Quem avaliamos como melhor e pior vereador?

Quem avaliamos como melhor e pior vereador?
Foto: Divulgação

Monday, 20 January 2020

Além de Gilson (melhor) e Rosa (pior) veja como se saíram os outros vereadores avaliados pelo BLUMENEWS.

Hoje a Câmara de Vereadores volta a funcionar depois de suas longas férias e, para o desespero de alguns e alegria de outros, o BLUMENEWS volta a fazer a avaliação anual do Legislativo Municipal.

Há muita gente que, de forma errônea, subestima a importância dos vereadores. São eles que criam leis e fiscalizam as ações da prefeitura (bem como suas demais secretarias). É nessa esfera que surgem as grandes lideranças do futuro, bem como ganham força movimentos políticos. Quase sempre acontece de baixo para cima.

No entanto o trabalho de um vereador não é pedir votos com o nosso dinheiro. Muito pelo contrário. É uma incoerência que tantos políticos nos mais variados níveis estejam sendo pagos por nós para simplesmente se esforçar na manutenção do ‘direito’ de continuar sendo pagos por nós para continuar pedindo votos e assim sucessivamente em um ciclo ultrajante.

O legislador de uma cidade é quem cria as leis que a regem. Mas leis úteis, não aquelas que beneficiam apenas um nicho específico de seu eleitorado ou outras que já existem nas esferas estadual ou municipal sendo, portanto, supérfluas (ou até inconstitucionais). Eles também são, muitas vezes, o elo de interlocução entre a população e o Executivo, além de seu fiscalizador.

Ser um vereador vai muito além de ir a feijoadas, postar fotos em eventos populares, criar moções inúteis para bajular quem pode ajuda-los ou fazer discursos inflamados sem a menor relevância prática. A vereança é um cargo nobre e, por isso, deve ser executada com honra.

Blumenau tem 15 vereadores e alguns se destacam de forma positiva e outros de forma negativa. Alguns mudaram de postura (ou até de caráter) com o passar do tempo, mas outros foram pegando prática e melhorando sua eficiência.

Hoje há um movimento muito forte de novos nomes na Política que rejeitam verbas de gabinete, uso de celulares corporativos, carros oficiais e até dispensam indicações políticas em outros Poderes. Isso certamente demonstra um admirável respeito com o dinheiro que quem paga seus salários, mas eles também precisam mostrar trabalho. Na prática. Não apenas em longas discussões que nunca vão levar a lugar nenhum. Não se discute ‘o sexo dos anjos’.

Então, abaixo, vamos analisar um por um dos nobres edis e sua atuação no ano que passou.

Adriano Pereira (PT)

Existem dois tipos de oposição: a burra e a inteligente. A oposição burra é uma tropa de choque barulhenta que late muito no afã de prejudicar o governo enquanto perde credibilidade e poder de barganha. A inteligente é aquela que, apesar das discordâncias, sabe reconhecer quando seus pleitos são acatados e, dessa maneira, conquista mais benefícios para aquilo que defende. E Adriano Pereira sempre fez uma oposição inteligente.

A prova disso é que em uma cidade que tem ojeriza por seu partido, ele foi o único a se reeleger, desbancando nomes influentes como Jefferson Forest (genro do ex-deputado Décio Lima) e Vanderlei de Oliveira (ex-presidente da Casa).

Sempre ativo na região da Velha, Pereira também foi autor do Projeto de Lei que visa impedir inaugurações (ou entregas de obras públicas) antes do término e denunciou o ex-diretor de Manutenção de Bairros, Ney dos Santos, por improbidade administrativa. Criou uma emenda para manter o benefício do parcelamento de multas de trânsito.

Alexandre Caminha (PP)

Caminha foi o melhor diretor que o Procon de Blumenau já teve. Talvez, o melhor da História de Santa Catarina. Então é natural que se tenha criado uma grande expectativa sobre o quão bom vereador ele seria. Mas, infelizmente, ele foi uma grande decepção.

