No começo do ano o BLUMENEWS teve a oportunidade de conversar com o novo vereador Alexandre Caminha (PROS) para conhecermos melhor o seu projeto e a ele mesmo.

O interesse de Caminha pela Política vem desde pequeno, quando acompanhou seu pai Luiz Eduardo Caminha – um dos maiores proctologistas de Santa Catarina – em várias eleições.

Luiz Eduardo era natural de Florianópolis, se formou pela UFSC em Medicina e veio para o Vale do Itajaí em 1982, onde se tornou um grande entusiasta do Stammtisch. Escritor e apresentador de um programa na TV Galega, Luiz Eduardo já foi Secretário de Saúde e faleceu em 28 de agosto de 2015, aos 63 anos.

Com o exemplo de seu pai – um dos blumenauenses que foram à Brasília para fundar o PSDB, ainda em 1988 – Alexandre Caminha decidiu que também enveredaria pelos ramos da boa política, mesmo sabendo que para isso sua família teria que se envolver no trabalho e ele precisaria colocar dinheiro do próprio bolso, assim como seu pai fizera para não se envolver em práticas questionáveis que assombram algumas campanhas.

“Meu pai me ensinou sobre política” – disse – “O fato de eu ter saído do PSDB e ido pro PROS me remetia a ele. ao passado, à pessoa que está buscando um ideal novo”, afirmou garantindo que, mesmo não estando mais entre nós, sentiu a força paterna durante toda a campanha.

“Ele sonhava ter um filho vereador” – concluiu – “A cidade de Blumenau teve seu primeiro prefeito do PSDB, de certa forma, por causa de uma plantinha que foi plantada por Luiz Eduardo Caminha e mais três ou quatro que saíram daqui de Blumenau e foram para Brasília... três ou quatro malucos... por um ideal” – ressaltando – “Hoje tem um maluco novo, que sou eu, que saiu do PSDB e foi para um partido menor por um sonho”.

Alexandre Caminha é conhecido da maioria dos blumenauenses em parte por conta de seus trabalho incomparável à frente do Procon e também pelo quadro que apresentava no Jornal do Meio-Dia, na RIC TV Record.

Formado em Direito no ano de 2001 ele começou a se interessar pela Defesa do Consumir ainda na faculdade. Foi quando começou a trabalhar no Ministério Público e conheceu o trabalho que o ex-vereador Cezar Cim fazia na área. Apesar de trabalhar na Vara de Família, o MP dividia a sala com o Procon e ele logo foi atraído pelo Direito do Consumidor.

Ao começar a advogar perceber que boa parte das ações – entre 60% e 70% - era nessa área e começou a se especializar no assunto. Até que em 2009 veio o convite do ex-prefeito João Paulo Kleinübing para ser gerente do Procon e, posteriormente, diretor.

 "Normalmente os direitos do consumidor são omitidos propositalmente" – alerta – “mas o consumidor também não sabe seus deveres”. Foi norteado por isso que iniciou um trabalho junto ao comércio.

Na época as entidades representativas de empresários e comerciantes viam o Procon como um bicho-papão e Caminha os convenceu de que era possível trabalharem juntos beneficiando quem vende e também quem compra: surgia assim o selo ‘Empresa Destaque em Atendimento’ com participação da Acib (Associação Empresarial de Blumenau) e CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas).

Foi quando o então candidato novato Napoleão Bernardes (PSDB) convidou-o para se candidatar à vereança, em 2012.

No começo Caminha ficou relutante. Lembrou de todas as eleições de seu pai e do quanto isso consumia o tempo, a família e recursos tanto financeiros quanto emocionais. Assim ele decidiu aceitar sair em cima do prazo e teve apenas 45 dias para fazer campanha, mesmo assim fazendo 1.211 votos. Um número absolutamente expressivo para quem está começando.

Foi quando ele percebeu que poderia ter uma chance no Legislativo, fazer uma cidade melhor e realizar o sonho de seu pai. Mas ele esbarrava em um problema: muitas pessoas gostavam dele como ‘moço do Procon’, mas não ligavam seu nome ao candidato, então ele deixava de ganhar votos.

Nos próximos quatro anos seguiu trabalhando como diretor do Procon e se destacou.

Em 2013 se juntou com representantes de Procons de Brusque, Gaspar e Indaial e fundou a Adeconvi (Associação de Defesa do Consumidor do Vale do Itajaí), da qual foi nomeado presidente por aclamação. Dessa forma esteve com as 15 autoridades que visitaram o ministro Gilberto Kassab (aquele que chamou os aposentados de ‘vagabundos’, lembra?). E foi quando percebeu que um dos maiores problemas do país é ter legisladores e executivos leigos nas áreas que deliberam.

Em 2016 fez novamente uma campanha limpa. Seus apoiadores eram voluntários e não ganhavam um único centavo: mais de 200 carros foram adesivados por adesão à idéia de fazê-lo vereador. Foram cerca de 1,3 mil visitas diárias das 7h30’ às 22h onde ele perdeu quatro quilos.

