Blumenau realmente ficou sem federal

Blumenau realmente ficou sem federal
Foto: Divulgação

Sunday, 07 October 2018

Um misto de apatia, revolta e deslumbramento com uma sigla deixaram nossa região completamente sem alguém para defender nossos interesses e demandas em Brasília.

Há quatro anos, quando Raimundo Colombo (PSD) foi reeleito como governador, o líder de uma sociedade civil organizada encheu o peito e disse: “o blumenauense sabe votar”. Essa eleição mostrou, claramente, que não. Infelizmente, o nosso povo não sabe votar.

Na maior crise política da História recente do país, a maioria dos eleitores sentiu-se desencorajada a votar. E com razão. O próprio ato de votar é falsamente vendido como um ‘direito’ quando, na verdade, nada mais é além de uma ‘obrigação’. Até porque, se fosse um direito, você poderia optar não fazê-lo sem sofrer represálias como multas.

A chapa majoritária parecia favorecer nossa cidade. Tanto o vice de Merísio (João Paulo Kleinübing) quanto o vice de Mariani (Napoleão Bernardes) são naturais daqui, bem como o candidato petista Décio Lima. Era improvável que houvesse uma chapa no segundo turno sem nenhum representante de Blumenau. Mas teve. O Comandante Moisés (PSL) pegou carona no fenômeno Bolsonaro e derrubou Mariani, entrando com Merísio para o segundo turno.

Até aí, nada de alarmante. Então eis que nenhum blumenauense se elegeu deputado federal.

Hélio Costa e Ângela Amin são de Florianópolis. Daniel Freitas, Geovânia de Sá e Ricardo Guidi são de Criciúma. Pedro Uczai, Caroline de Toni e Celso Maldaner representam Chapecó. Carlos Chiodini e Fábio Schiochet, Jaraguá do Sul. Carmen Zanotto vem de Lages. Peninha, de Balneário Camboriú. Já Darci de Matos, coronel Armando, Rodrigo Coelho são de Joinville. O mais próximo é o advogado Gilson Marques, de Pomerode.

Blumenau tinha representes com chances reais, mas um eleitorado míope acabou esquecendo que ao eleger pessoas de outros locais, nossa cidade perde prioridade. No máximo elegeram Ricardo Alba (que pegou carona na onda do Bolsonaro, mesmo sendo um péssimo vereador) e Ivan Naatz (cujo nome já perdeu quase todo prestígio em Blumenau) à Alesc.

Os resultados dos candidatos blumenauenses foram, na maioria, inexpressivos:

  • Ana Paula Lima (PT): 76,3 mil;
  • Rui Godinho (PSL): 56,7 mil;
  • Ericsson Luef Hemmer (MDB): 43,3 mil;
  • Marcos da Rosa (DEM): 22,1 mil;
  • Jorge Cenci (PSB): 19,8 mil;
  • Jovino Cardoso (PROS): 16,7 mil;
  • Marco Antônio Wanrowsky (PSDB): 14,4 mil;
  • Rúbia Sagaz (PSOL): 4,3 mil;
  • Liliane Schuldt (Novo): 2,5 mil;
  • Giovani Seibel (PSOL): 1,9 mil;

Agora, sem representantes em Brasília, a cidade pode dar adeus à duplicação da BR-470, projetos de universidades federais, verbas para infraestrutura advindas da União ou qualquer coisa que se pudesse esperar. Afinal, por tolice ignóbil, nossa cidade ficou sem federal.

E se o presidenciável Fernando Haddad (PT) se eleger, tudo poderá piorar muito, uma vez que nosso estado fez uma expressiva votação para o também presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), que seria o bastante para que o capitão reformado do Exército Brasileiro entrasse em primeiro turno. Se a Presidência ficar com o PT, some-se a visível raiva que a sigla tem do sul, nossa falta de representatividade no Senado e na Câmara de Deputado, e então não vai demorar muito para que comecemos a sentir o que é, verdadeiramente, miséria. E se uma catástrofe natural nos abater, como não é incomum, só nos restará lembrar que Roberto Bolaños e dizer: “E agora? Quem poderá nos defender?”. Só que, infelizmente, Bolaños morreu em 2014.


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Ricardo Latorre

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