Análise dos vereadores desde 2017 até aqui

Análise dos vereadores desde 2017 até aqui
Foto: Divulgação

Saturday, 29 August 2020

Ano de eleição é momento de ouvir muitos deles pedirem mais votos. E o BLUMENEWS então resolveu, como faz tradicionalmente, dar sua opinião pessoal sobre cada um deles.

Em poucos dias começam as convenções partidárias e em menos de um mês saberemos quem serão, oficialmente, os candidatos a vereador e a prefeito. Enquanto isso o que temos são 15 parlamentares em Blumenau dos quais a maioria tentará a reeleição.

Tradicionalmente no final de cada ano fazemos uma avaliação de como foi a legislatura deles nos doze meses que se passaram. Hoje, no entanto, faremos diferente: vamos analisar como foi todo o mandato dos representantes da nossa Câmara e você vai tirar suas próprias conclusões.

Fique à vontade para concordar ou discordar. Até porque, uma Democracia é feita disso. Deixando claro que é um texto opinativo com várias experiências e impressões pessoais.

Adriano Pereira
 (PT)

Único representante petista na Câmara, Pereira tem o bom senso de se afastar da ala ideológica da sigla e focar no trabalho nas comunidades. Seu desempenho é muito bom, superando seu primeiro mandato.

Entretanto, por representar um dos partidos mais impopulares da cidade, sua eleição não será fácil. Se o PT lançar um candidato a prefeito (e é quase certo que lance) a base do partido – que é forte e conta com apoio de pessoas de todos os lugares imagináveis – deve garantir uma vaga na Câmara. Mas apenas uma. E essa vaga, quase com certeza, já é de Adriano.

Desempenho nos quatro anos: bom.

Alexandre Caminha
 (Solidariedade)

Um prodígio à frente do Procon, Caminha era uma grande promessa quando se elegeu vereador. Vinha de algumas tentativas sem êxito e deixou praticamente todos felizes ao conseguir a vaga. Uma pessoa acessível, com um grande coração e excelente carisma, ele angariou muita torcida – e apoio – para os seus projetos.

No entanto não demonstrou a vocação necessária para o Legislativo, decepcionando uma parcela significativa do seu eleitorado.

Seu desempenho não começou bom e decaiu nos quatro anos que se seguiram. Vereador de primeira viagem, Caminha parece não ter pegado o ritmo da vereança e, por vezes, soou como se estivesse perdido, mesmo com alguns projetos relevantes. Para alguém novo na casa, chegou com um discurso datado e posturas políticas diferentes do que se esperava.

No Executivo, é um profissional competente, arrojado e já orgulhou muito o nome da cidade quando o assunto era Direito do Consumidor, mas enquanto vereador não manteve o aproveitamento e, por isso, foi se isolando cada vez mais do jogo político.

Dificilmente se reelegerá, mas esperamos que o próximo prefeito saiba reconhecer o seu incomparável talento na defesa do consumidor e o coloque em um local onde ele saiba trabalhar.

Desempenho nos quatro anos: fraco.

Alexandre Matias
 (PSDB)

Apesar de ser um grande apreciador de churrascos, não tenho muita vontade de falar sobre ele. O típico exemplo do parlamentar que faz barulho e... só isso. Sem resultados e sem projetos realmente relevantes para a cidade.

Já almejou posições dentro da Câmara às quais deveria se declarar, inclusive, impedido, demonstrando total falta de respeito pela moral pública.

Não é nova política. Não é velha política. É uma política estranha, pouco funcional e que soa como se os privilégios da posição independessem de suas obrigações. Não diferente de boa parte do PSDB. É uma dessas pessoas que está lá e ninguém sabe o porquê ou o que faz.

Conseguiu se eleger, em 2016, porque teve apoio de seu pai, então presidente do Samae. Hoje, com uma base muito menor e num cenário político instável com players muito mais preparados do que ele (enquanto se mantém filiado a um partido em desidratação), vai encontrar dificuldades enormes para se reeleger. A não ser, claro, que o PSDB decida apoiar sua candidatura ignorando as demais. Prática, aliás, não incomum à sigla.

Depondo contra si, ainda, tem o número crescente de veganos e vegetarianos.

Desempenho nos quatro anos: fraco.

Almir Vieira
 (PP)

Almir é um vereador dos bairros. Forte nas comunidades. Absolvido de qualquer peso que recaía sobre si, ele seguiu o mandato sempre presente entre seus eleitores e com projetos cuja relevância comunitária costuma ser notável.

