Filho de Lula está na mira da Justiça
Foto: DivulgaçãoWednesday, 11 December 2019
A Polícia Federal chegou a pedir sua prisão, mas o Ministério Público Federal ainda não autorizou.
A Polícia Federal chegou a pedir a prisão de Fábio Luis Lula da Silva, o Lulinha , na operação de hoje que investiga os negócios do filho de Lula com a Oi, mas o Ministério Público Federal foi contra.
"A autoridade policial representa pela decretação de medidas cautelares de busca e apreensão nos endereços de diversos investigados, pessoas físicas e jurídicas, bem como a decretação da prisão temporária de Fábio Luis Lula da Silva, Kalil Bittar e Jonas Leite Suassuna Filho (sócios do Grupo Econômico Gamecorp/Gol). (...) Não obstante de fato recaiam fundadas suspeitas da prática de crimes graves pelos investigados, o Ministério Público Federal entende que a decretação de suas prisões temporárias, no presente momento, não é necessária para as investigações", escreveram os procuradores.
A fase Mapa da Mina, deflagrada hoje pela Lava Jato, lembrou que os repasses da Oi para as empresas de Fábio Luís Lula da Silva cresceram substancialmente depois que Lula autorizou o BNDES aportar R$ 1,8 bilhão na operadora, para que comprasse a Brasil Telecom, em 2008.
Aporte bilionário do BNDES na Oi acelerou repasses para empresas de Lulinha
O pedido de busca e apreensão do Ministério Público Federal conta que, em fevereiro de 2008, Otávio Azevedo, então presidente da Andrade Gutierrez, acionista da Oi, recebeu em seu e-mail notícia da Folha informando que Lula editaria decreto para autorizar a fusão.
A decisão foi tomada numa reunião no Palácio do Planalto onde estavam com Luciano Coutinho (então presidente do BNDES), Dilma Rousseff (à época, chefe da Casa Civil) e Hélio Costa (então ministro das Comunicações).
Inicialmente, Coutinho informou que iria emprestar R$ 1,8 bilhão aos empresários Sérgio Andrade, da Andrade Gutierrez, e Carlos Jereissati, da La Fonte, principais controladoras da Oi à época. Mas em abril, o BNDESPar anunciou a compra de R$ 1,3 bilhão em ações.
Ao final daquele ano, a aquisição foi concluída com a contribuição de R$ 2,5 bilhões por parte do BNDES; R$ 4,3 bilhões do Banco do Brasil; e mais R$ 3 bilhões dos fundos de pensão Previ, Petros e Funcef, todos controlados pelo governo.
A perícia da Polícia Federal nas contas da Gamecorp e empresas ligadas a Lulinha mostra que é nessa época em que os créditos sobem a valores que, em 2009, chegariam a R$ 7 milhões. Entre 2004 e 2016, a Oi abasteceu as firmas do primogênito de Lula com mais de R$ 132 milhões.
Como funcionava o suposto esquema de corrupção entre as empresas de Lulinha e a Oi?
A Lava Jato informou nesta terça-feira (10) que parte do dinheiro para a compra do sítio de Atibaia (SP) teria vindo de um esquema envolvendo repasses suspeitos de mais de R$ 132 milhões da empresa de telefonia Oi/Telemar para o grupo de empresas Gamecorp/Gol, cujos donos são Fábio Luis Lula da Silva (o Lulinha), filho do ex-presidente Lula; Fernando Bittar, Kalil Bittar e Jonas Suassuna. Bittar e Suassuna são os “donos oficiais” do sítio, pelo qual Lula foi condenado pela Lava Jato. A investigação envolvendo Lulinha faz parte da 69ª fase da operação Lava Jato, deflagrada nesta terça.
O procurador da Lava Jato Roberson Pozzobon afirmou que o que está em apuração são as evidências de que o sítio de Atibaia pode ter sido adquirido por Fernando Bittar e Jonas Suassuna com dinheiro repassado pela Oi. A empresa de telefonia, por sua vez, é investigada por supostamente ter sido beneficiado pelo governo federal na gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo a investigação, o grupo Gamecorp/Gol era contratado pela Oi/Telemar para prestar diversos serviços, mas não tinha mão de obra ou ativos necessários para realizar os trabalhos – uma evidência de que era um contrato de fachada para simular a legalidade dos pagamentos, que na verdade seriam propina.