Autor de atentado de Bolsonaro teria treinado tiro em Florianópolis

Autor de atentado de Bolsonaro teria treinado tiro em Florianópolis
Foto: Divulgação

Wednesday, 05 September 2018

O candidato à Presidência do PSL ainda está sob cuidados e seu agressor teria sido filiado ao PSOL e ao PDT.

Começa com um ato de radicalismo insano.

Às 15h30’ de hoje, durante um ato de campanha do candidato Jair Bolsonaro (PSL) na cidade mineira de Juiz de Fora, um homem se aproximou do local onde o presidenciável estava, enquanto cumprimentava uma multidão, e esfaqueou-o.

É a primeira vez que um atentado é inegavelmente praticado contra um candidato à Presidência da República do Brasil. Mas, possivelmente, não será a última. Esse tipo de insanidade costuma acontecer em Efeito Dominó: basta alguém começar para que uma legião de acéfalos, doentes ou fanáticos comecem a imitar, seja por inspiração ou retaliação.

O criminoso é um homem de 40 anos chamado Adélio Bispo de Oliveira. Após a tentativa de homicídio ele foi contido por militantes de Bolsonaro e agredido até que a polícia o recolhesse e encaminhasse à superintendência da Polícia Federal, onde permanece até o anoitecer.

Nas redes sociais Adélio se mostrou errático, compartilhando teorias da conspiração risíveis, atacando com veemência políticos que identificasse como alinhado à Direita e criticando a Maçonaria. De acordo com a revista Veja, Adélio foi filiado ao PSOL por sete anos, migrando depois ao PDT.

A polícia ainda trabalha com a possibilidade de ele não ter agido sozinho. Ele era natural de Monte Claro (MG), tendo se deslocado consideravelmente para executar o crime. Suas últimas postagens marcavam como localização a cidade de Florianópolis.

Era solteiro, se declarava comunista, curtia fanpages como ‘Lula Livre’, tinha curso superior e teria supostamente trabalhado num hotel. Em seu Facebook consta que ele teria estado na Escola de Tiro de Florianópolis. O homem criticava com veemência Bolsonaro, mas, errático, admirava Enéias.

O criminoso se aproximou de onde Bolsonaro estava usando uma faca de cortar carne escondida em uma sacola plástica e golpeou o candidato na região das costelas.

A escolta do presidenciável – que era composta por policiais federais – tem sofrido duras críticas por não ter antecipado um atentado tão primário. A verdade é que ninguém nunca imaginou que algo desse vulto aconteceria no Brasil e, portanto, não há preparo, de fato.

O candidato foi levado às pressas para a Santa Casa de Misericórdia da cidade sobre suspeita de lesões no fígado e numa alça do intestino. As lesões intestinais foram confirmadas e Bolsonaro entrou na sala de cirurgia, de onde saiu apenas às 19h20’, sendo encaminhado ao Centro de Tratamento Intensivo (CTI) após uma ileostomia (colocação de bolsa por onde as fezes possam passar para que não coloquem sob risco de infecção o intestino).

Ainda não se sabe como ficará a campanha do candidato, uma vez que a recuperação é lenta.

O criminoso assumiu a autoria (até pelo flagrante), mas disse que não quis matar Bolsonaro, apenas “feri-lo por uma questão de divergências ideológicas”.

Diz-se que jamais se deve deixar uma discussão fora dos pontos de vista concretamente embasados e racionalmente colocados na esfera das idéias. Quando, num debate, alguém ofende seu interlocutor, está cometendo um erro retórico. Não se ataca pessoas, apenas se questiona idéias. Mas Adélio parece discordar, afinal esfaqueou uma pessoa que não concorda com ele.

Esse, talvez, seja o resultado de meses e meses de campanha pesada de uma mídia vendida e uma esquerda desesperada: boatos, informações fora de contexto e insuflação de ódio acabaram fazendo um homem aparentemente perturbado tentar matar um candidato à presidência num país democrático. Gostando ou não de Bolsonaro, aqui se discute a Democracia.

Agora, se ainda puder concorrer, Bolsonaro voltará como um sobrevivente – um mártir – exatamente aquilo que Lula tentou parecer. No afã de se livrar de um desafeto, aqueles que combatiam inadvertida e estupidamente deram-lhe uma força que ele jamais teria sem eles.

Mas se você está comentando “bem feito”, “quem mandou defender as armas” ou “cadê a bravura agora”, saiba que você é idiota. Existe momentos de discutir e intenções de tripudiar. Um homem foi executado num Estado Democrático de Direito por exercer sua liberdade de expressão (por mais questionáveis que fossem suas opiniões). E isso é, sim, um ataque a Democracia. A prova é que não houve qualquer candidato que tenha tripudiado.

Para quem tem a memória curta: na última eleição um candidato à Presidência, Eduardo Campos, morreu de uma forma até hoje pouco aceita por alguns. Bem como o assassinato do ex-prefeito petista Celso Daniel. Talvez não seja um caso isolado. Talvez seja. A certeza é que é seriíssimo.

Um autodeclarado comunista esfaqueia um candidato conservador e o efeito manada pode começar: amanhã, quem sabe, é um candidato de Esquerda sendo executado por algum conservador psiquiatricamente perturbado sob a alegação de que estava vingando Bolsonaro. E esse ciclo, uma vez que começa, não pára. Basta olhar para os Estados Unidos.

Que seja a última vez, apesar de sabermos que sempre começa com um ato de radicalismo insano.


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Ricardo Latorre

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