Não é um parlamentar erudito, mas sim alguém com perfil executivo. Sempre esteve acessível aos seus eleitores e nunca deixou de atender, na medida do possível, as demandas que lhe vieram.

Conforme o cenário político guinou – com a decepção geral da dita ‘nova política’ – parlamentares mais tradicionais voltaram a ganhar destaque, pois geralmente se diferenciam por cumprir seus deveres com aqueles que os elegeram. E Almir é um homem que, de acordo com as pessoas que lhe depositaram voto, sempre foi honrou aquilo que se esperava dele.

Deve fazer uma boa votação e com certeza está com sua cadeira reconquistada na Câmara. Possivelmente seja o único nome do PP na legislatura 2021-2025.

Desempenho nos quatro anos: muito bom.

Bruno Cunha
(Cidadania)

Bruno é um fenômeno. Entrou com uma votação absolutamente expressiva e conquistou pessoas que ainda não eram seus eleitores. Moralmente, é possível dizer que ele foi o vereador mais votado de 2016 porque o único parlamentar que esteve à sua frente precisou usar o nome de Jesus para isso. E é muito improvável que Jesus tenha autorizado tal ato.

Com uma equipe técnica altamente qualificada em seu gabinete apresentando Projetos de Lei constitucionais e úteis para a sociedade, Bruno se tornou uma voz ativa e fundamental na luta pelo direito dos animais e na humanização da coisa pública.

Certamente ele honrou cada um dos milhares de votos que teve e deverá ultrapassar bastante a votação avassaladora da eleição passada. Em uma cidade menor, faria legenda.

“Mas você é amigo do Bruno”, diria qualquer bom idiota. Sim. E isso não me impediu de criticá-lo quando julguei criticável. Muito menos de elogiar um mandato que a cada ano que passa fica mais sóbrio, sólido, lúcido, maduro e necessário.

Bruno é um fenômeno e uma realidade. Gostando ou não, ele está aí e a tendência natural é que cresça cada vez mais. Uma Câmara Municipal que tivesse dois ‘brunos’ já seria extremante produtiva, mesmo que tivesse treze ‘zecas bombeiro’.

Desempenho nos quatro anos: muito bom.

Cezar Cim
(PDT)

Cezar Cim é um jurista. E um sujeito muito nobre. Inteligente e respeitado, ele tem um currículo excelente e traz consigo muitos elogios de pessoas a quem auxiliou em suas demandas.

Seu mandato é bom. Poderia ser melhor se ele se atualizasse. Mas não é demérito algum. O homem é estável e consciente de suas ações. Tem um eleitorado fiel, mas isso não significa que será uma eleição fácil. Seu partido – o PDT – mesma agremiação de uma das figuras mais asquerosas e deploráveis da política nacional, Ciro Gomes, age como âncora.

Possivelmente não conseguirá garantir uma cadeira para si, mas é perfeitamente possível que conquiste uma suplência. E, assim como fez nesse mandato com a saída de Ricardo Alba (PSL), uma suplência pode vir a lhe garantir uma cadeira mais para frente. Isso, claro, caso concorra a uma vaga.

Desempenho nos quatro anos: bom.

Gilson de Souza
(Patriota)

Possivelmente o político blumenauense que mais cresceu nos últimos quatro anos (sem precisar se pendurar no saco de nenhum candidato a presidência para isso), Gilson é assertivo. Tem uma visão pragmática das coisas e projetos práticos. Nos últimos quatro anos dividiu constantemente o pódio de melhor vereador com Bruno Cunha.

Ele é chato. Mas um tipo bom de “chato”. Não “chato” do tipo “inconveniente”. “Chato” do tipo “rigoroso”. E isso é uma característica excelente para um político. A prova de que está no caminho certo é a própria história da sua vida profissional: o homem é um professor de matemática exigente e ainda assim os alunos o adoram. Mostra muito sobre sua competência e caráter.

Com projetos extremamente bem elaborados e uma popularidade orgânica que só cresce, ele poderia tranquilamente ser vice-prefeito de algum candidato. Caso não seja, sua vaga está mais do que garantida e mais quatro anos de bons trabalhos serão prestados a Blumenau.

Desempenho nos quatro anos: muito bom.

Ito de Souza
(PL)

Não consigo mais desassociar o Ito do ‘Fred Flintstone’. Posso imaginar com clareza ele entrando no gabinete e gritando: “Vilmaaaaaa”. Ou ficando bravo com o vereador Becker e balbuciando “ora bolas, nanico”. O sujeito é um folclore para o Legislativo Municipal.

