Bolsonaro convida Sergio Moro para ser ministro da Justiça

Bolsonaro convida Sergio Moro para ser ministro da Justiça
Foto: Divulgação

Monday, 29 October 2018

A primeira entrevista exclusiva de Bolsonaro foi à TV Record, que pertence ao líder da Igreja Universal do Reino de Deus, bispo Edir Macedo, seu apoiador desde a reta final do primeiro turno.

O presidente eleito Jair Bolsonaro usou uma entrevista ao vivo na televisão para convidar o juiz Sergio Moro, responsável pelas ações da Lava Jato em Curitiba, para ser ministro da Justiça.

Indagado se poderia indicar o magistrado que condenou Lula por corrupção para uma vaga no Supremo, Bolsonaro disse que queria chamá-lo para a Esplanada dos Ministérios e que só não o convidou durante a campanha para não parecer ser "oportunista."

"Pretendo [contar com o] Moro não só pro Supremo, como para ministro da Justiça. Se houver interesse da parte dele, será uma pessoa de extrema importância no nosso governo", disse Bolsonaro.

Logo depois, no Jornal Nacional, da TV Globo, Bolsonaro reiterou que convidaria Moro para o Ministério da Justiça ou, no futuro, quando abrir uma vaga no Supremo Tribunal Federal, indicá-lo para a corte.

"É um homem que tem um passado exemplar no combate à corrupção e desempenharia bem qualquer destas duas missões", afirmou.

Ontem, logo depois do anúncio do resultado das urnas, Moro divulgou uma nota "parabenizando" Bolsonaro – algo bastante heterodoxo em se tratando de um juiz. Moro foi procurado, mas sua assessoria disse que o magistrado não comentaria se já houve um convite formal ou se havia intenção de aceitar um posto no ministério.

A primeira entrevista exclusiva de Bolsonaro foi à TV Record, que pertence ao líder da Igreja Universal do Reino de Deus, bispo Edir Macedo, seu apoiador desde a reta final do primeiro turno. Ele também concedeu entrevista ao SBT.

Trump, os militares e a Venezuela

Logo depois da vitória de Bolsonaro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tuitou que pretendia cooperar com o brasileiro em temas de comércio internacional e na área militar. Na entrevista à Record, Bolsonaro disse que a conversa com o americano foi "mais demorada que as demais."

Bolsonaro disse que pretende ir aos Estados Unidos ainda este ano, antes mesmo de tomar posse, acompanhado dos futuros ministros da Fazenda, Paulo Guedes, e da Defesa, general Augusto Heleno.

O presidente eleito afastou a possibilidade de uma ação militar contra a Venezuela para derrubar o regime de Nicolás Maduro. "Pede-se aqui e ali que o Brasil participe de uma forma e de outra para ajudar a solucionar o problema [da Venezuela]", disse Bolsonaro, ressaltando que o Brasil tem uma tradição pacífica nas relações internacionais.

Mas foi duro nas críticas a Maduro e à Venezuela e disse que o país deveria ser excluído do Mercosul pela “pela cláusula democrática.”

Caminhoneiros armados

O entrevistador Eduardo Ribeiro questionou se Bolsonaro estava disposto a conversar com os candidatos a presidente derrotados no primeiro turno, como Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede).

"Converso com eles, apesar de a campanha de um ou de outro ter sido bastante agressiva”, disse. Segundo Bolsonaro, as campanhas adversárias não queriam apenas criticá-lo, mas sim “desconstruir” sua imagem. "Eu relevo tudo isso, e estou disposto a conversar com eles”, disse.

Bolsonaro defendeu a revisão do Estatuto do Desarmamento, uma das principais bandeiras de sua campanha. Um dos pontos a serem revistos é a obrigatoriedade de comprovar a efetiva necessidade para obter o direito a posse de arma.

“A efetiva necessidade está comprovada pelo estado de guerra que vivemos no Brasil”, disse Bolsonaro.

O presidente eleito disse estar falando sobre posse de arma, mas ressaltou o porte também deve ser flexibilizado.

"Fico me perguntando por que um caminhoneiro não pode também ter uma arma para se defender”, declarou.

"Quem quer fazer maldade não precisa comprar a arma no mercado”, disse. "Precisamos abandonar o politicamente correto. Arma de fogo, mais do que garantir a via de uma pessoa, garante a liberdade de um povo.”

Bolsonaro disse que sua frase sobre banir “marginais vermelhos” se referia aos movimentos sociais “que não respeitam a lei”, citando MST e MTST como exemplos.

“Não tem que conversar com eles [movimentos sociais]. Eles têm que se enquadrar na lei.”


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Redação

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