Quem são os candidatos a vereador que se destacam

Quem são os candidatos a vereador que se destacam
Foto: Rick Latorre

Wednesday, 04 November 2020

Entre as bases partidárias, dentro o fora da Câmara, que - EM NOSSA OPINIÂO - tem reais chances de conquistar uma cadeira no Legislativo.

Essas eleições estão sendo diferentes de qualquer outra que esse país já viu. Quem disser que estava preparado, vai mentir. Primeiro pela mudança no cenário pós-impeachment da ex-presidente Dilma, depois com a forma ‘barata’ de campanha que elegeu Jair Bolsonaro (aquele que começou como um fenômeno e, dia a dia, perde apoio) até os primeiros esboços de revolta contra um Sistema que existe apenas para se retroalimentar, gerando apenas miséria.

Como se isso não fosse o bastante, o mundo se torna refém do coronavírus. Velhas formas de pedir votos – como ir às casas dos eleitores, o dito ‘corpo a corpo’ – acabou. As redes sociais criam mais burocracias para garantir segurança, mas isso mina a campanha de candidatos que não dominam esse tipo de ferramenta. E o dinheiro... está vindo menos, por incrível que pareça.

O percentual de abstenções nas intenções das pessoas é, em alguns locais, recorde. As pesquisas, cada vez com menos credibilidade, se desencontram. Não precisamos ir longe: Blumenau tem quase 200 mil eleitores e uma pesquisa encomendada semanas atrás ouviu a ridícula amostragem de 600 pessoas... e pelo telefone. Não deve ser levado muito a sério.

Mas se está ruim para os candidatos a prefeito, os candidatos a vereador estão amargando um verdadeiro purgatório eleitoral. Reféns de partidos e coligações para poder iniciar suas ações, centenas de pessoas estão disputando 15 vagas na Câmara. Pessoas, muitas vezes, representando o mesmo interesse. É o caso da bancada evangélica. Será que não seria mais prudente concentrar o apoio em apenas um ou dois candidatos ao invés de fazer com que dezenas de pessoas sem a menor chance tirem votos de quem realmente poderia ganhar?

Os atuais vereadores têm mais chance, óbvio. Dos 15, apenas dois – Alexandre Caminha (Solidariedade) e Jens Mantau (PSDB) – não vão tentar a reeleição.

Dentre os candidatos do PSDB, a disputa entre os veteranos fica entre Sylvio Zimmermann e Alexandre Mathias. Zimmermann parece ter vantagem, pois tem popularidade crescente em seu nicho e fez mais de 3,7 mil votos em 2016. Já Mathias só chegou onde está porque teve um apoio que com o qual não conta mais, ainda assim fazendo 2,8 mil votos. Menos que Sylvio, apesar do lobby. Na ala tucana correm por fora o filho de Jens, Fernando Mantau, que vai tentar herdar os 3,2 mil votos do pai (que lutando por isso). Mas mesmo que absorvesse 100% do eleitorado de seu progenitor, ainda ficaria atrás de Sylvio. Também correm por foram Maurício Goll (que fez 2,3 mil votos em 2016) e Tati Lenzi, da Rede Feminina de Combate ao Câncer. Esses são os nomes mais fortes.

Na arena petista, que deve fazer apenas uma cadeira, o favorito é Adriano Pereira. Fez 3,4 mil votos em 2016 e indica continuar numa margem similar esse ano. No seu encalço está o suplente Lenilso da Silva (que fez 1,2 mil votos em 2016). Contudo, por mais simpático que seja, Lenilso representa uma ala ideológica de seu desgastado partido que o blumenauense repudia. Dessa forma, o mais provável é que Adriano se mantenha em seu lugar.

Representando o PP, que também deve garantir uma vaga, está Almir Vieira, que angariou 2,3 mil votos em 2016. Conhecido nos bairros e bem-quisto por pessoas que tiveram amplo suporte por parte dele quando precisaram, Almir deve ficar com a vaga. Mas seu colega de partido, Elson Schultz – famoso por presidir a AMPE – tem se esforçado e tentado passar Almir para trás. Schultz é estreante. Raramente obteria hesito nessa sua primeira tentativa.