Uma campanha familiar que visava atingir as famílias, Caminha obteve com muito suor e competência seus 2.477 votos na força do ‘boca a boca’, gastando cerca de R$ 15 mil apenas.

Ele agradece aos amigos que ajudaram. Alguns que, mesmo sem emprego, se dedicaram a propagar suas idéias sem nenhuma contrapartida financeira. Durante a conversa o vereador fez questão de frisar a importância de Deusdith Júnior na parte estrutural da campanha.

Quando perguntado sobre o que pretende fazer agora, como vereador, respondeu: “Minha meta é fazer o melhor pra cidade de Blumenau". Sem promessas vazias que não possa cumprir (como asfaltamento de rua, que é uma função do Executivo, não do Legislativo), ele afirmou: "A gente quer construir uma cidade melhor... e eu senti isso muito na rua".

Além disso, em sua visão, um vereador tem que cuidar da cidade inteira, não apenas de um bairro. Obviamente ele admite que o bairro onde mora (Garcia) acabará tendo uma atenção especial até porque seus problemas são algo que ele verá todos os dias quando for para casa.

Com uma visão mais flexível das demandas da cidade, Caminha diz que se esmerará para melhorar cada vez mais o Direito do Consumidor em Blumenau, mas não irá ignorar problemas com obras públicas mal feitas ou até mesmo a necessidade de embelezar cada vez mais a cidade.

Como exemplo citou o problema da telefonia móvel em Blumenau. Para ele o maior problema, hoje, é a burocratização da instalação de novas antenas. Contou que em 2012 criaram a campanha 'Blumenau: você com mais sinal’ e as operadoras de telefonia se comprometeram a investir mais na estrutura de seus serviços aqui e que até o início do ano passado tinham o dinheiro para melhorar o serviço, mas os ex-vereadores criaram leis tão confusas e inflexíveis que as empresas preferiram realocar os recursos para investir em outras cidades com menos burocracia, usando como exemplo a antena ao lado do CAIC da Velha.

Para finalizar, ele agradece a todos os seus eleitores pela confiança e ressalta que está à disposição de todos os blumenauenses.

Esse simpático e competente vereador – que esteve a frente do Procon considerado o mais eficiente do Brasil (e único com unidades móveis que foram compradas de forma transparente e por valores de mercado) – também é um grande aeromodelista há 14 anos, tendo em seu portfólio algumas das mais belas imagens de drone já feitas em Blumenau.

Nas palavras dele – “Todo sonho precisa ser sonhado" – fazendo questão de frisar que quando se sonha em coletivo a melhoria pra coletividade é a melhoria pra todo mundo. “Uma sociedade onde o respeito seja a palavra-chave” é um de seus sonhos.

Um lugar onde as pessoas possam progredir por mérito e não por indicação ou ‘quebra-galho’. “Meu chefe de gabinete nem trabalhou na minha campanha, mas trabalhou na Câmara dos Vereadores" – exemplificou, justificando – “Se você quer fazer algo, você tem que ser o melhor nesse algo", mas relembrando. “É no erro que você aprende a acertar”.

Suas primeiras metas como vereador são estudar o Regimento Interno da Câmara e se aprofundar nas Leis Orgânicas do Município. Entre os membros do governo, citou Ricardo Stodieck como exemplo por ser “uma pessoa técnica e altamente qualificada”.

Ao ser indagado sobre se aceitaria assumir uma secretaria, afirmou categoricamente que não. Indo além e dizendo que já ‘não aceitou’. Conversou com o governo e disse que não é oposição nem situação, mas sim em prol da cidade de Blumenau. Disse que não quer ter que ir à tribuna reclamar sobre um buraco na rua, pois espera que a ligação de um assessor alertando sobre a existência do problema baste. Mas se precisar fazer, fará.

Dizem que andaram especulando sobre transformar o Procon numa Secretaria e convidá-lo para liderar a pasta, mas que ele negou, pois foi eleito para legislar e é isso que fará. Diz que fará tudo que puder para ajudar seus eleitores, concluindo: “Se eu não conseguir, vou explicar porque não consegui... mas garanto que tentar eu vou".

No final da entrevista ele deixou uma dica interessante para os leitores: Se uma pessoa fura o pneu do carro em um buraco no asfalto criado por descaso público, essa pessoa pode ir ao Procon cobrar a conta da prefeitura. Pode ir à ouvidoria, também. Mas o Procon pode atendê-la.

Gostaríamos de deixar uma breve homenagem ao pai de Alexandre Caminha – e bom amigo do meu pai – doutor Luiz Eduardo Caminha, que enquanto vivo foi um exemplo inquestionável de dedicação, competência e honestidade. E, no céu, olha com orgulho para o homem que se tornou aquele filho que ele sempre amou tanto. Onde quer que esteja, está certamente orgulhoso.

Luiz Eduardo Caminha (de 4 de outubro de 1951 a 28 de agosto de 2015)