Se o primeiro dia de sessão deste ano na Câmara dos Vereadores foi uma amostra do que nos espera no decorrer dos próximos 12 meses o que vimos foram parlamentares – geralmente calados pelo bem da dita ‘convivência política’ – quebrando o silêncio e dizendo aquilo que todos pensam, mas quase ninguém diz.

Começou com o vereador Almir Vieira (PP) que, em sua fala, chamou atenção para as pessoas que usam o Facebook para criticar – quase sempre sem conhecimento de causa – de forma agressiva alguns parlamentares. Muitos desses críticos, diga-se de passagem, usando contas com nomes falsos.

“Pessoas que não tem o que fazer o dia todo e ficam falando mal”, disse o parlamentar praticamente dando nomes e formas a figuras já conhecidas (ou, pelo menos, de seus falsos avatares) em redes sociais. Criticar o trabalho ou a postura política de um parlamentar é um direito do cidadão que, aliás, é quem paga seus altíssimos salários, mas criticar a individualidade ou fazer insinuações quanto à vida pessoal de cada um deixa de ser um direito e se torna um delito.

Em sua crítica sobre gastos, Almir disse algo que é praticamente unânime pelos corredores da Câmara: achar que um vereador é bom só porque ele gasta pouco é um erro. Enquanto alguns perdem tempo e desgastam imagens já desgastadas criando pequenos grupos de massa de manobra usados como ‘idiotas úteis’ pelo Facebook, outros – como o próprio Almir – saem em viagem na busca de recursos para trazer mais qualidade à vida dos cidadãos blumenauenses.

Outros parlamentares como Ito (PR), Alexandre Caminha (PROS) e Adriano Pereira (PT) inclusive se manifestaram em apoio ao colega, mostrando que estão fartos de uma política que está deixando de ser suja e se tornando imunda. Caminha, inclusive, na sessão de quinta (15/02) foi incisivo e admirável ao dizer que nenhum vereador vai ser intimidado por outros, com intenções duvidosas. Ressaltando que a produtividade fala mais alto do que qualquer outra coisa.

Almir – que foi extremamente feliz em seu pronunciamento – chegou a mencionar uma usuária do Facebook que disse que “iria entrar em seu gabinete”.É um direito dela, claro, assim como talvez elucidasse muitas questões, mas ‘entrar’ no sentido de ‘invadir’ soa como bravata fútil de alguém que, como dizia obra homônima de Shakespeare, faz ‘muito barulho por nada’.

O único equívoco de Almir é comparar a si mesmo com a mulher que o criticou dizendo que enquanto ele trabalha pela cidade, ela não faz nada. Bem... dizer que ela não faz nada pode ser um julgamento precipitado e sem conhecimento de causa (sobre a vida da pessoa) e, mesmo que não faça, ela paga os impostos que garantem que alguém possa fazer. Alguém como o vereador Almir que trabalha, sim, pela comunidade, mas em troca de um respeitável salário de R$ 10 mil.

De qualquer forma essa deve ser a primeira vez que elogiamos o vereador Almir Vieira. E, esperamos, que seja a primeira de muitas vezes.