EUA querem que Brasil integre OCDE, diz embaixada
Foto: DivulgaçãoWednesday, 15 January 2020
Na prática, essa troca indica que o Brasil deixa de se autodeclarar uma economia emergente, e passa a negociar em pé de igualdade com as nações ricas em temas comerciais.
A embaixada dos Estados Unidos em Brasília divulgou uma nota nesta terça-feira (14) na qual afirmou que o país apoia a entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Integrantes do Ministério da Economia e do Ministério das Relações Exteriores informaram já ter sido avisados sobre a decisão.
A informação sobre o apoio foi divulgada pelo site do jornal "Folha de S.Paulo" e confirmada pela GloboNews.
"Os Estados Unidos querem que o Brasil seja o próximo país a iniciar o processo de acessão à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)", afirmou a embaixada.
"Nossa decisão de priorizar a candidatura do Brasil, agora, como próximo país a iniciar o processo é uma evolução natural do nosso compromisso, como reafirmado pelo secretário de Estado [Mike Pompeo] e pelo presidente Trump em outubro de 2019", acrescentou.
Após o anúncio, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou em uma rede social que a decisão mostra a construção de uma "parceria sólida" na relação Brasil-Estados Unidos, "capaz de gerar resultados de curto, médio e longo" prazos.
Segundo assessores do ministro Paulo Guedes, com a decisão dos EUA, o Brasil passará a ser a prioridade do governo norte-americano para aderir à OCDE.
Em outubro, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, enviou uma carta à OCDE manifestando apoio à entrada da Argentina e da Romênia na organização.
Agora, segundo assessores do presidente Jair Bolsonaro, o país vizinho perdeu prioridade em razão da mudança do governo – Alberto Fernández assumiu no lugar de Mauricio Macri.
Entenda o caso
Em março de 2019, Bolsonaro fez um acordo com os EUA segundo o qual o Brasil abriria mão do tratamento diferenciado na Organização Mundial do Comércio (OMC) – órgão paralelo à OCDE. Em troca, o governo Trump prometeu apoiar a entrada do Brasil na OCDE.
Na prática, essa troca indica que o Brasil deixa de se autodeclarar uma economia emergente, e passa a negociar em pé de igualdade com as nações ricas em temas comerciais.
Em outubro, no entanto, uma carta do secretário de Estado norte-americano Mike Pompeo sobre as candidaturas de Romênia e Argentina causou polêmica.
Após a repercussão, Donald Trump afirmou em uma rede social reiterar o apoio dos EUA ao ingresso do Brasil na OCDE.
"A declaração conjunta divulgada com o presidente Bolsonaro em março deixa muito claro que eu apoio que o Brasil inicie o processo para se tornar membro pleno da OCDE. Os EUA apoiam essa declaração e apoiam Jair Bolsonaro", escreveu Trump.
Até esta terça, no entanto, ainda não havia nenhum documento na OCDE informando esse apoio. O processo de entrada na organização pode levar anos e depende do cumprimento de centenas de pré-requisitos pelo país candidato.
Íntegra
Leia a íntegra da nota da embaixada:
Os Estados Unidos querem que o Brasil seja o próximo país a iniciar o processo de acessão à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O governo brasileiro está trabalhando para alinhar suas políticas econômicas ao padrão da OCDE, enquanto prioriza a acessão à OCDE para reforçar as reformas econômicas.
A Declaração Conjunta do presidente Trump e do presidente Bolsonaro, em março de 2019, claramente afirma o apoio dos Estados Unidos ao início do processo de acessão do Brasil como membro pleno da OCDE, e comemora os esforços contínuos do Brasil em relação às reformas econômicas, às melhores práticas e a um marco regulatório em linha com os padrões da OCDE.
Nossa decisão de priorizar a candidatura do Brasil, agora, como próximo país a iniciar o processo é uma evolução natural do nosso compromisso, como reafirmado pelo secretário de Estado [Mike Pompeo] e pelo presidente Trump em outubro de 2019.