Já entre os dois grandes fenômenos: Bruno Cunha (Cidadania) e Gilson de Souza (Patriota) a história é diferente.

Bruno fez quase 5 mil votos sem ter que apelar à fé alheia para isso, em 2016. Cresceu nos últimos anos e, portanto, a expectativa é que aumente a votação. Pode ser o mais votado de 2020. Contudo, está em um partido pequeno que precisa garantir legenda para que ele conquiste uma vaga na Câmara. Já Gilson, com 2,6 mil votos nas últimas eleições, é o vereador que mais cresceu desde 2016. Ele vai ter que enfrentar Beto Tribess (que fez mais votos que ele, mas em outro partido, naquele ano). Contudo o nome de Gilson inflou enquanto o de Beto, nem tanto. Apenas não devemos esquecer que Tribess não é ruim de voto e teve a Praça do Cidadão como plataforma. Ainda assim, Gilson parece levar a melhor. Nas fileiras do Patriota ainda estão Alcione Kleine (que ficou semi-conhecida falando mal de políticos no Facebook, sem grande relevância) e Cabo Venturelli, cuja presença nas redes sociais é crescente.

Na frente Liberal, Ito de Souza (2,2 mil votos em 2016) pode parecer o favorito, mas concorre com um correligionário que dá indícios de que pode passá-lo:  João Paulo Taumaturgo (2 mil votos em 2016). Nenhum deles será um fenômeno ou recorde de votos, mas Taumaturgo apresenta um crescimento constante desde 2016. Ito não. Ainda assim é válido dizer que Ito é um bom vereador. Taumaturgo tem potencial para ser. Mostrou nessas eleições ter aprendido com os erros das eleições passadas e se aprender a não se deixar influenciar por terceiros, pode fazer um trabalho muito bom. Difícil arriscar um palpite, mas o favorito parece Ito.

Nas fileiras do Solidariedade, a disputa principal fica entre Jovino Cardoso (3,5 mil votos em 2016 em meio a um escândalo do qual foi inocentado) e Zeca Bombeiro (3,7 mil votos). Ambos têm muitos críticos, mas Jovino tem mais apoiadores. Zeca perde credibilidade (e eleitores) a cada ano que passa, enquanto Jovino cria um séquito fiel de eleitores seja na igreja que freqüenta, seja nas comunidades que auxilia. O favorito nessa disputa é Jovino. Correndo por fora vem Ivo Dickmann, que tem um excelente histórico no Executivo e conta com o apoio do ex-vereador Alexandre Caminha, o que não significa muito uma vez que o próprio Caminha desistiu de concorrer.

O DEM tem seus favoritos. Entre eles estão Marcos da Rosa (de quem falaremos no parágrafo abaixo) e Oldemar Becker (que fez 3 mil votos em 2016). Por fora corre Cezar Campesatto. Na disputa entre Becker e Rosa, por incrível que pareça, Becker tem uma pequena chance de ultrapassar o vereador mais votado das duas últimas eleições. Mas como?

Em 2016, Rosa fez 5,5 mil votos. Em 2012, havia feito um pouco mais. Mas entenda: os votos dele não são exatamente dele. São quase uma consignação. Em parte vem de sua Igreja e em outra parte vem de contatos que havia feito quando ainda era chefe-de-gabinete de Jovino (que fez campanha para ele em 2012 e, portanto, a primeira votação recorde). Contudo, muito do apoio que ele conseguiu, perdeu com o tempo... seja de volta para Jovino ou para outras lideranças evangélicas. E a Igreja, esse ano, pode não apoiá-lo. O nome forte, pelo que comentam os evangélicos, é da pastora Silmara Silva Miguel. Muitos dos 5,5 mil votos que ele fez em 2016, devem vir para ela. Como criou pouca base fora das igrejas, sua disputa com Becker pode não ser tão desigual quanto parece. Um dos dois, inclusive, pode nem entrar.

