Léo Lins dá surra de democracia atropelando prefeito de Taubaté

Léo Lins dá surra de democracia atropelando prefeito de Taubaté
Foto: Divulgação

Monday, 26 August 2019

O prefeito que, arbitrariamente, tentou cancelar o show do comediante foi surrado e levado ao nocaute por um dos maiores comediantes da atualidade no Brasil.

O Brasil passa por um momento político conturbado, onde movimentos diametralmente opostos colidem alimentados por políticos que se recusam a aceitar o natural fim da conhecida ‘velha política’ inflamando seus currais/massas de manobra e até usando de formas lícitas ou ilícitas para tentar censurar a liberdade de crítica dos cidadãos. Exatamente o que o STF tem feito. Afinal, para essa gente, a ditadura só é ruim se não forem eles no poder.

Foi o que aconteceu como o prefeito de Taubaté, Bernardo Ortiz (PSDB). Léo Lins costuma lançar teasers contando de forma irônica a história das cidades onde irá se apresentar e ridicularizando figuras públicas. Geralmente isso gera alguns desconfortos e até tentativas bem medíocres de boicote, chegando ao ponto de ser censurado em alguns municípios.

Ortiz – o ‘prefeito Júnior’ – não gostou das piadas e mandou cancelar o show que estava programado para ocorrer no Teatro Metrópole, sendo pago pela própria equipe de Lins e sem ter nenhum centavo de dinheiro público.

O humorista – conhecido por suas piadas ácidas, sua excelente participação no The Noite do SBT e pelo sucesso do filme ‘Exterminadores do Além Contra a Loira do Banheiro’ – não abaixou a cabeça mediante uma decisão arbitrária de um péssimo funcionário público como o tal prefeito e recorreu, conseguindo na Justiça – através do juiz Paulo Roberto da Silva – liminar que garantia que ele pudesse realizar a sua apresentação.

Numa demonstração de imaturidade, falta de caráter e coronelismo barato, o prefeito aparentemente mandou os funcionários do referido teatro não irem trabalhar na noite em que a peça havia sido marcada. Mas sem problemas. A equipe de Lins fez a iluminação, sonorização e a fila para assistir a peça varava quarteirões. Tudo que o ‘prefeito Júnior’ conseguiu, foi ser ainda mais ridicularizado, execrado pela população (que nitidamente já não o respeita) e uma tonelada de marketing político negativo. Não que ele precise disso.

O ‘prefeito Júnior’ – entre outras coisas – já foi cassado por abuso de poder político e econômico na campanha eleitoral de 2012, ficou inelegível por conta de acusações do Ministério Público que diziam que ele fazia parte de um esquema de corrupção política envolvendo desvio de recursos públicos da área da educação estadual, possível facilitação de licitações para amigos, quase foi impedido de ser diplomado em 2015 e só se mantém na vida pública porque foi beneficiado pelo ministro Gilmar Mendes, o ‘bisacodil’ do STF.

Bernardo Ortiz – papai do ‘prefeito Júnior’ – já foi presidente da Fundação de Desenvolvimento da Educação de Taubaté, de onde foi afastado em meio à uma investigação por improbidade movida contra ele pelo Ministério Público Estadual. O ‘prefeito Papai’ – provando que a fruta nunca cai muito longe do pé – também foi condenado pela Vara da Fazenda Pública daquela cidade a ressarcir os cofres do município em R$ 570 mil depois que uma auditoria realizada pela CGU (Controladoria Geral da União) indicou pagamentos em não conformidade com o contrato firmado para o fornecimento de medicamentos. O ‘prefeito Papai’ sequer recorreu, provando que assumia a culpa aos olhos do juiz Paulo Roberto da Silva.

Em um momento onde o PSDB passa por um momento tão delicado no cenário nacional – com um ex-presidente que faz apologia à maconha abertamente sem sofrer sanções penais (diferente do que aconteceu com o Planet Hemp nos anos 90), um senador acusado de participação na posse de um ‘helicóptero de cocaína’, um governador alvo de um vídeo íntimo de procedência duvidosa supostamente o mostrando em uma orgia e um ex-presidenciável envolvido em acusações de desvio na verba de merendas -  manter o ‘prefeito Júnior’ filiado parece uma decisão tão suicida quanto convidar o pérfido ex-ator pornô Alexandre Frota para se filiar à sigla.

Enquanto o prefeito perdia o sono, o show de Lins foi espetacular. Um comediante e suas piadas causaram mais danos a um mau político (afinal, independentemente de sua honestidade, sua postura é péssima) do que qualquer protesto, terminando com a plateia ovacionando o comediante e pegando-o nos braços, enquanto ridicularizavam o prefeito.

A pergunta que não quer calar

Quando Léo Lins virá trazer seu show para Blumenau? Uma ótima dica é fazer isso em outubro, porque durante a Oktoberfest (uma das maiores festas do Brasil) a cidade fica cheia de gente e o número de fãs aqui é gigantesco.

Aliás, se ele quiser, o BLUMENEWS o ajuda a escrever o teaser com ‘A História de Blumenau Segundo os seus Habitantes’. Até porque, nada mais justo do que o site mais processado da cidade apoiar o show mais censurado do Brasil. E acredite: tem muita história escabrosa nessa pequena província pseudo-germânica para fazer piada.


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Ricardo Latorre

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