Pontos fortes e fracos dos principais prefeituráveis
Foto: DivulgaçãoWednesday, 09 September 2020
Daqueles que têm alguma chance eleitoral, qual são os pontos que depõem contra e a favor?
Falta pouco mais de um mês para a votação do primeiro turno das eleições municipais e a situação continua indefinida. Mas, possivelmente, os principais candidatos já são conhecidos.
Nas últimas décadas Blumenau teve bons prefeitos, com exceção de Napoleão Bernardes. Alguns, melhores que outros. O pleito desse ano vai contar com três pessoas que, direta ou indiretamente, representam o Executivo Municipal: o atual prefeito, um ex-prefeito e uma ex-primeira-dama.
Com a finalidade de tornar o texto um pouco mais enxuto, vamos eliminar aqueles cuja chance de vitória é quase nula: Débora Arenhart (Cidadania), Georgia Faust (PSOL), João Natel (PDT), Mário Kato (PCdoB) e Wanderlei Laureth (Avante). Sobram Ana Paula Lima (PT), Ivan Naatz (PL), Jairo Santos (PRTB), João Paulo Kleinübing (DEM), Mário Hildebrandt (Podemos), Odair Tramontin (Novo) e Ricardo Alba (PSL). Nem todos, com as candidaturas já oficializadas.
Vamos tratar deles em ordem alfabética.
Ana Paula Lima (PT)
Esposa do ex-prefeito e ex-deputado federal Décio Lima, Ana Paula foi deputada estadual por um bom tempo e por muito pouco não garantiu sua vaga na Câmara Federal em 2018.
Seu partido vem sofrendo uma violenta desidratação nos últimos anos por conta de dezenas de escândalos de corrupção e ingerência administrativa, como a que levou ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Em Blumenau a sigla tem baixíssima adesão e por muito tempo especulou-se que poderiam não fazer sequer um vereador.
No entanto, assim como em um time de futebol, o PT tem seguidores fiéis e conta com o apoio de pessoas das mais inesperadas partes. Além disso, a administração de Décio agradou muitas pessoas, que o colocam no hall de ‘melhores prefeitos’ da história da cidade.
Certamente o Partido dos Trabalhadores fará uma vaga na Câmara. Provavelmente, Adriano Pereira. Porém é quase impossível esperar que elejam um prefeito. Pelo menos, em Blumenau.
Ivan Naatz (PL)
Naatz é folclórico. E não por conta da sua similaridade física com um famoso personagem da ‘Praça É Nossa’. Ele faz barulho, se enfia em polêmicas absolutamente desnecessárias, compra brigas que não pode vencer, sempre se candidata e não é exatamente um exemplo a ser levado a sério.
Sua candidatura ainda não é certa. Ele se porta como se fosse, mas ainda depende de uma série de outros fatores alheios ao seu controle (ou ego).
Naatz poderia ter sido uma figura pública de respeito. Começou com essa premissa. Vendia a imagem de baluarte da moralidade, mas acabou tropeçando em seu próprio discurso. Achou que era bonito ser feio e, portanto, não fez bonito. Contudo, ainda conta com alguns apoiadores e, só por isso, não está na lista de “eliminados”. Mas sua vitória é quase nula. Na verdade ele está tão longe de ser prefeito que sequer a sua candidatura é uma certeza.
Jairo Santos (PRTB)
Ex-diretor do Presídio Municipal de Blumenau (o único que não foi preso) e ex-gestor da Praça do Cidadão, Santos foi uma das pouquíssimas escolhas coerentes de Napoleão, quando prefeito. Escolha, aliás, a qual Bernardes foi desleal (o ex-prefeito está se tornando famoso por não honrar as alianças que faz).
Santos não é tão conhecido quanto os outros candidatos e, por isso, quase entrou na lista de “eliminados”. Mas ele tem uma carta na manga: o apoio do general Hamilton Mourão, vice-presidente do Brasil.
Blumenau é uma cidade bolsonarista. Muito bolsonarista. Por isso metade dos candidatos afirma ter apoio de Bolsonaro. E mentem. O próprio Bolsonaro disse que não apoiaria ninguém no primeiro turno. O que significa que quem estiver com Mourão, estará com Bolsonaro em um segundo turno. E isso, nessa cidade, vale seu peso em ouro.
A prova de que Santos tem potencial é a insistência que outros candidatos têm de espalhar aos quatro ventos: “Jairo Santos vai ser meu vice”. Não vai. Se fosse um candidato inexpressivo, não seria o pivô de mais uma desinformação política.
Significa que ele está entre os favoritos? Nem de longe. Há pelo menos três grandes nomes que estão muito a frente dele no quesito favoritismo. Mas para um candidato à prefeito em sua estréia, contar com o apoio do vice-presidente da República e ser assediado por candidatos mais conhecidos já é um bom indício. Além do mais, ele e seu partido negaram o uso do absurdo Fundo Partidário.
João Paulo Kleinübing (DEM)
Quando o croupier estiver distribuindo as cartas, essa seria a aposta mais segura. A melhor mão.
