No final do ano passado o BLUMENEWS conversou com o vereador Gilson de Souza (PSD) – popularmente conhecido como professor Gilson – para conhecer melhor as ideias e posicionamentos do parlamentar. Foi uma conversa agradável e positiva.

Conheci Gilson num momento muito delicado para o seu atual partido. Lembro que nos encontramos à tarde no shopping Neumarkt, em frente à sorveteria Mucca. Conversamos sobre os rumos da política geral, a ética na imprensa e a importância que os jovens têm no panorama sócio-político atual. Foi a primeira conversa agradável de algumas.

Saí de lá com a certeza de que aquele homem realmente trazia em si a mudança da qual se falava.

Hoje, quase oito anos depois, dezenas – quase uma centena, na verdade – de leitores nos pediram uma conversa com ele. Professor muito querido – mesmo sendo exigente em sala de aula – se tornou um exemplo para a maioria dos parlamentares da região.

Em seu primeiro mandato, ele começou fazendo aliança com parlamentares que se propunham ser uma nova onda política – como o vereador Bruno Cunha (PSB) – cortou gastos de gabinete, propôs projetos de lei que realmente teriam aplicação prática nas vidas das pessoas e defendeu seus ideais sem se contradizer em momento algum.

O professor recém-eleito que ainda não sabia ao certo como divulgar suas ações em 2016 se tornou o parlamentar mais ativo nas redes sociais em 2019, estando em tantos lugares ao mesmo tempo quanto o grande blogueiro e amigo Jaime Batista, do Blog do Jaime.

Desde o começo de sua vida pública, Gilson sempre esteve presente em Associações de Moradores, dentro das escolas e manteve forte envolvimento em diversas causas comunitárias. Foi presidente de associação de pais, de conselho deliberativo e isso fez crescer em si o desejo por servir da melhor forma possível a cidade. "Não conseguia ficar fora disso e cada vez que eu me envolvia, mais eu me aproximava”, afirmou.

“As pessoas olhavam pra gente como aquela coisa de – ai... acho que tu tens que galgar algo maior'", contou ao explicar que nunca foi filiado a nenhum partido político e que receava essa ligação, apesar de as pessoas a sua volta cada vez cobrarem mais a sua entrada na Política.

Finalizando ao dizer: “Os meus alunos me cobravam: o professor tá trazendo resultado para a nossa escola... o senhor está trazendo resultado para a nossa comunidade... por que não capitanear e fazer com que o resultado seja maior e agora seja para a cidade inteira?".

A insistência de ex-alunos, amigos e até alunos que, apesar de não terem idade para votar convenciam os pais da idoneidade do professor, o convenceu a se candidatar.

Nas eleições de 2012 chegamos a fazer uma pesquisa de opinião no site – antes das regras que hoje existem sobre tal matéria – e o número de votos do então candidato Gilson era impressionante. Naquele pleito ele não conseguiu se eleger, mas não desistiu e conseguiu uma excelente votação em 2016, chegando finalmente à vaga de parlamentar pela qual fez por merecer.

Sua popularidade era tamanha que, antes da sua primeira disputa, o PSD foi até a escola onde trabalhava para filiá-lo. Ele deixou claro a eles – “ ninguém vai mandar em mim” – e fez do seu próprio jeito. Jeito que, nitidamente, deu muito certo.

Com convicção, ele garante: “Eu não sigo a questão partidária, não tenho nenhum padrinho político e não aceito cabresto de ninguém". O que faz sentido, uma vez que nas eleições do ano passado ele não apoiou nenhum candidato a deputado.

Aliás... nas eleições de 2018 ele foi um dos únicos parlamentares que trabalhou no período eleitoral. Enquanto a maioria esmagadora de nossos vereadores ignorava o trabalho da vereança para o qual se elegeram e que paga seus salários, Gilson não parou: propôs leis, visitou comunidades, denunciou irregularidades e mostrou que se apenas um legislador se engajar verdadeiramente em uma causa, pode fazer o trabalho que 15 juntos aparentemente não fazem tão bem.

Apesar de ser cortejado por várias siglas e ter seu nome aventado para cargos importantes, ele prefere se manter na função que o elegeu. A popularidade não tirou o espírito de ‘lobo solitário’ do vereador, que tem como palavra-chave ‘independência’, dizendo – "Só continuarei na política se tiver condições de continuar como estou: sem nenhuma amarra" – concluindo que se perceber que vai perder a independência, deixa a política e volta a trabalhar nas escolas, comunidades e  outros trabalhos junto à população.

Ao ser indagado sobre sua expressiva votação, ele credita ao trabalho que faz há 20 anos (e continua fazendo), bem como à comunidade, alunos e ex-alunos que abraçaram a causa se tornando cabos eleitorais voluntários simplesmente por acreditar nele.

Isso o motivou a ter a campanha com o menor custo de valor eleitoral segundo ele mesmo e esse fiel grupo de admiradores se prova crescer cada vez mais.

Uma vez empossado, ele reafirmou o compromisso com suas propostas: "O choque que eu senti na política é que você não cumpre aquilo que prometeu e se esquece daquilo que seriam as suas verdades", revelou. Mas nisso ele se releva intransigente: assumiu compromisso de não se candidatar a deputado e não se candidatou. Não quis cargo no Executivo e afirma com veemência: “Hoje faço o melhor que passo”.

Numa época de mudanças políticas ele sabe que se for o melhor vereador que puder ser vai construir um futuro brilhante para si e seus ideais, como explica ao dizer: “preciso dar resultado e pra isso preciso fazer um bom trabalho".

Em sua compreensão, hoje, mais do que discurso e sorrisinho, o eleitor quer que aquilo prometido vá pra prática. Os novos políticos devem assumir compromissos e cumprir. As pessoas estavam acostumadas com ‘jeitinho’ e ‘salvador da pátria’, mas agora estão entendendo que o político tradicional – a caricatura de tudo que há de ‘tranqueira’ na política – muitas vezes não vai dar resultado e que hoje as pessoas querem saber no que o político vai mudar suas vidas, concluindo: "quem vem hoje com um discurso e faz outra coisa na prática, vai apanhar (nas urnas)".

Para o futuro, ele não tem planejamento certo. Pretende fazer um bom mandato sendo sério, ético e com coerência. "Acredito que se a gente fizer um bom trabalho agora, as pessoas vão perceber", continuando, “Se eu cuidar bem do meu terreno hoje, ele vai dar bons frutos lá na frente" e finalizando com “quero terminar meu mandato olhando pra trás e dizendo fim um bom trabalho”.

Essa nova leva de políticos – que estão mais preocupados em contribuir de forma positiva para a comunidade do que em continuar com seus cargos eletivos – é o que aos poucos, para o bem do país, vão substituir aquelas da ‘velha guarda’ que vivem de currais eleitorais, trocas de favores e compromissos que jamais têm a honra de cumprir.

Parabéns ao trabalho desse professor – que está dando aula para pessoas há décadas na política de como ser político – e esperamos ter saciado um pouco a curiosidade de tantos e tantos leitores ávidos por conhecer esse que é um dos melhores parlamentares que nossa cidade conheceu.