Com perfil absolutamente técnico e grande especialista em Direito do Consumidor, ele desde o começo se mostrou pouco versátil e até limitado em relação a suas propostas.

Sem o discernimento necessário para entender que – como homem público – está à mercê de críticas, ele ficou magoado quando expusemos a hipocrisia de uma de suas falas indignado contra o legítimo direito de questionamento de alguns membros da Maçonaria (espalhado em outdoors) e teve a péssima ideia de pedir para que amigos em comum nos solicitassem para retirar a matéria do ar. Nunca retiramos nada mesmo quando processados e, certamente, aquela não seria uma exceção. Foi apenas o esquálido exemplo de alguém que esqueceu o que é a Democracia.

Entre seus projetos no ano que passou estão o encaminhamento de parte do Fundo do Procon para agilizar processos fundiários nas ruas de ‘placa amarela’, o aumento de transparência na divulgação dos nomes e horários de trabalho dos profissionais de Unidades de Saúde, o incentivo a microempresas do ramo cervejeiro e a possibilidade de o Poder Público contratar menores de idade (como a Iniciativa Privada já faz no programa ‘Menor Aprendiz’)

Mantendo-se na área que domina, ele cobrou as lamentáveis operadoras de telefonia móvel que prestam serviço no município, conseguindo a instalação de 17 novas antenas.

Do ano retrasado para o ano passado, sua atuação melhorou bastante. E do ano passado para este ano, teve uma leve melhora também. Contudo a impressão que fica a muitos é de que esse tempo na Câmara está fazendo Caminha perder sua essência, tão carismática e importante para sua carreira política até aqui.

Alexandre Matias (PSDB)

Matias é um mal vereador. Jamais falaríamos sobre ele como pessoa por não o conhecermos e tampouco acharmos a vida particular de qualquer servidor relevante. Mas não compactuamos com suas ideias, propostas e muito menos com a forma com a qual chegou onde está.

Para ele 2019 não foi um ano fácil. Uma denúncia de participação em obras ilegais ameaçou seu mandato, mas ele foi inocentado das acusações pelo promotor Gustavo Merelles Ruiz Dias. Mesmo assim, antes de inocentado, não deve ter sido um ano fácil.

Entre seus mais relevantes projetos estão a inclusão do símbolo do autismo nas autorizações de estacionamentos preferenciais e a permissão para que empresas do ramo alimentício possam doar alimentos a entidades assistenciais para evitar o desperdício e auxiliar os necessitados. Esse último projeto é bastante problemático.

Qualquer um que conheça donos de restaurantes – a exemplo de Balneário Camboriú – sabe que a prática de dar comida acabou depois que moradores de rua acabaram tento intoxicação alimentar e isso complicou os comerciantes que faziam caridade. Além do mais, assistencialismo populista e barato apenas vai trazer ainda mais moradores de rua à cidade. O que está se tornando quase uma ‘epidemia’ na região central e nas proximidades da Furb.

No passado criticamos Matias por ter criado projetos inúteis como o ‘dia do som automotivo’ (ou qualquer tosquice do gênero), mas, pensando bem, seria melhor ele ter continuado criando projetos irrelevantes. Até porque, de boas intenções...

Almir Vieira (PP)

Almir brigou com o prefeito por ter perdido cargos indicados no começo do ano (e que se danem as pessoas desde que ele vença a briguinha) e foi autor de um projeto que permite a criação de animais de grande porte (equinos, suínos, bovinos, etc) no perímetro urbano.

Apesar de termos muitas divergências sobre a legitimidade do seu mandato, temos que admitir que ele se saiu muito bem no ano que passou. Apresentou bons projetos como a dispensa de pagamento em relação a serviços funerários a doadores de órgãos e a justa fiscalização sobre uma denúncia que teria recebido sobre corrupção e mau atendimento na Casa São Simeão.

