidos – restauraram a confiança nas ruas, atraindo turismo e investimentos estrangeiros que explodiram 30% em 2025.

Sim, há custos: acusações de autoritarismo e prisões arbitrárias, com 2% da população encarcerada e opositores exilados. Mas Bukele prova que, em nações sangradas pelo narco-terrorismo, a democracia frágil vale menos que as vidas salvas. Sua fórmula – tecnologia de vigilância, penas irredutíveis e narrativa digital imbatível – pode ser exportada para o México de Sheinbaum ou o Brasil de favelas sitiadas, salvando o continente de si mesmo.

Historicamente, a América Latina é um pêndulo ideológico impiedoso: a 'onda rosa' dos anos 2000, com Chávez, Lula e Morales, surfou o boom das commodities para redistribuição efêmera, mas afundou em corrupção e hiperinflação quando os preços do petróleo ruíram em 2014. Seguiu-se a restauração conservadora – Macri na Argentina, Piñera no Chile –, mas frágil, sem raízes profundas. A pandemia acelerou o refluxo: fome, lockdowns caóticos e vacinas atrasadas expuseram a Esquerda como ineficaz, pavimentando a ascensão de uma Direita pós-moderna e nativista, com memes e criptomoedas. Essa onda não é cópia europeia – aqui, a Direita nasce anti-colonial, não contra-revolucionária –, mas herda legados tóxicos de nacionalismo exacerbado. O que isso significa? Uma chance de romper o ciclo vicioso de populismos vazios, se esses líderes aprenderem com os erros passados: evitar o isolacionismo de Perón ou o culto à personalidade de Fujimori.

Para o Brasil, essa maré azul é um divisor de águas às vésperas de 2026.

A vitória de Kast isola Lula diplomaticamente – imagine cúpulas do Mercosul onde Milei e Peña ditam a pauta, forçando concessões em tarifas e migração. A onda inspira a direita brasileira: Tarcísio de Freitas pode capitalizar o descontentamento com Lula, ecoando Kast em promessas de 'lei e ordem'. Mas há um porém cruel: a família Bolsonaro e seu séquito sectário são o calcanhar de Aquiles dessa renovação. Jair e seus herdeiros transformaram o Conservadorismo em circo familiar, dividindo o campo em guetos ideológicos que repelem o Centro Moderado. Seu bolsonarismo tóxico, obcecado por vinganças, mentiras e perseguições alienou eleitores pragmáticos que Kast soube conquistar com propostas concretas, não gritaria. Para vencer em 2026, a Direita precisa exorcizar esse fantasma: forjar uma liderança madura, anti-corrupção e unificadora, que dialogue com o establishment econômico sem cair no clientelismo petista. Caso contrário, Lula – apesar de seus tropeços – surfará a polarização para um quarto mandato, perpetuando o atraso.

A eleição de Kast não é o fim da história, mas um capítulo pivotal. As Américas clamam por salvação: de gangues salvadorenhas a favelas cariocas, de hiperinflação argentina a protestos chilenos. Esses líderes de Direita, com todos os seus defeitos, oferecem ferramentas – segurança bukeleriana, austeridade mileista – para reconstruir. Resta ao Brasil decidir se embarca nessa onda ou afunda no pântano lulista. O relógio não para. O tempo urge.


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Rick

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