Kleinübing foi prefeito. Por duas vezes. Fez o Parque Vila Germânica. Tirou a Oktoberfest da poça de lama na qual estava enfiada e devolveu o orgulho a nossa principal festividade. Até hoje é comemorado como um dos melhores prefeitos que a cidade já teve. Sua obra resistiu muito bem ao tempo e seu nome foi cotado para cargos cada vez maiores.
Seu vice, o empresário Ronaldo Baumgarten, é alguém extremamente bem relacionado e com excelente aprovação pela classe empresarial, a qual representou por muito tempo.
Pesaram contra si no passado as acusações da ‘Operação Tapete Negro’, deflagrada no final de seu mandato. Contudo, ele foi absolvido e seguiu sua jornada política como deputado federal, secretário de Estado e presidente do Badesc. Para os apostadores mais conservadores, seria a escolha ideal. A menos arriscada. Porém, nem por isso, a resposta óbvia. Mas se há um favorito, é ele.
Mário Hildebrandt (Podemos)
Atual prefeito, assumiu o cargo para que Napoleão tentasse espalhar sua incompetência por todo o estado. Desde então tem administrado a prefeitura de forma conscienciosa. Melhor do que seu antecessor, numa comparação desleal.
O segundo favorito, Hildebrandt tem ‘a máquina’ nas mãos. Isso, entre outras coisas, significa que ele tem a divulgação espontânea da mídia (o que não veio a calhar por conta da pandemia da Covid-19), uma estrutura respeitável e uma infinidade de candidatos a vereador pedindo voto para ele. Lutar contra a máquina é nadar contra a correnteza. É difícil, mas não impossível.
Mário não se destacou por obras faraônicas óbvias (com exceção da nova ponte do Centro), mas teve um mandato tampão. E vem cumprindo bem.
Contudo, na corrida eleitoral, vai ter que pedir votos para pessoas prejudicadas pela pandemia (que lhe atribuem culpas que, muitas vezes, sequer são dele), enfrentar Kleinübing (a quem, sinceramente, tem pouquíssima chance de superar) e competir com candidatos que correm por fora oferecendo algo novo. Pode vencer, mas não será fácil.
Odair Tramontin (Novo)
Em nível nacional, o Novo é um dos únicos partidos de grande projeção que tem se esforçado verdadeiramente para não desonrar os votos que lhe foram depositados.
Tramontin se tornou lendário no Ministério Público e traz consigo um número enorme de admiradores e pessoas que lhe são leais. Abreviadamente: “o Sérgio Moro de Blumenau”. Isso, por si só, basta para colocá-lo no páreo de ‘três favoritos á prefeitura’, junto com o atual prefeito e JPK.
Homem cuja trajetória é de uma honestidade admirável, incomodou pessoas desonradas dentro do seu próprio partido. O que mostra que está no caminho certo. Contudo, não é muito conhecido pela grande maioria dos eleitores, o que pode depor contra ele. Afinal, uma eleição não deixa de ser um concurso de popularidade feito com o dinheiro dos outros.
Falando em “dinheiro dos outros”, Odair Tramontin também não usou o malfadado Fundão Eleitoral.
Ricardo Alba (PSL)
Alba se tornou aquilo que vamos chamar de “velho novo político”. Usa redes sociais para fazer pequenas ações parecerem grandes, ataca os outros para tentar fingir-se melhor do que eles e não parece enxergar as limitações que ele mesmo tem. Acha que é um fenômeno. Não é.
Foi o deputado estadual mais votado de 2018 e tem o mérito de ter assumido o risco de colar sua imagem na do então candidato à Presidência Bolsonaro e de ter se cercado de pessoas que tinham ótimo controle sobre as redes sociais (o que não significa que todos a usem de forma honesta... alguns são capivaras... outros, linguarudos). Mas não é o bastante.
O êxito que teve ao se associar a Bolsonaro, não teve em sua relação com o governador Carlos Moisés, que está às vésperas de um impeachment e é reprovado pela maioria dos catarinenses. Essa estratégia ruim vai persegui-lo na campanha eleitoral desse ano, com certeza.
Alba poderia ser um bom candidato. Poderia. Isso se não visse as pessoas como meros números úteis, não colocasse seus interesses à frente de absolutamente qualquer coisa e seguisse o conceito de fairplay. Mas não é esse o caso. Cercar-se de bajuladores e números falsamente inflados quem criam uma bolha de falsa certeza. O que pode ser fatal.
Claro que ele pode virar o jogo e surpreender. Ele fez isso em 2018. Mas, no atual cenário, é improvável. Com os mesmos apoios pouco confiáveis que já fazem campanha para ele, sequer chega perto de fazer sombra nos três favoritos. Disputa votos com Jairo Santos (aquele que seus apoiadores mentiam dizendo que seria seu vice) e, em um ranking geral, deve disputar posição com Ana Paula Lima ou Ivan Naatz.
Claro que essas são pré-análises feitas consideravelmente antes de as campanhas sequer começarem e enquanto muitas candidaturas ainda não são oficiais. Tudo pode mudar. Mas nem tanto assim.