Bruno Cunha (PSB)

Conhecemos o Bruno faz muito tempo. Com satisfação o elegemos o melhor vereador de 2017. Mas ele tem se perdido. Muito do que foi sua proposta – a nova política e o cuidado na criação de leis que não beneficiassem apenas um nicho – estão evanescendo.

O Bruno que eu conheci em 2011 era uma pessoa sensível, carismática, engajada e absolutamente respeitosa com todos. Diferente do Bruno que, ao saber que eu votaria no professor Lauro Bacca como deputado estadual, disse que eu estaria “jogando meu voto no lixo porque ele não iria ganhar” enquanto pedia voto para si mesmo. Irreconhecível. Cada vez menos atencioso e engajado, está se tornando apenas mais um político com sorriso forçado.

Seus projetos ainda são bons. Bruno ainda é inteligente. Isso não vai mudar. Conseguiu aprovar a proibição da nomeação de pessoas condenadas na Lei Maria da Penha para cargos públicos comissionados, esteve à frente de seis mutirões de castração, ajudou na criação do Fundo Municipal do Bem-estar Animal (FUMBEA), na implementação de alimentos para celíacos na Oktoberfest e dos fogos de artifício ‘silenciosos’ no Réveillon.

São ótimos projetos, mas muito do seu apoio – muita da aprovação entusiasmada que sempre víamos nas ruas ao seu respeito – se perdeu. Comenta-se nos corredores da Câmara que ele não agiu de forma leal com alguns colegas e, portanto, perdeu credibilidade. E oportunidades. Não podemos ter certeza, mas sua retirada de importantes comissões da Casa é um forte indício.

Bruno começou bem. Muito bem. E é um jovem absolutamente promissor. Mas está pegando um caminho estranho. Dentro da bolha que o orbita (o universo de puxa-sacos que sempre há em torno de políticos) talvez ele não veja. E, esperamos, que não enxergue tarde demais.

Mas, infelizmente, esse ano não vamos poder dizer que ele foi ‘o melhor vereador’.

Cezar Cim (PP)

Homem de conhecimento jurídico profundo e reputação ilibada, Cim entrou para o grupo de políticos que reduz ao máximo seu próprio custo, demonstrando respeito pelo dinheiro público.

Ele não apadrinhou nenhuma das indicações políticas às quais teria direito e reduziu seu gasto com verbas de gabinete. Foi autor da lei que compensa os proprietários de imóveis que pavimentam as ruas onde residem com isenção no IPTU e que autorizou a prefeitura a firmar convênio com entidades privadas para atender pessoas com mais de 65 anos.

Seus projetos beneficiaram muitos idosos... a quem ele voltou sua atenção no ano que passou.

Com suas ações, Cezar Cim deu um grande exemplo de que mesmo pessoas em cargos públicos a muitos anos podem aderir a movimentos jovens que tenham como objetivo respeitar o dinheiro do contribuinte. Até porque, anos atrás, foi ele o vereador que doou o salário a entidades que necessitavam.

Gilson de Souza (PSD)

Em 2018, enquanto a 2/3 dos parlamentares da Câmara ignoravam os afazeres pelos quais são pagos na Casa para pedir votos mirando os Legislativos estadual e federal, Gilson trabalhou.

Mais de um ano se passou e Gilson continua trabalhando. Sério e pragmático, ele facilitou a vida de pessoas com dificuldades de locomoção criando uma lei que permite que embarquem e desembarque fora dos pontos de ônibus, sugeriu a criação de um cartão que descentralizasse os recursos enviados a escolas públicas (Cartão Gestão Escola) e auxiliou as fanfarras escolares, bem como grêmios desportivos colegiais, a renovarem seus equipamentos.

