Fakenews, mentiras e hipocrisia

Fakenews, mentiras e hipocrisia
Foto: Divulgação

Thursday, 25 October 2018

Dois pesos e duas medidas é o que mais temos visto a mídia tradicional fazer nessa eleição que praticamente decreta seu fim como formadora unânime de opiniões.

Alguns afirmam, com certa veemência, que esta tem sido a corrida eleitoral mais suja que o Brasil já testemunhou. Ao dizer isso, contudo, esquecem ou simplesmente não viveram a eleição presidencial de 1989, certamente mais cáustica do que essa.

Na eleição presidencial dos Estados Unidos em 2016 o então candidato republicano Donald Trump acusava a todos que o criticavam de “fakenews”. Se não criou o termo, o popularizou. Agora, qualquer um que diga algo que você não quer ouvir é acusado de cometer fakenews. É bastante conveniente tentar desmerecer quem depõe contra você. Qualquer advogado de porta de cadeia sabe disso.

O que temos de diferente nessas eleições é o embate brutal entre militantes muitas vezes sem educação e representantes de uma corrente filosófica que institucionalizou a mentira.

É dito que Steve Bannon, cérebro por trás da campanha de Trump, tem auxiliado no marketing de Bolsonaro (PSL). De fato alguns elementos em comum entre ambas podem ser notados, como a criação de terror contra a outra parte e o uso massivo de redes sociais para se comunicar.

Entretanto, o candidato não pode ser acusado pelas posturas de seus seguidores mais exaltados assim como Fernando Haddad (PT) não pode ser acusado por Adélio Bispo ter esfaqueado seu oponente.

A verdade é que o Partido dos Trabalhadores está vendo seu possível ocaso. Tendo eleito pouquíssimos representantes em comparação com outras eleições e com índices altíssimos de rejeição, eles têm se desesperado. Até porque um homem como Jair Bolsonaro, se presidente, vai vasculhar cada pequeno deslize dos petistas e usar com o intuito de desmontar o partido.

A mídia faz manchetes sobre possíveis grupos de WhatsApp apoiando Bolsonaro. O PSOL pede a censura do aplicativo (o que é autoritário, em contraste com a democracia que finge representar), mas todos ignoram que Haddad também usa grupos de Whats.

Alguns seguidores de Bolsonaro agem de forma errada? Certamente. São insuportáveis? Alguns. Espalham mentiras? Talvez. Mas são os seguidores, não o candidato ou seu partido. Do outro lado, Haddad e seus apoiadores mentem de forma quase institucionalizada o tempo inteiro. Contam meias-verdades para manipular a opinião de pessoas mais sensíveis a isso.

Dizem que Bolsonaro inventou que Haddad teria criado ‘kit gay’, mas uma matéria da Veja de 2011, mesmo que editada recentemente, desmente o rumor (https://veja.abril.com.br/educacao/kit-gay-sera-reformulado-e-lancado-ate-fim-do-ano-diz-haddad/). Em show, o cantor Geraldo Azevedo acusa Mourão, vice de Bolsonaro, de tê-lo torturado durante a ditadura: ora, Hamilton Mourão nasceu em 1953 e entrou para o Exército em 1972... três anos depois da primeira prisão de Azevedo. Reconhecendo a mentira, que Haddad usou como plataforma difamatória, Azevedo pediu desculpas (https://veja.abril.com.br/politica/geraldo-azevedo-pede-desculpas-por-acusar-mourao-de-ser-torturador/). O empresário Luciano Hang, dono da Havan, foi acusado publicamente por Haddad de injetar um valor desproporcional de dinheiro com ‘bots’ para a campanha de Bolsonaro, o que valeu um processo contra o petista (https://www.jornaldacidadeonline.com.br/noticias/11907/luciano-hang-propoe-mais-uma-acao-por-danos-morais-contra-o-pt-e-haddad). Vários jornais noticiam uma suposta agressão sofrida por uma jovem que teria tido uma suástica feita no corpo por apoiadores de Bolsonaro, mas se calam quando a perícia aponta que foi ela mesma quem fez o ferimento (https://exame.abril.com.br/brasil/jovem-marcada-com-suastica-no-rs-sera-indiciada-por-falso-testemunho/). Esquerda critica Bolsonaro por dizer sobre “varrer vermelhos”, mas ignora seletivamente que Haddad disse que Bolsonaro representava tudo que “precisa ser varrido” da Terra (https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/2018/10/22/bolsonaro-representa-tudo-o-que-precisa-ser-varrido-da-terra-diz-haddad.htm). Procuradoria Geral da República (PGR) faz estardalhaço por coronel Carlos Alves por ter ameaçado o TSE, mas se omitiu quando Benedita da Silva disse que seria necessário o derramamento de sangue nas ruas em defesa ao PT (https://jornalivre.com/2017/05/31/sem-derramamento-de-sangue-nao-ha-redencao-afirma-petista-benedita-da-silva/). Fala-se que Haddad teria ultrapassado Bolsonaro na cidade de São Paulo, onde teve apenas 19,7% das intenções de voto contra 44,58% do oponente no primeiro turno, esquecendo que ele conseguiu a façanha de perder para João Dória (PSDB)a prefeitura da mesma cidade ainda no primeiro turno em 2016 com 16,7% contra os esmagadores 53,29% do tucano (https://istoe.com.br/tucano-joao-doria-ganha-em-1o-turno-disputa-pela-prefeitura-de-sao-paulo/).

