O BLUMENEWS conversou com o vereador Ricardo Alba

O BLUMENEWS conversou com o vereador Ricardo Alba
Foto: Ricardo Latorre

Friday, 17 March 2017

O homem que em menos de um mês de trabalho sacudiu a Câmara e prestou serviços indispensáveis para toda a região, deu uma palavrinha conosco e falou um pouco de sua vida, feitos e desejos.

Antes do carnaval, o BLUMENEWS teve a oportunidade de conversar com o vereador Ricardo Alba (PP) que mal entrou na política e já está mostrando a que veio.

Filho do lendário professor Leonir Alba – diretor do Pedro II por 16 anos, valioso membro do corpo docente da Furb e ex-presidente da Apae – esse jovem advogado tem feito mais bela cidade nos últimos dois meses do que muitos vereadores já fizeram em dois mandatos.

Entusiasta de esportes, em especial natação (na qual representou Blumenau diversas vezes, ganhando várias medalhas), Alba entrou na faculdade de Direito aos 18 e durante todo o seu período discente estagiou nas mais diversas áreas jurídicas, como no Procon, em delegacias e até no presídio, até que, aos 23 anos, formou-se.

Decidido a continuar na área, ele escolheu fazer sua primeira pós-graduação na Escola da Magistratura Federal do Paraná, em Curitiba, onde chegou a ter aula de Controle de Constitucionalidade com o quase mítico juiz Sérgio Moro, que descreveu como um professor atencioso e discreto, mas que já naquela época (2008) precisava vir às aulas com guarda-costas.

Enquanto fazia sua pós dedicou-se aos estudos e praticamente não advogou, mas assim que o concluiu foi convocado para um concurso para oficial de justiça que prestara quando estava no sexto semestre da faculdade, ficando em terceiro lugar.

Dali para frente começou a conciliar a vida de professor universitário com a função de oficial de justiça, que lhe levava aos 35 bairros de Blumenau (e outros de municípios que, na época, ainda dependiam de nossa comarca). Ele acredita que essa experiência o aproximou ainda mais do público e o fez conhecer demanda de todo tipo de pessoa.

"Ser oficial de Justiça te dá uma bagagem enorme, porque além de transitar em todas as regiões da cidade (você) transita em todas as classes sociais", afirmou.

Independente da realidade na qual viva, todas as pessoas têm demandas e a Justiça é imparcial em relação a isso: pode ser um mandado de prisão, a cobrança de um aluguel, a apreensão da guarda de uma criança ou até de um carro importado de luxo com pagamentos atrasados, esse profissional acaba ficando muito próximo de várias comunidades e pessoas diferentes e assim vai conhecendo os problemas dos bairros, da cidade e dos cidadãos.

Esta foi a faísca que despertou nele o sentimento cívico, que viria a explodir com mais força em 2014, com oi final das eleições presidenciais.

Tendo forte participação junto ao Instituto Verdade e Liberdade (IVL) na organização de todas as manifestações pró-impeachment de 2015 e na de março de 2016 (proporcionalmente, uma das maiores do Brasil), ele sentiu definitivamente o chamado para a vida pública.

Decidido a fazer ativamente a diferença para a cidade, Alba se afastou dos movimentos pró-impeachment para evitar envolvimento político-partidário e começou a se dedicar à sua proposta de plataforma.

"Fazer uma nova política é o que me motiva", diz, complementando, "parece que foi um despertar político".

O pleito de 2016 foi sua primeira tentativa de candidatura e, admiravelmente, marcou uma conquista com o expressivo número de 3277 votos.  Sem apadrinhamento político, apoio de grandes setores econômicos ou lobbies de qualquer tipo, ele se afastou de seus trabalhos para tentar ser vereador e, ao conseguir, brinca dizendo "Eu sou um outsider" (no sentido de alguém que vem de fora do meio político).

