Emissoras de SP cancelam debate e ferem a Democracia

Emissoras de SP cancelam debate e ferem a Democracia
Foto: Divulgação

Wednesday, 07 October 2020

Com isso favorecem aqueles cujas estruturas questionáveis já estão prontas e minam as novas propostas. Mas não ignore isso: pode acontecer aqui, também.

Em ano de eleições municipais ninguém no Brasil pode – ou deve – se furtar a ver o que acontece com os candidatos de São Paulo. O que acontece com São Paulo, dita o que pode ressoar em todo o Brasil, afinal é a maior e mais importante cidade do país.

Ao contrário da capital – Brasília – cujos principais habitantes são pessoas absolutamente improdutivas sustentadas por nossos impostos, São Paulo é o coração financeiro e empresarial do país. Cria as empresas que vão gerar os lucros que amamentaram os parasitas. E, não raro, gera os movimentos que os derrubam (vide o impeachment da ex-presidente Dilma).

Entre os principais candidatos estão o atual prefeito, Bruno Covas, cujo amadorismo e co-dependência quase umbilical ao atual governador João Dória seriam de dar pena, se não prejudicassem a cidade da forma como prejudicam.

Além de Márcio França, que foi condenado por improbidade administrativa logo no seu primeiro mandato como prefeito do município de São Vicente no passado, Guilherme Boulos – um invasor de propriedade alheias que, em uma Democracia madura, estaria preso pelo número de problemas que já causou (e ainda assim é o favorito da imprensa paulista) e Celso Russomanno. Russomanno é o principal problema.

Muitas pessoas têm preconceito com quem trabalha em emissoras de televisão porque, alguns apresentadores, são tipinhos oportunistas ou que sofrem com a Síndrome da Pequena Autoridade. E este último é o caso de Russomanno. Apresentando um programa de quinta categoria na televisão, ele usa de forma imoral sua posição de deputado e as câmeras que lhe emprestam a relevância que ele pensa ser dele para coagir pequenos comerciantes numa espécie de ‘Procon na TV’. Curiosamente, a mesma coragem que demonstra com pequenos comerciantes de bairro, ele nunca demonstrou com grandes empresas que lesam milhões de pessoas todos os dias. Será que isso ocorre porque sua equipe é incapaz de dar uma rápida busca no ‘Reclame Aqui’ ou porque sua coragem, como tudo na televisão, é de faz-de-conta?

Aparentemente, coragem não é algo que, de fato, ele tem.

O homem de ideais políticos moralmente questionáveis que foi aliado de Maluf, Lula, Dória e Bolsonaro (apenas para citar quatro) mostrou que só rosna com quem é menor com ele: está fugindo do debate depois do péssimo desempenho que teve no evento da Band.

Sua emissora, a evangélica Record, assim como o SBT (que tem laços incestuosos com o governo federal) e a Globo decidiram não fazer mais debates entre os prefeituráveis de São Paulo alegando “ter muitos candidatos” e “risco de transmissão de Covid”.

E a verdade é que o stabelichment tem medo do que é novo. O candidato Arthur do Val (o youtuber MamãeFale), ao contrário dos outros, não tem recebido fundos partidários e sua campanha é voluntária. Ele foi o único, até hoje, com coragem para enfrentar o Primeiro Comando da Capital (PCC) e seu lema sempre foi “vamos questionar tudo”. Mas como ele vai poder questionar seus concorrentes (e ser questionado por eles) sem debates?

O fundo partidário garante a essas pessoas campanhas publicitárias milionárias capazes de fazer um pote com exame de fezes ser comprado como doce de leite de Minas. As enormes coligações entre partidos garante tempo de televisão para mentir, fazer promessas vazias e não responder de forma prática as dúvidas dos eleitores. Covas, Russomanno, França, Boulos, Hasselmann, Tatto e Silva se beneficiam disso. Do desconhecimento do eleitor. Não é à toa que não existem investimentos reais em métodos educacionais eficazes no Brasil: a ignorância... o desconhecimento... tornam as pessoas manipuláveis e induzíveis ao erro.

Claro que alguns desses edis podem dizer “mas eu não posso ir a nenhum debate porque as emissoras não farão temendo a covid”. E não podem ser via live, como essas mesmas emissoras têm feito muitos de seus programas desde o começo da pandemia? Ou a desculpa é outra? É fácil entrar em um mercado simples e humilhar uma atendente de caixa com argumentos, inclusive, questionáveis, como recentemente Russomanno fez.  Lá ele foi um rottweiler. Mas com Marcus Elias, dono da Laep Investiments, que deu milhões de prejuízos, ele não se importou. Com os Correios (estatal que lidera o ranking de piores empresas do ‘Reclame Aqui’) ele é um lulu da Pomerânia. E com Casas Bahia, Ponto Frio, Bartira e Extra da ViaVarejo (no ranking de mais reclamadas do Procon-SP), ele é uma chinchila. É fácil bater em quem não bate de volta. Mas eu posso estar errado e a melhor forma de provar isso é indo a um debate.

No corner direito Russomanno, que destrata trabalhadores pobres, mira forte em empresas pequenas (mesmo que a maioria esteja errada, assim como as grandes que ele ignora) e importuna a já super tarefada Polícia Militar de São Paulo por qualquer motivo. Sempre, claro, dando um vergonhoso carteiraço de ‘deputado da TV’ e protegido por sua equipe de cinegrafistas. Do outro lado, Arthur do Val, que se infiltrava em acampamentos de extrema-esquerda para confrontá-los, comprou briga com os absurdos defensores da crackolância e passou anos colocando a vida em risco em prol daquilo que acreditava.

A primeira experiência mostra que ao ser perguntado sobre algo direto (como Plano Diretor) Russomanno vai dar uma volta enorme (indo de botijões de gás à internet) para não responder. E o que você, eleitor, deve fazer quando ele não responder? Chamar o Procon? Só não chame a polícia, como ele faz: esses homens e mulheres sob a farda já tem muitos problemas reais (além dos fictícios criados por egos televisivos) para perder tempo com ladainha enquanto pessoas são mortas, assaltadas, roubadas, estupradas, etc.

Mas e Blumenau?

Não se engane. Como dito ali no começo do artigo, São Paulo dita as normas do país. Quem garante que nossas emissoras também não dirão: “bem... são 12 candidatos... tem a Covid-19... é melhor deixar o debate só para o segundo turno”? E aquelas pessoas que você gostaria de ouvir? E os grandes embates pelos quais você espera? E os memes? Meus Deus... os memes. Como ter um candidato-piada sério se ele não puder passar vergonha em debate ao vivo? São Paulo tem sorte... eles têm o Levy Fidélix (o homem, a piada)... mas e nós... qual candidato nos divertirá?

A verdade é que adiar os debates para o segundo turno serve apenas para que o dinheiro e o conchavo de gente que está aí desde sempre (e não deveria estar) garanta sua vaga para o segundo turno e você seja obrigado a, novamente, votar no menos pior.

E a essa altura do campeonato, pouca gente é tão alienada a ponto de querer outro Haddad x Bolsonaro.


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Ricardo Latorre

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