Polícia Federal espera presidente do PROS se entregar

Polícia Federal espera presidente do PROS se entregar
Foto: Divulgação

Wednesday, 24 October 2018

A sigla foi único partido, além do PCdoB, a fazer aliança com o PT.

A defesa do presidente do PROS, Eurípedes Júnior, afirmou à TV Globo nesta terça-feira (23) que o cliente se compromete a se apresentar novamente à Polícia Federal na próxima semana, "assim que acabar a restrição da lei eleitoral" para prisões de eleitores.

Mais cedo, nesta terça, Eurípedes Júnior se apresentou à PF, mas não foi preso porque o Código Eleitoral proíbe a prisão de eleitores, exceto em casos em flagrante, o que não é o caso do presidente do PROS.

Eurípedes Júnior teve a prisão temporária decretada na Operação Partialis, que apura desvio de recursos em licitações em Marabá.

De acordo com a legislação eleitoral, Eurípedes não pode ser preso no período entre esta terça e a próxima terça-feira (30).

"Euripedes Júnior se compromete a se apresentar à PF assim que a acabar a restrição da lei eleitoral", afirmou o advogado Bruno Pena.

A defesa de Eurípedes já solicitou a revogação do mandado de prisão, mas o pedido foi negado pelo juiz Heitor Moura Gomes, da 2ª Vara da Subseção de Marabá (PA).

Em despacho, Gomes afirmou que a atitude do presidente do PROS em se apresentar à PF nesta terça foi "voluntariedade travestida de um 'fazer de conta'".

O juiz também afirmou que a "suposta disposição" de Eurípedes em prestar esclarecimentos à PF "não se mostrou verdadeira".

Em nota, a defesa de Eurípedes afirmou que o mandado de prisão temporária é "excessivo" e "desnecessário" (veja a íntegra da nota ao final desta reportagem).

Entenda o caso

Eurípedes Junior estava foragido há 5 dias após a justiça decretar a prisão temporária por suspeita de envolvimento em desvios na prefeitura de Marabá (PA).

As investigações apontaram que "Eurípedes Junior teria simulado a compra de uma aeronave" e que a operação foi uma "mera simulação para dar ares de legalidade a aquisicao do bem, após denúncias contra João Salame [ex-prefeito de Marabá] e o próprio PROS".

A defesa afirma que a compra da aeronave foi feita "dentro da legalidade" e "devidamente informada à Justiça Eleitoral".

Quando decretou a prisão dele, na semana passada, o juiz afirmou que "em liberdade, Eurípedes [e outros investigados] poderiam tentar ocultar ou destruir provas".

Nota do PROS

Veja a íntegra da nota do Partido Republicano da Ordem Social (PROS):

Atualização sobre os últimos acontecimentos envolvendo o presidente do PROS

A defesa do presidente nacional do PROS Euripedes Gomes de Macedo Junior considera a decretação de sua prisão temporária excessiva e desnecessária.

Tanto que o próprio Ministério Público Federal ao ser ouvido sobre o pedido de prisão, manifestou-se contrário à decretação por entender que não havia elementos suficientes para tanto.

Euripedes Junior está sendo alvo de uma investigação feita pela Polícia Federal no estado do Pará sobre a qual ele nunca foi chamado a se manifestar e nunca foi ouvido.

O único fato que liga o presidente à referida investigação, é a aquisição de uma aeronave feita pelo partido, aquisição essa feita dentro da legalidade e devidamente informada à justiça eleitoral. Todos os documentos referentes a esta transação são públicos e constam da prestação de contas anual do partido.

Todas as vezes que os documentos foram solicitados pela justiça, eles foram disponibilizados, inclusive foram todos apresentados nos autos da ação de reivindicação de valores nº 0709929-51.2017.8.07.0001, que tramitou na 10ª vara cível de Brasília.

O presidente não está foragido, uma vez que se colocou à disposição da justiça, peticionando por meio de seus advogados no processo originário na comarca de Marabá-PA.

O pedido de prisão temporária (que é uma prisão processual limitada ao prazo de apenas cinco dias), apesar de o Ministério Público Federal ter se manifestado contra o pedido, foi deferido pela justiça federal de Marabá-PA.

A defesa está em contato com as autoridades competentes para que ele seja ouvido no momento oportuno.

Apoio ao PT

O presidenciável do PT, Fernando Haddad, não está tendo trégua. O fogo amigo faz questão de bombardeá-lo. Não bastassem os torpedos disparados por Cid Gomes, que detonou o PT, agora o partido está tendo que explicar sua forte ligação com o PROS, cujo presidente, Eurípedes Junior, está sendo procurado pela Polícia Federal por desvio de R$ 2 milhões na aquisição de gases medicinais em Brasília e no Pará.

O PROS foi o único partido, além do PCdoB, que aceitou fazer aliança com o PT nesta eleição. Em troca desse apoio, o partido de Haddad repassou R$ 4,5 milhões à legenda comandada por Eurípedes. Sabe-se que parte desse dinheiro, precisamente R$ 694 mil, foi repassada pelo presidente do PROS para a mãe dele, Dona Cida, que concorreu a deputada federal nessas eleições, conseguiu 38.880 votos, mas não se elegeu.

A farra do presidente do PROS com dinheiro público é antiga. Em uma prestação de contas à Justiça, em 2015, o partido informou que usou recursos do Fundo Partidário para comprar um avião avaliado em R$ 400 mil à época. Desde então, o partido entrou na mira da Polícia Federal, que passou a acompanhar os passos de Eurípedes.

Em março de 2017, o Correio Brasiliense informou que o presidente do PROS comprou, de forma irregular, um helicóptero. Segundo a PF, as investigações, após a publicação da matéria, constataram que a “tal compra havia sido realizada pelo ex-gestor, através de pessoa interposta, e tal aeronave foi enviada para Goiânia/GO, onde ficou sob responsabilidade da direção nacional de um partido político”.

A ligação do PT com o PROS não é boa para Haddad e certamente será explorada por Jair Bolsonaro (PSL), pois cola no petista a pecha de estar próximo de corruptos. O PT rebate que não tem controle sobre pessoas de outros partidos. Curiosamente, o PROS foi criado em 2013 pra abrigar Cid e Ciro Gomes. Cid, inclusive, foi indicado pelo partido para ser ministro da Educação de Dilma Rousseff.


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Redação

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