"Um cara de fora do sistema", continua, afirmando que: "Quis entrar no mundo da política por querer renovar a política" acreditando que se cada um fizer sua parte a sociedade vai longe.

E ele já começou bem. Sabendo que a Câmara só iniciaria os trabalhos no dia 23 de janeiro, abriu sei gabinete já no dia 9, convidando as pessoas, através de suas redes sociais, para conhecerem seu espaço e levarem a ele suas demandas.

Juntou-se aos também estreantes vereadores Bruno Cunha (PSB) e Professor Gilson (PSD) e decidiram cortar suas verbas de gabinete que eram de R$ 3 mil para R$ 1 mil, além de dispensarem os veículos oficiais, as verbas para gasolina e os telefones celulares funcionais, ajudando a gerar maior economia no Legislativo (que acaba voltando ao Executivo no fim do ano).

Agora sua luta é criar a Câmara Noturna, com sessões após as 18h, promessa de campanha que ele já propôs e obteve 10 assinaturas. Para ele é inadmissível que as sessões ocorram às 15h de terças e quintas por ser este um horário no qual as pessoas geralmente estão trabalhando e, portanto, não podem comparecer para fiscalizar seus vereadores.

Sua proposta prevê a mudança no expediente dos funcionários da casa também com o intuito de que não se pague hora-extra e. assim, garantir maior participação política da população sem precisar gastar nada a mais. "Nós somos pagos por eles, somos representantes deles e somos a casa do povo, não podemos nos reunir num horário que o povo não possa participar", ressalta.

Esse modelo já foi tentado em 2012, mas os (péssimos) vereadores daquela época decidiram que mesmo que ocorressem à noite, as pessoas não vinham. Entretanto, Alba contra-argumenta, afirmando que o cidadão deve poder escolher se quer ou não participar, diferente de agora onde ele é impedido de participar não por vontade própria, mas por conta de horário.

Outra ação de Alba logo nos primeiros dias de mandato teve a ver com a falta de viaturas que a Polícia Militar sofria por conta do não repasse de um convênio que tinha com a prefeitura.

Junto com o tenente-coronel Jefferson Schmidt ele o secretário de Gestão Governamental Paulo Costa para reivindicar a continuidade do convênio entre o Executivo e o 10° Batalhão da Polícia Militar (que estava com meses de parcelas atrasadas). Eles conseguiram garantir o repasse de R$ 140 mil dos valores em atraso desde 2016 e também a abertura de uma linha de crédito adicional até o valor de R$ 250 mil para os policiais encaminhada pelo prefeito Napoleão Bernardes (PSDB) e aprovada em caráter de urgência na Câmara.

Graças ao trabalho do vereador, a polícia pôde arrumar suas viaturas e a comunidade está mais segura. Isso, claro, apenas em seu primeiro mês de trabalho.

Como próximos passos ele pretende otimizar as leis municipais, como uma alteração no Código de Posturas do Município que vise coibir as pichações e outra que garanta que os veículos apreendidos pela polícia e pelo Judiciário não fiquem abandonados nas ruas, citando o transtorno que isso causa a vizinhos de locais onde se estacionam tais veículos.

Ricardo Alba quer ser lembrado como um vereador que tem como marca registrada a pegada forte do trabalho sem jamais desacelerá-lo. "Quero um dia olhar para trás e dizer: dei o meu melhor", diz, "a gente busca melhorar a qualidade de vida das pessoas", concluindo, "Falo com plena convicção que vou honrar cada voto conseguido".

Sobre o que lhe motiva, o parlamentar afirma: "Eu pedi uma única chance de entrar lá e essa oportunidade foi dada", afirmando que sabia que seria um vereador 24 horas por dia quando se candidatou e mostrando que é o tipo de pessoa que trabalha rápido e faz ao invés de prometer.

E isso tudo, é claro, antes mesmo do seu primeiro trimestre no cargo.


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Ricardo Latorre

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