Nos últimos quatro anos ele tem sido um vereador de bairro. Faz barulho na tribuna, apresenta vez ou outra um projeto razoável, mas não mais do que isso. Contudo é na parte da fiscalização que está o seu forte. Ele denuncia propina, combate a dita ‘máfia dos fiscais’ e luta por aquilo que entende ser fundamental para a sociedade. O que é bom. É parte do seu trabalho.

Em 2016 ele quase não entrou, fazendo pouco mais de 2,2 mil votos. É possível que não entre esse ano. Mas, caso entre, será bom vê-lo assustando maus fiscais por mais quatro anos. Yabba Dabba Doo!

Desempenho nos quatro anos: médio. 

Jens Mantau
 (PSDB)

Jens Mantau é um patrimônio. Dizem que foi padrinho de batismo do avô do Doutor Blumenau. Que maldade. Há quase três décadas o que ele faz da vida é ser vereador. Mais um pouco e poderia se aposentar na área. Isso se a vereança fosse uma profissão.

O tempo está passando e a senescência celular está diminuindo o seu eleitorado. Outrora muito forte nas comunidades pseudo-germânicas e nos clubes de caça e tiro, ele sabe que sua relevância está diminuindo a cada ano que passa. E não ter sequer um projeto realmente útil ou importante não ajuda em nada. Nenhum programa de rádio pode mudar isso. Nem os “antigos espíritos do mal” podem auxiliar (citação livre aos ‘Thundercats’).

Por isso ele disse diversas vezes que não concorreria a reeleição. Almeja, talvez, uma tentativa como vice. Com baixíssima chance. Ou emplacar um parente. Com um cartel (gíria do MMA) de 3,2 mil votos, não seria impossível. Mas esse score é de eleitores do Jens, não de quem quer que ele indique.

Vale lembrar que em 2008 fez 3,6 mil votos. Em 2012, 3,5 mil. E em 2016, caiu para 3,2 mil. Não é um gráfico animador, mas seria o bastante para garantir a sua permanência na casa, caso desejasse continuar.

Desempenho nos quatro anos: fraco.

Jovino Cardoso
(Solidariedade)

Quem nunca ouviu falar? Jovino Cardoso é como o filme ‘Borat’: ou você ama, ou você odeia. "Eu gosta sexo", como diria Sacha Baron Cohen. O homem se enfia em polêmica atrás de polêmica e sempre consegue dar a volta por cima. Não importa o quão baixo vão para derrubá-lo.

E seu segredo é que raramente alguém que precisou dele vai criticá-lo por não ter cumprido a palavra. Ele sabe disso e por isso não se importa com seus críticos. Vai à tribuna, leva chapelão, cita ‘cuecão de couro’ e no final ele está sendo ele mesmo. O tiozão do churrasco. Porém um político que, de forma inteligente, se tornou amigo dos eleitores. E honra seus compromissos com eles.

Tem bons projetos? Raramente. Mas está próximo aos seus eleitores, ajudando-os a resolver seus problemas diários e fiscalizando o Executivo. Principalmente a dita ‘indústria da multa’.

Podem inventar boatos sobre ele, usar a família para afetá-lo e o que for, mas não vão diminuí-lo. A verdade é que o seu eleitor e ele são extremamente leais um ao outro. Naturalmente ele se reelege. Tão certo quando o fato de que, inexoravelmente, ele vai desviar todo o foco de sua atenção para o primeiro rabo de saia que passar.

Desempenho nos quatro anos: bom.

Marcelo Lanzarin
 (Podemos)

Médico por formação, Lanzarin é atual presidente da Câmara. É fortuito que durante um período tão incerto quanto é o de uma pandemia, um médico lidere o Legislativo.

Quando pequenos comerciantes indignados foram à Câmara gritar contra o fechamento do comércio, ele pacientemente explicou a necessidade daquilo e trouxe um respeitado profissional da área da Saúde. Mesmo em meio a um público hostil, se saiu muito bem.

É acessível e muito simpático, tirando um pouco do peso que sua atual posição parece impor. Sua popularidade tem crescido e assumir a cadeira de prefeito interinamente ajudou. Ele é constantemente sondado para o Executivo, onde já foi secretário de Saúde na gestão JPK, e isso mostra que sua força política tem aumentado. Ao contrário do que aconteceu com Marcos da Rosa e Vanderlei de Oliveira (PT) – que perderam relevância em suas presidências – Lanzarin seguiu o caminho de Jovino e Mário Hildebrandt, crescendo. E sabemos que os dois supracitados acabaram se tornando vice-prefeitos. Um deles, inclusive, sendo o atual prefeito.