Mesmo sendo da área da Educação, Gilson não cometeu o erro de se ater apenas a ela. Com o pensamento lógico que apenas um bom matemático pode ter, ele sempre considera as variáveis e, portanto, consegue entregar à comunidade projetos extremamente úteis e positivos.

Sua aceitação pública cresce diariamente e ultrapassa adjetivos como ‘vertiginoso’ desde 2017. O vereador que começou sem entender ao certo como ganhar a atenção da imprensa se tornou um dos nomes mais especulados do Legislativo a uma futura campanha de prefeito.

Ele nunca mudou quem é. Começou no ritmo certo, mantendo-o e, dessa forma, jamais perdendo o fôlego. Por isso, sem a menor sombra de dúvidas, Gilson foi o melhor vereador de 2019.

Ailton ‘Ito’ de Souza (PL)

Ito é mais ou menos uma versão contemporânea do Fred Flintstone. Ele é rústico, mas tem carisma. Sempre nos dizia “eu me elegi porque vocês queimaram o pessoal do Tapete Negro”. E ficamos felizes por isso. Ito merece estar onde está.

O pesadelo dos fiscais corruptos da cidade, esteve diretamente ligado à prisão de alguns. O que, certamente, lhe rendeu inimigos. Mas ele não se importa. É uma espécie de ‘Batman’ sem capuz, capa e (graças a Deus) collant. E sem Robin (assim esperamos).

Foi dele a ideia de usar parte do recurso das multas – que antes ficava na ‘caixa-preta do Seterb’ – para reformas as vias públicas. Uma ideia tão boa que chega a ser absurdo não ter sido executada antes.

Um vereador predominantemente de bairro, ele sempre está perto da comunidade.

Jens Mantau (PSDB)

O decano da Câmara, Jens está no sétimo mandato. Ou seja, 28 anos. Significa que ele se mantém no mesmo cargo a mais tempo do que alguns de nossos eleitores tem de vida.

Seu eleitorado está majoritariamente ao norte da cidade, também tem uma idade mais avançada e costuma estar em grupos tradicionais, como Clubes de Caça e Tiro. Entretanto, esse deve ser o último ano no qual Jens exerce a vereança, uma vez que ele já disse que não se candidatará de novo.

No ano que passou ele foi acusado de plagiar o projeto do suplente Lenilso de Souza (PT), que criava uma galeria fotográfica homenageando as mulheres que passaram pelo Legislativo.

Pouquíssimos projetos seus se destacam e sua presença junto à comunidade quase sempre se resume a fazer fotos em grupos folclóricos e elogiar pessoas que conhece faz tempo, mas ele apresentou uma Proposta de Lei chamada “não dê esmolas, dê oportunidades”, extremamente similar a uma que já existe em Balneário Camboriú.

De fato, Blumenau está se tornando um reduto desagradável de pessoas em situação de rua importunando pedestres e comerciantes. Algo que, se não for resolvido agora (e não parece que será) pode trazer sérios problemas para o futuro. Entre essas pessoas, doentes mentais e usuários de drogas já começam a praticar os primeiros e ‘discretos’ atos de violência gratuita.

Jens nunca foi um bom vereador. Ele sempre seguiu a máxima da piada “si hay un gobierno, estoy adentro”, mas devemos concordar com as péssimas consequências em dar esmolas. Contudo, ao copiar uma lei de BC, fica mais flagrante que o vereador copiou Lenilso.

Jovino Cardoso (PROS)

Talvez você o ame. Talvez você o odeie. Mas, se você o conhece, certamente não tem como ficar indiferente a ele. Jovino é polêmico, engraçado e, não raras vezes, faz coisas inacreditáveis (como o chapelão). Aquele tio do churrasco que não deixa a festa morrer.

Com vasta experiência no Legislativo (tendo sido, inclusive, presidente da Casa), ele está agora à frente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Sempre engajado nos bairros, ouvindo moradores de todas as regiões da cidade, ele tem o gabinete mais frequentado. E o mais caro também. É impressionante o número de pessoas que o procuram para pedir ajuda. E, o mais impressionante ainda, é perceber que a maioria esmagadora delas foi, de fato, ajudada.