Rosa teve duas campanhas praticamente dadas de presente a ele. Becker, por sua vez, se esforçou muito contra todas as probabilidades para chegar onde está. Se Rosa não tiver o mesmo apoio de antes, vai depender da própria determinação. Algo que Becker tem.

O PSL, do prefeiturável Ricardo Alba, tem como nome mais forte do de Carlos Wagner, o Alemão da Alumetal, que fez 2,8 mil votos em 2016. E é justo ver a chance de Wagner na Câmara. Seu trabalho no Vorstadt é exemplar. Outro que pode também entrar é Telmo Duarte Junior, filho de um homem que se tornou uma lenda no Executivo da cidade.

Como a campanha de Natel (PDT) não mostra força, não é certeza que seu partido conquiste uma vaga no Legislativo. Mas, se conquistar, deve ser de César Cim (2,3 mil votos em 2016).

Já o Podemos traz Cristiane Loureiro (934 em 2016) disputando vaga com João Beltrame ‘Tubarão’ (1,7 mil votos em 2016). No entanto, por mais que Beltrame tenha feito mais votos no passado, como presidente da Pró-Família, Cristiane ganhou muito mais plataforma, mídia e angariou muitos simpatizantes. É um nome com reais chances de eleição. Ainda assim, ambos terão que bater de frente com uma muralha: o atual presidente da Câmara, Marcelo Lanzarin, que teve 3,1 mil votos em 2016. Lanzarin é, sem sombra de dúvidas, o favorito.

O PSD conta com Eliomar Russi (2,3 mil votos em 2016), Ivanor Cabeleireiro (1,6 mil votos em 2016), o ex-delegado regional de Blumenau Rodrigo Marchetti e a supracitada pastora Silmara Silva Miguel. Russi fez menos votos em 2016 do que em 2012, o que é justificado pela sua criticada passagem em órgãos públicos como o CEPREAD (que teve até abaixo-assinado para tirá-lo da direção) e Ivanor viralizou num vídeo onde aparentemente agride um idoso. Não se sabe a data ou a legitimidade, mas o dano político foi feito. Em contrapartida, Marchetti (um dos responsáveis pelo sucesso dos tempos áureos de Fábio Fiedler) vem com tudo em sua campanha e, junto com Silmara (como já explicamos), podem esmagar o que estiver a caminho. Se fizer duas cadeiras, devem ficar com a pastora e o ex-delegado, na minha opinião.

O MDB traz Álvaro Pinheiro (1,4 mil votos em 2016) e Daniel Hostin (1,3 mil votos em 2016). Republicanos indica o ex-secretário do Desporto, Egídio Beckhauser.  Nenhum nome de muito peso.

Claro que não podemos esquecer que na política as coisas mudam rápido. Rui Godinho é um exemplo disso. Teve pouquíssimos votos na eleição municipal de 2016 e, em 2018, quase se elegeu deputado estadual com 56,7 mil votos, durante a dita ‘Onda Bolsonaro’.

Dos partidos dos candidatos a prefeito, Cidadania e PSL têm 22 candidatos a vereador cada; Podemos tem 21; DEM e PT têm 19; PL tem 18; PCdoB e PDT têm 15 cada; Novo tem 14; PSOL tem quatro; PRTB tem dois; e Avante não tem candidatos a vereador.

Esse texto é um mero exercício de criatividade para tentar imaginar, no atual cenário que temos, quem poderia lograr êxito na corrida por uma das 15 cadeiras do Legislativo Municipal.

Boa sorte a todos os candidatos. Bem. Nem todos. Boa sorte a todos os candidatos que não traficarem drogas (a moça do PL foi expulsa, então, acho que era só ela) e menos ainda àqueles canalhas de péssimo caráter que estão plagiando descaradamente uma campanha passada de um dos vereadores mais votados dessa cidade.

Aos demais 355: boa sorte. E que vençam os melhores... para a cidade.


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Ricardo Latorre

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