Governador é flagrado em festa junina acompanhado de hipocrisia

Governador é flagrado em festa junina acompanhado de hipocrisia
Foto: Divulgação

Tuesday, 09 June 2020

Sem máscara e cuspindo no isolamento social que ele mesmo impôs, ele mostra claramente que a lei quase nunca é obedecida por aqueles que as fazem.

Carlos Moisés (PSL) é um governador impopular. Muito impopular. Caiu de pára-quedas no governo do estado e desde então tem mostrado não saber o que fazer com o cargo. Do ponto de vista técnico tem exibido ser incapaz de tomar decisões minimamente coerentes. Já politicamente, tem sido visto com traidor do presidente que o elegeu. E até do ponto de vista legal ele está em apuros depois dos escândalos de corrupção abjetos nos quais seu governo se envolveu em plena pandemia da Covid-19.

Mas, aparentemente, todos esses problemas não o afetam e ele buscava por mais.

No último sábado (06/06) ele foi flagrado numa festa junina no Fazzenda Park Hotel, em Gaspar. Lembrando que festas, eventos, shows e apresentações públicas estão proibidas, por ele mesmo, em todo território catarinense até 5 de julho. Mas ele se importa? Claro que não. É isolamento para vocês, ‘arraiá’ para ele. E sem máscara.

Ele e toda a sua hipocrisia foram flagrados na aglomeração do evento do hotel que, de acordo com portaria da Secretaria Estadual de Saúde, deveria manter suas áreas sociais fechadas.

A Secretaria de Comunicação confirmou que ele estava no hotel, mas afirmou que ele jantava quando um hóspede que tocava música anunciou que ele estava lá e, por conta disso, teria atendido as pessoas. No vídeo ele aparece sem máscara conversando a menos de 1,5 metro com um senhor que usava uma máscara. Aparentemente, na quarentena, as máscaras caem enquanto todos precisamos usá-las.

O hotel vai ser investigado pela Polícia Civil de Gaspar por descumprimento do decreto de isolamento social.

Os policiais devem pedir as imagens dos circuitos internos das câmeras de segurança na íntegra para responsabilizar legalmente as pessoas que descumpriram as regras de segurança sanitária. Isso, claro, se a investigação não for ‘magicamente’ abafada... por milagre.

Com essa situação insólita, Moisés mostra uma hipocrisia sem tamanho. O homem que deveria dar o exemplo a todo o estado, apenas serve como modelo de postura a não se seguir. Aquartelado e escondido desde que começaram a surgir os casos dos respiradores que podem culminar em seu impeachment, o governador demonstra desonrar as leis que ele mesmo cria (inclusive as que contrariam a vontade do presidente da República que ele usou para se eleger) e desdenhar a possível cassação de seu mandato.

Se ‘ordens superiores’ não interromperem as investigações no Fazzenda Park Hotel, o local pode (com razão) sofrer punições e as pessoas no evento também. Porém, sejamos realistas: é muito improvável que Moisés seja penalizado. Porque são dois pesos e duas medidas. Afinal, todos somos ‘gente como a gente’, porém o governador (que é nosso funcionário) é mais ‘gente’ do que a gente.

Entendendo que uma reeleição seria quase impossível, ele age de forma autodestrutiva sem perceber (ou se importar com) o fato de que isso vai depor contra os candidatos a prefeitos que contam com ele como cabo eleitoral. Alguns que até semanas atrás estavam dependurados nos seus testículos (metaforicamente, claro).

Se esse Moisés abrisse o mar seria apenas para se afogar no meio dele, infelizmente. Porque conforme Santa Catarina serve de exemplo para o país durante essa terrível pandemia, nosso governador aparenta se esforçar para mostrar que nossa reputação também merece estar na lama.


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Ricardo Latorre

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