Crítico da Folha escancara hipocrisia ao falar de Ultimato

Crítico da Folha escancara hipocrisia ao falar de Ultimato
Foto: Reprodução

Monday, 29 April 2019

O filme com a estreia mais rentável da história colocou jornais em xeque e explicitou o desespero de grandes produtoras nacionais por um nocivo protecionismo estatal.

Em seu primeiro final de semana o filme Vingadores: Ultimato bateu 20 recordes sendo, um deles, o de estreia mais lucrativa, angariando US$ 1,2 bilhão em todo o mundo.

A película que fecha uma saga composta por mais de 20 filmes exibidos ao longo dos últimos 11 anos e que custou cerca de US$ 300 milhões para a produção de suas três horas ultrapassou seu antecessor, que anteriormente detinha esse recorde com US$ 640 milhões, deixando para trás Star Wars: os Últimos Jedi (US$ 220 milhões) e Jurassic World (US$ 208 milhões). No Brasil a produção já alcançou US$ 26 milhões, de acordo com o site Box Office Mojo.

A meta dos irmãos Russo, diretores do último filme dos Vingadores, é bater o recorde de Avatar de James Cameron, que lucrou impressionantes US$ 2,7 milhões em 2009.

Enquanto milhões de fãs apaixonados choram, vibram e aplaudem em pé em quase todas as salas de cinema onde a história é apresentada, alguns críticos da velha mídia não conseguem conter suas medíocres manifestações de recalque ou proselitismo. Esse foi o caso do simplório e constrangedor texto escrito por Ivan Finotti à controversa Folha de São Paulo chamado: “Vingadores Ultimato é o filme mais chato de 2019”.

Além de usar de uma linguagem chula à qual um jornal outrora respeitado deveria se prestar, Finotti desrespeita os fãs, demonstra que não compreender a magnitude do evento para a indústria cinematográfica e é absolutamente deselegante com seus colegas que gostaram do filme.

Ao dizer “talvez porque blogueiros e influenciadores digitais estejam tomando conta da situação” ele afirma seu despeito em relação às milhares, senão milhões, de personalidade digitais com muito mais relevância do que ele mesmo. Afinal, a internet está tirando a audiência de figuras como ele e de empresas como o jornal para o qual trabalha.

A Folha sabe disso, por isso se vale de um peão sem relevância como ele no tabuleiro do jornalismo para tentar desmerecer os veículos digitais e, quem sabe assim, conseguir alguma sobrevida para o seu jornal sem credibilidade e nitidamente fadado ao fim.

Mas o pior da ‘crítica’ é o fato de que Finotti dá spoilers. Seu péssimo texto de quinta série foi escrito antes da pré-estreia e, portanto, ele deveria respeitar o embargo. Não respeitou. No afã de conseguir mais visibilidade, contou partes importantes do filme quando toda a imprensa especializada estava embargada, desprezando a campanha contra spoiler da Disney e ignorando os leitores que obviamente ainda não tinham visto o filme.

Seu texto foi tão rechaçado por todos os lados que a Folha se apressou e publicou uma opinião levemente diferente à dele, escrita por Thales de Menezes. Levemente porque, apesar da discordância, ele tenta manter o posicionamento que, ali, soava editorial.

Mas por que um jornal alquebrado se meteria nisso? Óbvio. Dinheiro.

O blockbuster ocupa 80% das salas de cinema do Brasil e com toda a razão: se é isso que vai dar lucro aos cinemas, então que ofereçam ao público aquilo que o público quer. Porém, produtores nacionais ficaram insatisfeitos. Foi o caso de Mariza Leão, produtora do nacional “De Pernas Pro Ar 3”, que chegou a dizer que deveria haver uma ‘regra’ para o limite de ocupação das salas. E tem. A regra do mercado. Se Ultimato atrai mais gente do que o filme brasileiro estrelado por Ingrid Guimarães, então Ultimato vai ser mais exibido. Simples assim.

Os cineastas brasileiros – agora órfãos da Rouanet – vão ter que aprender que para ter sucesso é necessário ter um produto de qualidade ao invés de paternalismo estatal.

Aliás, diga-se de passagem, ‘De Pernas por Ar 3’ foi feito, em partes, com dinheiro público através do Fundo Setorial do Audiovisual e patrocínio do Banco do Brasil, tendo a maior parte do lucro direcionada para a Globo Filmes.

A revista Veja publicou um artigo chamado “para o grande público De Pernas Pro Ar 3 é a melhor estreia” não citando em que dado se baseou para a informações demonstrando seu caráter protecionista, mentiroso e, portanto, justificando toda a ojeriza que tem criado em torno de si e de seus colegas como Folha, Rede Globo, etc.

Quando uma mera crítica de cinema expõe a hipocrisia é porque há muita hipocrisia para ser exposta.


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Ricardo Latorre

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