Com mais de 3 mil votos na última eleição, ele possivelmente ultrapassa a marca nessa, caso se candidate a vereador. Então é razoavelmente seguro afirmar que ele deve manter sua cadeira, se quiser

Desempenho nos quatro anos: bom.

Marcos da Rosa
(Democratas)

Rosa não é um bom exemplo de agente público. Não por falta de projetos: ele teve uns bons. Mas pelo caráter que demonstra. E é muito triste dizer isso.

Todos sabem que ele foi chefe de gabinete de Jovino Cardoso a quem, dizem que após apunhalar, se tornou praticamente inimigo. Chegou de Laguna com nada além de um passado, aceitou que lhe estendessem a mão e, quando pôde, a mordeu. É uma história bastante conhecida por qualquer um que percorra os corredores da Câmara.

Quando presidente da casa, não teve uma má gestão. Mas ao ser acusado de comprar uma medalha, agiu como uma adolescente xiliquenta (e a xiliquenta nele é uma neurastênica desesperada) e afirmou que ele não deveria ser o foco, tentando empurrar a situação para o prefeito. Nossa Senhora dos Prints viu e ficou muito triste. Prefeito, aliás, de quem se fazia de amigo.

Poderia ter terminado nisso. Mas não com Rosa. Rosinha é vingativo.

Uma manhã, enquanto eu estava na prefeitura, me chamaram e disseram que o secretário de Comunicação “estava me esperando”. Achei curioso. Não tinha marcado nada com ele. Entrei na sala e estavam ele e Rosa. O secretário, visivelmente constrangido. Afinal, o vereador foi lá chorar para ele. Perceba: foi chorar justamente para quem decide para quais veículos de comunicação vão as verbas de anúncios. Isso colocou o secretário em uma situação desagradável e explicitou o caráter de Rosa. Abrem-se as cortinas, caem as máscaras.

Até aquela manhã eu não sabia se acreditava que ele seria capaz de trair Jovino Cardoso da forma como tantas pessoas contam. Afinal, o homem é  cristão e se porta como alguém honrado. Mas lá estava Rosa... o pequeno Rosinha... apelando para pressão financeira (e política) no intuito de calar ou intimidar quem discorda. Como se ele intimidasse alguém.

Com as bochechas rosadas ele ficou todo nervosinho quando ouviu que seu discurso era “canalha”. Fez até biquinho de raiva para dizer “você não sabe do que eu sou capaz”. É impagável a cena do biquinho, que foi gravada e não será exibida aqui em respeito ao direito de imagem do nem tão nobre edil. Sim: porque Rosinha foi 'inocente' o bastante para ameaçar uma pessoa com uma câmera ligada pendurada no pescoço. Se eu morrer, já sabem... hahaha.

De todas as figuras públicas com as quais já discordamos, Marcos da Rosa foi a que desceu mais baixo. Não se importou em tentar usar o prefeito para tirar o foco de si (enquanto pedia favores à prefeitura, como todo o vereador, o que é compreensível) ou em constranger um secretário bem intencionado querendo apenas apaziguar os ânimos.

Nesse caso podemos dizer que o problema com Rosa não é nem político. É moral. Um sujeito que faz as coisas citadas acima enquanto se esconde atrás de um comportamento pouco crível de ‘bom moço religioso’ deveria ser escorraçado da vida pública. Minha opinião, que fique claro. O game político não precisa desse tipo de ação vil e é essa espécie de comportamento que as pessoas, cada vez mais, querem longe da vida pública. Mas ele não enxerga isso. Pessoas como ele vêem maldade em tudo, exceto em si.

Infelizmente, escrevemos muito mais sobre ele do que era a intenção. Mas o eleitor precisa saber como são os políticos quando acham que não tem ninguém olhando.

Desempenho nos quatro anos: péssimo.

Oldemar Becker
(Democratas)

Lembro da primeira sessão da qual o Becker participou, em 2013. Cheia de gente. Pessoas hostis reclamando do aumento na passagem de ônibus. A Câmara ainda ficava lá no prédio da prefeitura. Becker foi à tribuna e, sem experiência, garantiu que o problema seria resolvido. A multidão berrou, ele se assustou e o ex-vereador Jefferson Forest (PT) disse: “vão te pegar lá fora”.

No começo Becker parecia não ter a mínima idéia do que estava fazendo lá. Mas pegou uma boa equipe em seu gabinete. Aprendeu com eles. Os anos passaram e ele evoluiu. Talvez pegue no sono em algumas sessões, de vez em quando, mas tem ótimos projetos. E, em geral, é um bom vereador.

