Manifestação de domingo conta com pouquíssimas pessoas

Manifestação de domingo conta com pouquíssimas pessoas
Foto: Ricardo Latorre

Monday, 27 March 2017

Certamente com mais pessoas do que as manifestações petistas (e sem remunerar ninguém) mas, mesmo assim, com número decepcionantes em todo o país, a manifestação em Blumenau foi a maior do estado.

Neste domingo (26/03) aconteceu mais uma manifestação nacional. Desta vez em favor à Operação Lava Jato, o número de pessoas foi bem inferior às anteriores.

Em São Paulo, de acordo com a contas da Polícia Militar, apenas 500 pessoas foram à Avenida Paulista. Os organizadores estimam que tenham sido 700 manifestantes. De qualquer forma, o número foi incrivelmente inferior ao esperado na cidade que já reuniu 1 milhão de pessoas num protesto.

No Rio de Janeiro os organizadores calcularam 2 mil pessoas, mas a Polícia Militar não se manifestou quanto aos números. Igualmente fracos, os protestos de Manaus (40 pessoas), Brasília (600 pessoas) e Fortaleza (700 pessoas) foram considerados cifras irrelevantes, mostrando que o motivo que unia os brasileiros era, de fato, o medo causado pela incompetência administrativa da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Já em Belo Horizonte (4 mil pessoas), Recife (5 mil pessoas), Porto Alegre (5,5 mil pessoas) e Curitiba (10 mil pessoas) a adesão de manifestantes foi maior, mas nada que sequer chegasse aos pés dois números alcançados nos protestos anteriores.

Já Florianópolis teve 2 mil manifestantes de acordo com a Polícia Militar e 5 mil de acordo com os organizadores. Joinville reuniu cerca de 300 pessoas, Balneário Camboriú 150 pessoas, Concórdia 100, Timbó com também 100, Jaraguá do Sul com 40, Porto União com 150, Mafra com 50 e Lages com 150 manifestantes. Número muito abaixo dos pretendidos.

No Facebook o protesto na cidade de Blumenau contava com três eventos: um com 395 confirmações de comparecimento e outro com 234 confirmações e o principal – e maior deles – com 36 mil pessoas afirmando comparecimento.

No entanto, ao contrário do que os números na rede social indicaram, a adesão ao movimento foi pequena: cerca de mil participantes de acordo com a PM (e 1,5 mil, segundo a organização).

Com faixas de apoio ao juiz federal Sérgio Moro assim como à Polícia Federal, os manifestantes exigiam o fim do incabível foro privilegiado, criticaram o dantesco projeto de lista fechada (leia nossa sessão de Política para ficar por dentro), defenderam a operação ‘A Carne É Fraca’, repudiaram a proposta de indulgência ao caixa dois partidário e o projeto de abuso de autoridade contra juízes e policiais federais.

No entanto a cidade que já reuniu há pouco tempo 40 mil pessoas exigindo a saída de uma presidente da República, dessa vez não comportou números significativos, apesar de ter sido a cidade catarinense com o maior número de adesão de manifestantes.

E a razão pode ser vista em alguns dos manifestantes: uma senhora completamente fora de contexto segurando uma plaquinha escrita ‘Fora Temer’ (em quem eu, particularmente, não votei, mas torço pra que consiga arrumar os estragos que Dilma fez), o discurso encardido contra a necessária reforma previdencial (vulgo, pirâmide institucionalizada) e um dos organizadores afirmando que “a Câmara dos Vereadores votaria a anistia ao caixa 2 partidário (quando, na verdade, são os deputados quem o farão, não os vereadores, que só podem legislar pelo município, jamais pela União).

Um misto de falta de coesão nas metas, desinformação (premeditada ou não) e noção superficial de urgência parecem ter sido algumas das razões que levaram ao fracasso no número de pessoas na manifestação deste domingo.

Em um passado não tão distante – quando uma mulher sozinha estava quebrando o país com uma somatória de fanatismo ideológico e total incapacidade gerencial – milhões de brasileiros se uniram porque sabiam, quase com unanimidade, que se não houvesse um ponto final na balbúrdia acabaríamos sem ter o que comer. Com a união veio a força e, então, o resultado.

Agora os grupos parecem esquecer de foco mais importantes – como a extinção do foro privilegiado – e tentam empurrar discursos pré-prontos sobre as reformas na previdência, na Educação e até o problema econômico ocasionado pela operação da PF nos frigoríficos (ainda falaremos disso essa semana) sem perceber que este pontos são controversos e passam longe de ser algo que a maioria dos brasileiros têm em comum (ao contrário do impeachment da Dilma).

E sobre o ‘fora Temer’... por favor, um pingo de bom senso. Esse cavalheiro sequer devia estar onde está e seu partido é um câncer na política nacional, mas aos poucos ele está trazendo um pouco mais de segurança à Economia e nos tirando do buraco onde sua antecessora nos jogou.

Se cometeu algum crime político – e deve ter cometido – que pague por eles, mas pedir um ‘fora Temer’ agora é sinônimo de pedir o Bolinha Rodrigo Maia (DEM) ou o Dedé Santana Eunício Oliveira (PMDB). E, o bom senso pressupõe, nenhum de nós quer isso, certo?


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Ricardo Latorre

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