MP espera resposta sobre a compra de medalhas pela Câmara

MP espera resposta sobre a compra de medalhas pela Câmara
Foto: Divulgação

Sunday, 09 September 2018

O Legislativo terá até semana que vem para explicar o escândalo denunciado pelo fantástico envolvendo os vereadores Adriano Pereira, Marcos da Rosa e Ricardo Alba.

No começo do mês passado uma matéria do Fantástico escancarou a cara-de-pau de alguns políticos e o nível de banalidade que a corrupção ganhou no país: um instituto bem conhecido – o Tiradentes – foi acusado de vender medalhas para prefeitos e vereadores, embutidas em um curso falso geralmente pago com dinheiro público, para beneficiar seus ‘clientes’.

Para provar o tamanho do absurdo dessa situação insólita, o periódico eletrônico global conseguiu fazer com que tal instituto premiasse o ‘prefeito Precioso’ como um dos melhores do Brasil. Acontece que Precioso era um jumento, não uma pessoa.

Mostrando factivelmente que não havia absolutamente nenhuma pesquisa para escolher os condecorados, o instituto premiou Precioso sem verificar se era realmente um prefeito. Pior: premiaram-no sem sequer descobrir que não era humano. Nitidamente o jumento é mais honesto do que muitos prefeitos ou vereadores brasileiros, mas jamais foi eleito. Infelizmente.

A notícia se espalhou como rastilho de pólvora e logo jornalistas, blogueiros e comunicadores do país inteiro estavam procurando saber quem eram os políticos de suas cidades laureados com tal medalha falsa. E eis que chegou a Blumenau, onde o atual presidente da Câmara dos Vereadores, Marcos da Rosa (DEM), Adriano Pereira (PT) e Ricardo Alba (PSL, se ainda não saiu desse também) foram apontados como recebedores da suposta fraude.

Pereira chegou a assumir, nas redes sociais, que recebeu a medalha e que foi o Legislativo quem arcou com os custos. Contudo se esquivou, defensivo, sobre a acusação do Fantástico.

Foi protocolado na Câmara um pedido para que houvesse uma explicação a cerca do assunto. A maioria dos parlamentares concordou que o episódio foi um golpe fortíssimo na campanha dos envolvidos, pois lhes tirou a credibilidade (dos que tinham) na véspera das eleições.

A Casa já recebeu o ofício do Ministério Público exigindo explicações sobre os gastos com o Instituto Tiradentes em até 10 dias. O promotor Gustavo Meirelles Ruiz Dias já está no caso.

De todos os envolvidos, o maior prejudicado é, sem sombras de dúvidas, o vereador Marcos da Rosa. Presidente da Câmara e, portanto, responsável por tudo que lá acontece, ele sempre foi tido com um parlamentar consciencioso e um homem sério. Se sua credibilidade for realmente abalada por esse acontecimento, todo o seu trabalho – e futuro político – estarão em xeque.

Fora o fato de que ele representa os evangélicos. Nas eleições passadas conversamos com diversas pessoas, como a dona Antônia, que afirmam simpatizar com outros candidatos apesar de votarem em Rosa. Ao ser perguntada a razão de votar nele ao invés daquele a quem afirmou preferir dona Antônia, por exemplo, respondeu: “é porque o pastor disse que ele é o homem escolhido por Deus para nos governar”. Sua credibilidade com a igreja exige reputação ilibada, até porque ‘Deus não escolheria’ uma pessoa que compra medalhas.

Caso prove sua inocência, Rosa sairá mais forte da situação. Caso não prove, perderá lugar para muitos outros candidatos do segmento evangélico. Diferente de Pereira que tem a firme base petista e de Alba que tem meia dúzia de militantes virtuais e organiza passeatas contra a corrupção com o intuito de combater políticos que fazem coisas como, por exemplo, comprar medalhas.


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Ricardo Latorre

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