Muito acessível, simpático e carismático, ele tem um carinho grande por pessoas com necessidades especiais. Alguns de seus mais louváveis projetos são justamente nessa área. Em sua primeira eleição, com pouco menos de 2 mil votos, quase não entrou. Na segunda fez pouco mais de 3 mil. Esse ano, ao que tudo indica, passa essa marca e garante mais uma vez uma cadeira.

Desempenho nos quatro anos: bom.

Sylvio Zimmermann
(PSDB)

Sylvio é um homem culto. Poliglota, calígrafo e apreciador de boas coisas como Música e História. Guarda um carinho enorme por Blumenau e pelas tradições do povo da cidade. Vem de uma linhagem de gestores blumenauenses e se preparou para isso.

A frente da Fundação Cultural fez um excelente trabalho. Administrou algo muito mais difícil do que a Cultura: o ego dos artistas. E soube lidar muito bem com esse desafio.

Ao entrar na Câmara trouxe bons projetos e executou excelentes ações. No começo. Com o passar do tempo, Sylvio pareceu perder um pouco o entusiasmo. Sua presença passou a ser menos emblemática do que costumava ser. E, assim, ele foi esvaindo o seu peso político.

Continua sendo uma pessoa agradabilíssima, com excelentes gostos e uma companhia excepcional, mas parece ter perdido o gás que lhe impulsionava no Legislativo. Não há certeza de que ele se candidatará novamente – muito se especula sobre ele não tentar uma reeleição – mas mesmo que tente, será difícil. Ainda assim, pelo grande caráter e bagagem, torço por ele.

Desempenho nos quatro anos: médio.

Zeca Bombeiro
(Solidariedade)

O Zeca Bombeiro é engraçado. Não de uma forma boa. Já assistiu ‘Bingo, o Rei das Manhãs’?. Seria isso se o protagonista fosse feito pelo Wandeko Pipoca ao invés do Vladimir Brichta. Algo meio tragicômico. Acho que os jovens de hoje chamariam de ‘cringe’. Impossível descrever sem ficar sem nexo ou abstrato.

Reiteradas vezes criticamos o Zeca. Mas, e se ele não for ruim? Ele se ele for um ‘mal necessário’? E se o Gato de Schrödinger não estiver nem vivo e nem morto? Nem na caixa? Ou sequer seja um gato? O Zeca é um assim: paradoxal. Ele faz pouquíssima coisa útil na Câmara, mas também não faz nada de mal. Ele é como um evento aleatório acontecendo numa simulação Kobayashi Maru que só tende a piorar, mas, ainda assim, não passa de uma simulação. É tão surreal que torna sua análise esse texto abstrato e absurdo.

Parlapatão? É. Mas é como se a gente tivesse aprendido a quase gostar dele. Ele é atrapalhado, tem pouquíssima cultura, fala engraçado, tem um ‘quê’ de Mazzaropi, não acrescenta absolutamente nada de útil à comunidade e provavelmente colocaria o sousplat em cima do prato de sopa, mas tem certo carisma. É como uma música ruim que tocou tanto tempo no rádio que já não incomoda mais. Ou como aquele tio em estado vegetativo que você nem lembra o nome, mas que vai chorar se souber que morreu. É meio estranho escrever isso, mas ele não me incomoda mais. Ele já é parte do cenário. Como uma pedra.

Provavelmente é porque já passou coisa muito pior pela Câmara. Ou porque eu bati a cabeça no carro quando fui entrar hoje. Mas talvez o Zeca seja como aqueles pratos de escondidinho de rodoviárias paulistanas: no fundo... bem no fundo... tem algo bom. "Jubileu está estranho", diriam.

E se pararmos para pensar, em 2008 ele fez 3,2 mil votos. Em 2012, 4,5 mil. E em 2016, 3,7 mil. Significa que em algum momento alguém gostou do que ele faz. Mistérios.

Desempenho nos quatro anos: péssimo.

Claro que é fundamental dizermos que essa é a nossa avaliação sobre os 15 vereadores, mas sem levar em consideração os outros candidatos que virão. Disclaimer fundamental.

Em 2018, por exemplo, candidatos tidos como apostas certas passaram longe dos cargos que almejavam enquanto outros, até então quase desconhecidos, fizeram votações fantásticas. São os casos, respectivamente, de Ana Paula Lima (PT) e Ruy Godinho (PSL). Então, pelo menos até serem oficializadas todas as candidaturas, seria leviano tentar imaginar quais dos candidatos que correrão por fora têm reais chances de conseguir uma vaga na Câmara.

Mas, dos 15, essas são as nossas impressões. Impressões pessoais, portanto, parciais.


>> SOBRE O AUTOR

Ricardo Latorre

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