Ele propôs a instalação de grades nas pontes da cidade para evitar suicídios (ou mesmo acidentes), manteve a chama de sua luta contra os radares móveis que não evitam acidente algum (mas rendem uma fortuna para o Seterb), tentou aumentar os dias nos quais entidades poderiam fazer pedágio nas ruas, garantir a liberação dos dantescos corredores de ônibus para outros veículos, impedir que prédios muito altos pudessem ser construídos na Vila Nova e melhorar a imagem da cidade (que busca ser cada vez mais turística) obrigando empresas como a Celesc a implementarem fiação subterrânea (ao invés dos cabos que se amontoam hoje nos postes).

Não raras vezes ele discordou de colegas parlamentares, mas sempre foi respeitado. Jovino não é um homem obtuso: ele tem palavra e criou uma forte reputação por sempre mantê-la. Em todos esses anos, ouvimos pessoas que não gostavam de sua postura, mas raríssimas (e pouco confiáveis) foram as vezes em que o acusaram de faltar com sua palavra.

E a prova disso é que apesar de um ano turbulento em sua vida pessoal, ele ganhou a guarda de seus filhos menores. Convenhamos: não é comum que juízes deem preferência aos pais na hora de decidir com quem ficará a guarda dos filhos. E ele conseguiu. Isso já diz muito.

Agora, além de vereador, ele é pai solteiro. E está na pista. Ou no Tinder.

Marcelo Lanzarin (MDB)

Atualmente presidente da Câmara, Lanzarin cortou gastos no Legislativo, apresentou um projeto que obrigaria estabelecimentos gastronômicos da cidade a oferecerem canudos biodegradáveis e tem sido muito cuidadoso com o afã dos parlamentares sobre a construção de uma nova sede para o Legislativo.

Por estar na Presidência da Câmara, é natural que o número de projetos apresentados por Lanzarin diminua. Em contrapartida, sua presidência tem sido uma das mais positivas dos últimos anos.

Marcos da Rosa (DEM)

Rosa não é um tipo confiável. No passado, quando publicamos seu envolvimento com um instituto que comprou medalhas (denunciado, inclusive, pelo Fantástico) ele nos procurou e fez questão de dizer que o prefeito Mário Hildebrandt também havia sido laureado com uma medalha e que, portanto, deveria ter mais atenção (e críticas) do que ele.

Na verdade, a medalha de Hildebrandt tinha muito pouco em comum com a de Rosa e sua tentativa de se proteger às custas de alguém que tratava como aliado dizia muito sobre ele.

Nem tão popular quanto Jovino e muito menos inteligente (ou culto) do que o deputado Ismael dos Santos, Marcos perde muito tempo em picuinhas mesquinhas como se fosse uma adolescente tendo uma crise de chiliques num episódio de Malhação. Tempo que poderia ser usado de forma mais produtiva.

No ano que passou ele foi o autor de um projeto que visa dar isenção de IPTU a pessoas com câncer e outro que obriga as tabacarias a alertarem sobre o risco do narguilé. Contudo a única coisa que lhe deu certa relevância foi chamar a primeira-dama da França de “mocreia” em uma postagem numa conta do presidente Jair Bolsonaro em uma rede social. Ver Rosa se metendo numa briga entre Bolsonaro e Macron é como ver uma minhoca intervir numa briga de galos: é meio triste, mas ao mesmo tempo é engraçado. Uma espécie de guilty pleasure.

Com apoio da bancada evangélica, Rosa tem potencial para conseguir algo além da irrelevância, mas parece se contentar com os restos eleitorais de João Paulo Kleinübing – verdadeiro protagonista – que não se decide entre ser ou não ser candidato a prefeito.