Mas esquecer e mentir é uma coisa que essas pessoas sabem fazer muito bem. O próprio Dória foi vítima de uma montagem de vídeo que visava denegrir sua imagem e já foi desmentida (https://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2018-10-24/video-de-joao-doria-pericia.html).

Sobre a patética narrativa de que Bolsonaro está fugindo dos debates, há duas coisas a se levar em consideração. A primeira é que ele tomou uma facada e está usando uma bolsa de colostomia, que pode constrangê-lo nos debates (https://www.gazetadopovo.com.br/viver-bem/saude-e-bem-estar/como-funciona-bolsa-colostomia-bolsonaro/). A segunda é que, mesmo que ele possa ir, acusá-lo de não querer fazê-lo é contraditório, uma vez que em 2006 o próprio Luiz Inácio ‘Lula’ da Silva (PT) também se negou a ir aos debates (http://g1.globo.com/Noticias/Eleicoes/0,,AA1290358-6282,00-LULA+DECIDE+NAO+IR+AO+DEBATE+NA+GLOBO.html).

Bolsonaro pode não ser o candidato ideal, mas não foi um dos piores prefeitos da História de uma cidade de 464 anos (https://www.jornaldacidadeonline.com.br/noticias/11592/haddad-deixou-a-prefeitura-de-sao-paulo-na-condicao-de-o-pior-prefeito-do-brasil) e (https://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/blog-do-fucs/noticia/2015/02/7-bbarbaridades-de-fernando-haddadb-das-quais-jamais-esqueceremos.html), tampouco representa o governo mais corrupto do mundo (https://www.diariodobrasil.org/o-pt-foi-o-governo-mais-corrupto-do-mundo/) ou aceitou ser o candidato-estepe (ou poste) de um ex-presidente que está preso, abrindo margem para que outros criminosos – que já controlam o crime organizado de dentro da cadeia – elejam laranjas para cargos públicos no futuro. Um abraço pro Fernandinho Beira-Mar.

A massa de manobra que o PT criou afirma que se Bolsonaro se eleger, o Brasil vai virar um lugar violento onde criminosos tenham mais direitos que as vítimas ignorando que foi o próprio Bolsonaro quem propôs Projeto de Lei para castrar quimicamente estupradores (https://istoe.com.br/bolsonaro-volta-a-defender-castracao-quimica-para-estupradores/) e que ele sempre foi um crítico das regalias recebidas por detentos na cadeia (https://www.youtube.com/watch?v=Yq6tOEp5bXs), enquanto seu opositor Fernando Haddad foi a pessoa que falou em soltar criminosos para diminuir a lotação carcerária (https://www.otempo.com.br/hotsites/elei%C3%A7%C3%B5es-2018/haddad-prop%C3%B5e-liberar-das-pris%C3%B5es-quem-cometeu-pequenos-delitos-1.2030370).

Você é livre para votar em quem quiser. A maioria dos juristas e analistas políticos é unânime: Haddad não criará uma ditadura comunista e tampouco Bolsonaro criará uma ditadura militar. Não deixe a desinformação tornar você uma pessoa manipulada pelo medo. Pesquise.

Vote no domingo. Mas não vote sem antes questionar e saber com certeza as razões do seu voto.

Caso contrário, que moral você vai ter para reclamar se o Brasil do futuro acabar dando errado como vem dando errado o do presente? Pondere muito, pesquise, estude e bom voto.


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Ricardo Latorre

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