Por isso, e considerando sua enorme votação, Marcos da Rosa foi o pior vereador de 2019.

Oldemar Becker (DEM)

Becker é engraçado. Não de uma forma ruim. Era um senhorzinho perdido e muito confuso em 2013, mas nunca foi burro. Sete anos se passaram e ele aprendeu. O novato que prometeu a uma plateia hostil que as tarifas de ônibus não aumentariam durante a primeira sessão de seu primeiro mandato tornou-se um vereador com projetos muito bons e uma articulação razoável.

Ele foi o autor do projeto de uma farmácia veterinária que colete medicamentos doados para ajudar tutores em condição de vulnerabilidade financeira e teve a inclusiva ideia de reservar 15% das vagas de estágio da Câmara para portadores de deficiência física.

Ele sugeriu cardápios em braile nos restaurantes, mapa tátil na Vila Germânica e a adaptação de brinquedos para crianças cadeirantes nos parques da cidade. Uma de suas estagiárias, inclusive, tem necessidades físicas especiais. O que significa que ele pratica aquilo que professa. Becker se engajou na causa e com isso, além de ajudar muitas pessoas, tem angariado grande simpatia de novos eleitores.

Sylvio Zimmermann (PSDB)

Um dos poucos tucanos realmente competentes em Blumenau, Sylvio é o único de sua legenda que traz orgulho à Câmara.

É inegável falar de sua boa cultura e companhia agradável. Esses dois elementos, inclusive, levaram vários candidatos sem personalidade a imitá-lo nas últimas eleições municipais. Mas isso dá certo com ele porque ele é, de fato, assim. E com essa mesma dedicação e seriedade, ele tem sido um dos melhores vereadores dessa legislatura.

Sempre atualizado, ele representa a tradicional sociedade blumenauense que aos poucos começa a diminuir e ameaça sair dos holofotes. Mas não no que depender dele. Engajado na disseminação da língua alemã, ele foi coautor da Lei que proíbe barulho à noite e tem um sólido trabalho na área da Segurança: solicitou novos agentes da Polícia Civil e também uma delegacia da Polícia Federal em Blumenau. E vamos convir: já está na hora de termos uma.

Economicamente liberal, Zimmermann defende a necessária privatização dos nossos (horríveis) terminais de ônibus e a concessão da BR-470, além de sugerir a criação de um parque linear no Garcia e a facilitação na emissão de alvarás para produtores rurais.

Desde que assumiu a vereança, Sylvio nunca decepcionou, sendo sempre coerente, coeso e melhorando sua postura (e ações) legislativa a cada ano que se passa.

Zeca Bombeiro (SD)

Sabe aquele meme – “a vontade de rir é grande, mas a de chorar é maior ainda”? No caso do Zeca a vontade é só de rir. Mesmo. Terror do setor de camas das lojas de departamento, ele suscita em muita gente a pergunta: como é que ainda tem gente que vota nele? São mistérios. Mistérios misteriosos.

Do ano passado para esse Zeca até melhorou.

Ele propôs a medição da quantidade exata de agrotóxicos presentes nos reservatórios da Estações de Tratamento de Água (ETA) e a proibição do uso de cerol nas pipas. Esta última pode até parecer inútil, mas muitos acidentes – e até mortes – são causados pelo cerol.

Outro projeto dele é facilitar a entrega de resíduos que saem das casas de repouso em direção aos Postos de Saúde para o descarte adequado, evitando que os ancionatos tenham que pagar uma taxa para isso. Essa proposta até seria boa se não fosse por um fato: a esposa dele trabalha em um... então... bem... o ‘benefício’ fica mais ‘em família’ do que na comunidade.

Se não fosse por isso, esse ano o nome dele teria ficado verdinho. Mas, como seus projetos em 2019 foram consideravelmente bons, vamos deixar amarelo. Quem sabe ano que vem...


>> SOBRE O AUTOR

Ricardo Latorre

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